Este acontecimento teve inicio em: 21-05-1982 e terminou em 25-05-1982

Batalha da Baía de San Carlos
Conflitos da América Latina
21-05-1982

Fonte: AreaMilitar

Durante o conflito das Malvinas, podemos considerar que o ponto de viragem da guerra que opôs Argentina e Grã Bretanha, ocorreu entre os dias 21 e 25 de Maio de 1982.

Durante estes cinco dias cruciais, quer argentinos quer britânicos, deitam mão de todos os recursos disponíveis para garantir a vitória.

A Argentina, tenta desesperadamente destruir os navios britânicos de desembarque, inviabilizando a testa de ponte que estes tentam criar nas praias da área conhecida como baía de S. Carlos.
Se o conseguir fazer, antes que todos os equipamentos estejam em terra, as tropas britânicas ficarão sem apoio suficiente para prosseguir em direcção à capital das ilhas. Mas falhando, os argentinos passam a contar na ilha oriental da Malvinas, com uma força militar, que embora esteja a 90km de Port Stanley, representa um inimigo, que as forças argentinas embora muito melhor armadas, terão dificuldade em defrontar.

A batalha da baía de S. Carlos, determinará quem vai ganhar a guerra das Malvinas.



Operação «Sutton», é o nome da operação britânica que começa a 21 de Maio e que pretende colocar em terra tropas e armamentos.

O plano de desembarque começou a ser delineado em 10 de Maio a vbordo do navio de apoio «Fearless». Como se considerou que a capital das ilhas, Port Stanley (baptizada pelos argentinos como Puerto Argentino) estaria defendida pelas principais unidades argentinas, as forças britânicas optaram por efectuar um desembarque na ilha Malvina Oriental (Uma das duas principais ilhas) numa área relativamente protegida, onde a utilização de mísseis anti-navio por parte da Argentina seria muito difícil, e evitaria perdas de navios para mísseis.

Pebble Island, os primeiros indícios

Alguns dias antes do inicio do desembarque, na noite de 15 para 16 de Maio, uma ousada operação britânica contra um aeródromo de relva na ilha Pebbles, utilizado pelos argentinos, tinha sido resultado na destruição de todos os aviões que ali se encontravam. Tratava-se de um contingente de seis aeronaves ligeiras Pucará, que não tendo capacidade para combate aéreo, poderiam destruir helicópteros britânicos e atacar as forças britânicas em terra O aeródromo servia igualmente como depósito de combustível e os britânicos suspeitavam que se encontrava ali um radar que poderia ser um risco para as forças de desembarque.
A força argentina foi colocada fora de acção e todas as aeronaves destruídas. Era naquela área que o desembarque iria ocorrer cerca de uma semana mais tarde, mas os argentinos não podiam saber exactamente onde os britânicos iriam desferir o seu golpe

A Baía de San Carlos, é uma baía protegida por colinas e situa-se a noroeste da ilha Malvina Oriental. A decisão final de efectuar o desembarque daquele local foi confirmada apenas alguns dias antes. As forças que os britânicos tinham junto na região não poderiam continuar a aguardar por muito mais tempo, enquanto as condições atmosféricas se degradavam.

Assim, uma força de 11 navios britânicos começa a navegar ao escurecer de 20 da Maio. Às 18:00 atingiu-se o «ponto de não retorno», a partir do qual se considerava que a operação já não podia ser cancelada. A força naval britânica foi detectada às 20:00 pelos argentinos.

No entanto, apesar de os argentinos terem detectado movimentações britânicas, o que foi imediatamente notado por estes pois as comunicações rádio argentinas multiplicaram-se e o movimento de aeronaves no continente aumentou muito, a frota moveu-se sem ter sido detectada, beneficiando da cerrada neblina que impediu os argentinos de detectarem os navios.
A esquadra permanecerá «invisível» até à manhã de dia 21 quando às primeiras horas da madrugada entra no estreito das Malvinas, nas águas que separam as duas grandes ilhas (ocidental e oriental), dirigindo-se para a Baía de San Carlos.

Mapa da situação em 21 de Maio - (A) as zonas apontadas com setas amarelas indicam as áreas onde os argentinos esperavam o desembarque

No mapa acima, a seta azul mostra o movimento da esquadra britânica na madrugada de 20 para 21 de Maio de 1982.

Parte dos fuzileiros britânicos tinham sido transferidos para os dois navios de desembarque «Fearless» e «Intrepid», onde segundo os relatos, havia tanta gente que praticamente ninguém se podia mover.

