O milagre de Dunquerque?


Os movimentos políticos durante a ofensiva alemã para o ocidente, em 1940, quando da evacuação britânica em Dunquerque.
Assim que as tropas de Hitler atingiram o canal da Mancha, seu nervosismo desapareceu. O general Alfred Jodl, leal confidente, escreveu em seu diário que o Führer estava “fora de si” de alegria. Hitler começara a falar sobre negociações de paz. "Os ingleses poderiam obter uma paz em separado a qualquer momento", disse ele. "Depois de uma restituição das colônias [anteriormente alemãs]", acrescentou. Mas não se tratava só de uma súbita mudança de humor, nem de sua merecida satisfação com o êxito do Golpe de Foice, agora que a Força Expedicionária Britânica estava isolada pelo sul, da maior parte dos franceses. Ele estava pensando nas conseqüências políticas, não só nos resultados militares. Já em 8 de setembro de 1939, apenas uma semana após a guerra haver começado, ele disse a Halder e Jodl que, depois de os poloneses serem eliminados, faria outra proposta de paz à Inglaterra. Na realidade: não contava com uma resposta mas, "quando chegarmos à Mancha, então os ingleses podem mudar de idéia".

A Mancha era então a chave. Em 1914, o Kaiser e seu governo não deviam ter entrado em guerra com a Inglaterra; e os generais alemães haviam fracassado não só em Marne, como na corrida para o mar. Eles nunca tomaram os portos da Mancha. Agora as coisas eram diferentes. Em 20 de maio de 1940, Hitler estava suficientemente confiante para mencionar, pela primeira vez, que levaria os franceses a assinar a rendição na clareira da floresta em Compiègne, no lugar exato onde eles haviam obrigado os alemães a assinar o armistício em novembro de 1918. Mas então Hitler estava pensando mais nos ingleses do que nos franceses.

Seu inimigo Churchill havia passado por um dia muito difícil. Ele também achava que a Mancha era a chave. Evidentemente: mas suas preocupações imediatas eram militares. Estava subitamente confrontado com um dilema. No domingo, 19 de maio, achara que poderia passar algum tempo em sua casa, pela primeira vez desde que se tornara primeiro-ministro. Isso não ocorreria, uma vez que seguiu para Chatwell após uma reunião do Gabinete de Guerra, pela manhã. Em seguida, Churchill recebeu um telefonema urgente, do lado oposto da Mancha, do general lord Gort. O exército francês no oeste se dispersava; os alemães se precipitavam adiante; era preciso tomar uma decisão sobre a sorte de todo o exército britânico no outro lado da Mancha. As opiniões e os planos do general Gort e do general Edmund Ironside (chefe do estado-maior geral imperial) divergiam. Gort achava que a Força Expedicionária Britânica devia retroceder em direção a oeste, para os portos da Mancha, dentre os quais o nome de Dunquerque aparecia pela primeira vez. Ironside achava que os britânicos deviam deslocar-se em direção ao sul, para se juntarem aos franceses por trás do Somme. Churchill tendia para o plano de Ironside, principalmente porque estava ciente da necessidade de demonstrar maior apoio aos franceses, não só com palavras, mas com ação. Inopinadamente, voltou para Londres. Solicitou uma reunião do Gabinete de Guerra às quatro e meia. Pouco antes do fim da reunião, levantou-se e disse que estava disposto a voar até a França para falar com Gort imediatamente. Mas afinal isso não foi considerado necessário. Em vez disso, dali a talvez um dia, Churchill voaria a Paris, onde os franceses haviam acabado de nomear um novo comandante-em-chefe, o general Maxime Weygand. Pelo menos por um dia, ficava adiada a escolha entre os planos de Gort e Ironside.