Foi decidido que o transatlântico Canberra, na falta de mais meios, fosse enviado para a área onde se esperavam os combates. Os britânicos consideraram mesmo que o Camberra poderia ser afundado pelos argentinos, tendo efectuado cálculos baseados na profundidade da baía. Mesmo que fosse afundado, o Canberra bateria no fundo da baía e os andares superiores continuariam fora de água.

O transatlântico Canberra: Por ser um grande alvo, foi decidido transportar parte dos militares que seguiam a bordo para outros navios. Mesmo assim a possibilidade de o perder era considerada elevada, pelo que foi colocado numa área, onde mesmo se fosse afundado os andares superiores continuariam fora de água


Os britânicos tinham escolhido um local de desembarque que para os argentinos foi considerado uma surpresa. Os militares argentinos pensavam que o mais provável ataque dos britânicos seria contra Port Darwin, ou então contra Fitzroy, pelo que não havia qualquer tropa terrestre argentina que pudesse opor-se ao desembarque em San Carlos.
Apenas no extremo ocidental da ilha, tinha sido colocada uma bateria argentina de artilharia, a qual foi silenciada ainda de madrugada.

O desembarque da primeira força de 1.200 homens nas praias da baía tem inicio ainda de madrugada, por volta das 04:00 da manhã e tinha terminado às 07:30. A primeira fase do desembarque ocorre sem que haja resistência.

No entanto, se as forças de combate de primeira linha já estavam em terra, elas seriam de muito pouca utilidade, se não começasse a operação seguinte, que permitiria montar o suporte logístico para que mais tropas desembarcassem e para consolidar o terreno entretanto tomado.

Se os navios de desembarque que ainda se encontram por descarregar e se o resto das tropas de apoio não desembarcassem, as tropas já em terra eram alvos fáceis de qualquer operação argentina.

Aguardando a movimentação britânica, os argentinos aguardavam informações dos seus postos de observação sobre as posições dos britânicos. São dadas ordens para as aeronaves com base nas ilhas, para confirmar a posição dos navios britânicos e posteriormente são os aviões disponíveis nas bases no continente, que se vão dirigir para as ilhas com o objectivo de atacar a testa de ponte e os navios britânicos que se preparam para desembarcar tropas.

Recontros aéreos
Depois dos recontros aéreos do inicio de Maio, quando os primeiros Mirage foram abatidos pelos mais lentos Harrier, não tinha havido combates aéreos.
A Argentina tinha perdido vários aviões mas por causa das tácticas britânicas, de juntar pares de fragatas Type-21 e Type-22 enviando-as para próximo da costa para atrair os aviões argentinos, abatidos por mísseis Sea-Dart. Esta táctica abateu 2 Skyhawk e um Puma a 9 de Maio, a 12 de Maio foram abatidos mais três Skyhawk, enquanto um quarto era abatido pelos próprios argentinos. A fragata Glasgow foi atingida por uma bomba que não chegou a explodir. Na madrugada de 14 para 15, mais 11 aeronaves foram destruídas em terra. No total, a Argentina já tinha perdido mais de 20 aviões antes de os britânicos terem iniciado o desembarque.

Como os britânicos tinham optado por um desembarque em águas interiores, não era possível a utilização de mísseis anti-navio que tinham sido usados de forma eficiente contra o contra-torpedeiro Sheffield.
Por essa razão o mais eficiente equipamento argentino para atacara a esquadra britânica eram os seus aviões do tipo Skyhawk (e Seahawak a versão naval, com capacidade para operar a partir de porta-aviões[2] ) para atacar a esquadra.
Não sendo possível utilizar mísseis - porque os navios estão protegidos pelas colinas - os argentinos não têm outra opção que não seja a de utilizar bombas burras, aproveitando a menos velocidade e maior manobrabilidade dos Skyhawk.

Mapa da situação após o dia 21 de Maio. As forças britânicas continuam as operações de desembarque, embora atacadas por aeronaves argentinas baseadas no continente, com como nas próprias ilhas


O primeiro alerta aéreo, é dado às 08:45: Aproximam-se aviões Argentinos !.
Tratava-se de uma aeronave de ataque Pucará, que aparece às 08:50 sobre os navios britânicos com a missão de reconhecer o terreno para dar informações sobre o que realmente se estava a passar na baía de S. Carlos. O pequeno avião está armado com foguetes e ataca dois navios britânicos, entre os quais o alvo mais volumoso, o paquete Camberra. Mas as armas que equipam o Pucará são adequadas para atacar forças terrestres e não para atacar navios. Os foguetes falham o alvo, e a primeira resposta vem do próprio paquete britânico que contra ataca com mísseis portáteis blowpipe.

Este primeiro recontro terminará com a destruição do avião argentino pelos canhões antiaéreos das fragatas britânicas.

Por volta das 10:30 ocorrem os primeiros ataques com jatos argentinos Mirage-5/Dagger. Um total de 26 Skyhawk e 19 Mirage argentinos é enviado para atacar a força de desembarque britânica. Desses 45 aviões, 26 conseguem atacar os navios britânicos até às 15:30.

Aeronaves Skyhawk argentinas logram atingir cinco navios britânicos, voando a baixíssima altitude. Um dos navios que fazia parte do cinturão de protecção dos navios de desembarque é atingido fatalmente. No caso tratou-se da fragata HMS Ardent (fragata do tipo 21) que foi atacada durante a manhã e desabilitada. Entre as 14:00 e as 15:00 o navio foi novamente atingido pelos aviões argentinos, tendo-se afundado posteriormente. As fragatas Brilliant e Broadsword[3] foram atingidas apenas por tiros de canhão dos aviões.

Quando os ataques do dia 21 chegaram ao fim, a Argentina tinha perdido mais uma dezena de aeronaves, cinco Skyhawk e cinco Mirage/Dagger. Dos dez aviões perdidos apenas um tinha sido abatido por aviões Harrier.

Dia 22 de Maio
Se no dia anterior os argentinos tinham sofrido perdas sérias, elevando o total de aeronaves perdidas durante o conflito para mais de 30, os britânicos tinham visto cinco dos seus navios atingidos e um afundado.
MAS a 22 de Maio levanta-se um temporal que impede as operações argentinas contra as forças britânicas. Só ao fim do dia os argentinos conseguem montar um ataque sem consequências

Dia 23 de Maio
A partir de 23 de Maio os argentinos voltam a atacar com todos os meios ao seu alcance. Sabem que as forças britânicas estão a ganhar terreno.
Nesse dia, os britânicos tinham enviado uma fragata para patrulhar a área norte da entrada no estreito das Malvinas. A fragata HMS Antelope é atingida por duas bombas de 500kg lançadas por um Skyhawk. As bombas não explodem imediatamente, mas quando se procede à sua desactivação, o navio explode e arde durante toda a noite. Parte-se em dois e afunda-se na manhã de 24 de Maio.

Dia 24 de Maio
Os ataques continuaram a 24 de Maio, o que levou o comando britânico a enviar navios para norte, para fora do estreito das Malvinas, com o objectivo de detectar e atacar os aviões argentinos antes que eles conseguissem atacar ao navios.

Dia 25 de Maio
O comandante britânico mandou os seus navios patrulhar a área a norte junto à ilha Pebble, com o objectivo de detectar e interceptar aviões argentinos que entravam no estreito vindos de norte. Os navios são identificados por postos de observação argentinos em terra, que dirigem as aeronaves contra eles. A HMS Broadsword, que já tinha sido atingida no dia 21, volta a ser atingida, desta vez por uma bomba que não chega a explodir. Já o contra-torpedeiro Coventry, com o qual estava a operar em conjunto é atingido por três bombas que matam 19 homens e afundam o navio (o segundo contra-torpedeiro a ser afundado, após o Sheffield).

O dia 25 de Maio daria no entanto ainda mais preocupações aos argentinos, quando mais à tarde dois Super Etendard que tinham sido reabastecidos em voo por aviões KC-130 detectam nos seus radares um navio de grandes dimensões.
Ao contrário das águas protegidas da baia de S. Carlos, em mar aberto os Exocet podem ser utilizados e os argentinos lançaram dois mísseis contra o alvo. Os mísseis fixaram o alvo num navio de guerra, mas os sistemas de contramedidas desviaram os mísseis que voltaram a fixar o alvo num navio que não tinha sistemas de defesa.
Um dos mísseis atinge o porta-contentores Atlantic Conveyor, um navio com um deslocamento de 28.000 toneladas, que transportava uma carga preciosa. Alem de mantimentos, perderam-se três helicópteros pesados Chinook e seis Wessex. Eram os helicópteros que os britânicos planejavam utilizar para transportar tropas para Stanley. O navio não se afundou de imediato, ainda se tentou verificar se era possível recupera-lo. Concluindo que isso era impossível alguns dias depois. O navio acabará por se afundar.

As perdas britânicas (9 navios afundados ou atingidos em apenas quatro dias) tinham atingido um nível inesperado, que só tinha paralelo nas perdas da Royal Navy durante o ataque alemão à ilha de Creta durante a II guerra mundial.

Mas quando os britânicos começavam a ver a situação deteriorar-se de uma forma terrível, a situação acalmou. A Argentina tinha atingido a 25 de Maio (o seu dia nacional) o máximo das suas capacidades.