Naquela noite, pela primeira vez Churchill falou pelo rádio ao povo britânico como seu primeiro-ministro (ele fizera o discurso sobre "sangue, trabalho, lágrimas e suor", na Câmara dos Comuns). Muitos políticos, homens tão diferentes quanto Baldwin, Eden e Chamberlain, escreveram para felicitá-lo. O tom desse discurso bastou para lhes abrandar as dúvidas, pelo menos por certo tempo. John Colville, seu secretário particular, que apenas dias antes estivera cético quanto ao caráter e à capacidade crítica de Churchill, reviu então a própria capacidade crítica. Ele não manifestou admiração por esse discurso específico, mas escreveu em seu diário que ficou muito impressionado com Churchill: "seu ânimo é indomável". Ele e alguns dos outros já não se incomodavam que Churchill estivesse no comando. Mas por trás do comandante pairava a negra preocupação. Naquela noite Churchill redigiu a mensagem agourenta a Roosevelt. Dessa vez - ocasião rara para ele - não dormiu bem. As duas e meia da madrugada, chamou o secretário para buscar o texto de volta na embaixada americana. Queria revisá-lo. Mas afinal o enviou sem nenhuma alteração.

Com a dispersão do exército francês, deu-se a dispersão do dilema. A Força Expedicionária Britânica tinha de recuar em direção à Mancha. Já haviam sido expedidas as primeiras ordens para reunir todos os tipos de embarcações nos portos ingleses, além da costa de Flandres. O governo estava ciente dos perigos para Londres - daí não só a prisão de pessoas ligadas a Mosley, como os primeiros preparativos contra um possível ataque inesperado de pára-quedistas alemães: oito pequenas barricadas, com sacos de areia, foram erguidas em torno dos prédios do governo em Londres, guarnecidas por soldados com uniforme de combate completo e metralhadoras. Churchill temia também que os alemães conseguissem desembarcar alguns milhares de homens em barcos a motor e outras embarcações leves. A energia de Churchill, evidente em sua atenção a incontáveis detalhes, era assombrosa. Mas na terça-feira, 21 de maio, ele ficou deprimido à medida que o dia avançava. Os nervos, o ânimo, até o autocontrole foram afetados pelo caótico colapso nas comunicações no lado oposto da Mancha. Ele não sabia mais o que estava acontecendo em Flandres. Tinha dificuldade até para fazer contato com Paris. Segurando o fone na mão, virou-se para Colville. "Em toda a história da guerra, nunca vi tamanha desorganização", disse ele. "Eu nunca havia visto Winston tão deprimido", escreveu Colville no seu diário. Em seguida Churchill se reanimou. Pondo de lado o conselho de outras pessoas, decidiu ir a Paris na manhã seguinte, pela segunda vez em uma semana, para se encontrar com o general Weygand e os demais. A uma e meia da madrugada, quando se preparava para se deitar, chegou uma missiva informando que o general francês Gaston Billotte, que Churchill conhecia bem, havia morrido em um acidente automobilístico. Ao bater à porta, o secretário encontrou Churchill de pé, semidespido. "Coitado, coitado", foi tudo o que ele disse. Em seguida, foi para a cama.

Na manhã seguinte, voou para Paris. Fazia mais um belo dia: um sol inclemente brilhava sobre a França e a Inglaterra. Enquanto ouvia Weygand, Churchill se deixou impressionar - como logo se evidenciaria, erroneamente - pela energia e firmeza desse adepto da disciplina rígida. Weygand propôs, e ele e Churchill falaram sobre um plano pelo qual um ataque conjunto franco-britânico atravessaria o corredor alemão perto de Abbeville, Arras e Amiens, transformando os sitiadores em sitiados. Churchill expediu uma ordem entusiasmada e absolutamente irrealizável aos generais britânicos, para tal ofensiva em sentido contrário. Logo tudo isso se dissolveu; os franceses estavam perdidos. Churchill dormiu na embaixada. Quando regressou a Londres, era evidente que nada resultaria desse plano ambicioso e lamentavelmente descoordenado. Naquele dia, houve duas reuniões do Gabinete. No final da noite - 23 de maio, uma quinta-feira -, Churchill decidiu notificar o rei. Disse a Jorge VI que, se o plano Weygand não pudesse ser executado, mandaria o exército britânico voltar à Inglaterra. Era obrigado a informar o monarca dessa grave eventualidade. Não disse ao rei o que já sabia: que o plano Weygand não havia sido nem seria executado.

Naquela noite, Hitler havia decidido avançar seu posto de comando. O ministro de Armamentos e Obras Públicas iniciara a construção de três novas casernas para seu estado-maior, em um novo quartel-general. Elas estariam prontas dentro de dez dias. Durante esses dez dias se desenrolaram os acontecimentos de Dunquerque.

Os acontecimentos de Dunquerque: ou seja, o resgate do exército britânico. Os historiadores "não devem superestimar a sua importância", escreveu o principal historiador político e militar alemão da Segunda Guerra Mundial, professor Andreas Hillgruber, há pouco falecido. Ele estava errado, mas não porque devamos nos contentar com uma imagem heróica e mítica de Dunquerque. A importância militar daquela - muitas vezes, mas nem sempre - animadora e corajosa libertação de 340.000 soldados britânicos e franceses foi decisiva. Porém, ainda mais decisiva, foi sua importância política para o duelo entre Churchill e Hitler.

Dois dias antes de se iniciar a evacuação britânica de Dunquerque, Hitler tomou uma decisão cuja importância não deve ser subestimada. Cinqüenta anos depois, as causas e as origens daquela decisão não são inteiramente claras. Por isso somos obrigados a abordá-la mais extensamente. Em 24 de maio, sexta-feira, dezoito minutos antes do meio-dia, Hitler ordenou ao general Rundstedt que detivesse o avanço das vanguardas em direção a Dunquerque.

Boulogne, Calais, Dunquerque, Ostende: os quatro portos no lado oposto da parte estreita da Mancha, que em 23 de maio ainda não haviam sido capturados pelos alemães. O último não tinha importância; ficava longe demais da costa inglesa para grandes transportes de tropas. Boulogne, Calais e Dunquerque: cabeças-de-ponte para a Inglaterra no continente europeu, que haviam servido a tais finalidades séculos antes (e, em dezembro de 1941, Stalin diria a Anthony Eden, em Moscou, que os britânicos deviam pensar em adquirir alguns deles, após a guerra). Mas então Boulogne e Calais eram menos do que cabeças-de-ponte. Eram enclaves que se esfacelavam. Os alemães haviam atacado pelos flancos e os estavam sitiando. Eles estavam cercados, bombardeados, diminuindo a cada hora.

Na manhã de 24 de maio, Boulogne já havia sido capturado. Era o menor dos dois enclaves. Depois de menos de dois dias de resistência, a guarnição, inclusive tropas britânicas e francesas, fora retirada por oito contratorpedeiros. Era um pequeno prenúncio do que ocorreria em Dunquerque. Ninguém, inclusive Churchill, previu isso. Mas ele "lamentou essa decisão". Pois foi então que lhe ocorreu uma constatação aterradora. Não eram só os franceses que se desmanchavam ante a violenta investida alemã. O moral e a liderança do exército britânico, então pela primeira vez lutando corpo a corpo com o exército alemão, não eram muito superiores. Apesar da relativa proximidade dos portos da Mancha em relação à Inglaterra, havia uma indescritível e ininteligível confusão.

Dunquerque fica a cerca de 40km de Calais. As frentes alemãs estavam a cerca de 25km de Dunquerque quando a ordem de parar dada por Hitler partiu, às onze e quarenta e dois do dia 24. Ela foi enviada em linguagem clara, sem código. Os britânicos a interceptaram. Era destinada a ser interceptada por eles? Talvez, embora haja dúvidas quanto a isso. Ainda não era conhecida na reunião do Gabinete em Londres, realizada na mesma hora da ordem de Hitler. (Além dos cinco integrantes do Gabinete de Guerra, participava também o general A.E. Percival, subchefe do estado-maior geral imperial, que informava o Gabinete sobre assuntos militares - o mesmo