Embora os britânicos não o soubessem, tinham acabado de ganhar a batalha da Baía de San Carlos.
O desembarque prosseguia a bom ritmo e os britânicos começaram a colocar baterias de mísseis Rapier nas colinas próximas, e assim as forças puderam prescindir do apoio exclusivo dos navios. A 27 e a 29 de Maio, voltaria a haver ataques, mas a sua intensidade seria muito menor. A Argentina tinha perdido grande parte da sua força aérea e demasiados pilotos. No total entre 21 e 29 de Maio, os argentinos perderam 21 aeronaves. O processo de desgaste da força aérea argentina, tinha dado aos britânicos a superioridade aérea sobre as ilhas. A 29 de Maio, um destacamento britânico toma as pequenas localidades de Port Darwin e Goose Green. A capital das Malvinas Port Stanley (ou Puerto Argentino) estava agora isolada.

Para a Argentina era o principio do fim.




[1] Os britânicos tinham perdido o contra-torpedeiro HMS Sheffield, para um míssil Exocet argentino no inicio de Maio.
[2] O porta-aviões argentino «ARA 25 de Mayo não voltou a efectuar qualquer movimento após o afundamento do cruzador ligeiro General Belgrano»
[3] Futuras fragatas da classe Greenhalgh da marinha do Brasil

Malvinas / Falklands

20 años -- 20 years

Fonte: DEFESA@NET


O conflito sobre a posse das Ilhas Malvnas ou Falklands Islands completou 20 anos, em 2002. Um conflito rápido que do início ao fim não chegou a três meses, porém mudou o relacionamento diplomático entre os países da América Latina e destes com as potências mundiais.

Muitas análises podem ser feitas e sob os mais diferentes enfoques. Iniciamos esta série sobre o conflito não para analisá-lo politicamente, mas pelo enfoque militar e os cálculos diplomáticos, estratégicos e econômicos feitos tanto pela Inglaterra como pela Argentina.

Esta série terá o nome de Malvinas 20 Años / Falklands 20 Years .O nome da série é uma homenagem aos homens ( soldados, aviadores e marinheiros ), que lutaram diretamente no conflito pelos dois lados. Também aqueles que participaram na retaguarda dando apoio às ações militares.

A participação do Brasil, na época o Presidente o General João Figueiredo, procurou um apoio formal à Argentina, porém com a direção do Itamaraty, olhando a situação de nossas fronteiras. Com áreas potenciais de serem questionadas, praticamente grande parte das fronteiras da Amazônia, o Brasil se posicionou diplomaticamente eqüidistante no conflito.

As ações militares, todas no Atlântico Sul, trouxeram a guerra muito perto de nosso país, e suspeitas, ressentimentos influenciaram em muito o início dos trabalhos da formação do Mercosul ( União Comercial entre: Brasil, Argentina, Uruguai Paraguai ). Alguns dos ressentimentos da Argentina ao Chile, acusado de permitir que tropas especiais inglesas operassem em seu território, e até hoje controverso, relizado ataques à bases aéreas Argentinas. Especialmente onde operavam caças Super Etendard, equipados com Mísseis EXOCET.

No aspecto militar, muitas das questões levantadas nas operações ainda necessitam ser respondidas, tais como:

Defesa de navios ou da frota contra ataques de mísseis anti-navio tipo Exocet;

Resistência de navios a ataques de mísseis e explosões internas;

Controle e extinção de propagação de incêndio em navios.

Defesanet escolheu para colocar como a vista significativa deste conflito, a imagem da Fragata HSM Antelope explodindo. Detonou quando um armeiro tentava desmontar uma bomba, que tinha atingido a fragata lançada por um A4 Argentino nos ataques aéreos durante o dia.

A foto é um marco e mostra os pontos que marcaram o conflito:

Pelo lado Inglês:

A determinação em reconquistar as ilhas e a tenacidade ao perseguir o objetivo. Ao entrar na Baia de San Carlos os ingleses cercaram os navio de transporte de tropas, com uma linha defensiva de fragatas e destroyers. Aceitaram as perdas como uma penalidade para proteger o mais valioso. Os transatlânticos, retirados do serviço de turismo e adaptados como transporte de tropas e algum material. Os ingleses acabaram perdendo 4 navios na defesa do desembarque da Força Tarefa.

Pelo Lado Argentino:

Mostra a bravura dos pilotos de A4 Skyhawk voando em missões , quase sem volta, pois atuavam no limite do combustível. Após passarem o topo das colinas circundantes a Baia de San Carlos, arremetiam o mais baixo possível e lançavam as suas bombas. Estas penetravam o casco e muitas não explodiam. Com pequenos ajustes os argentinos teriam mudado o rumo dos combates.

Um conflito que mudou as vidas e a visão dos militares da região e do futuro do que seria o Mercosul




Batalha da Baía de San Carlos em Video: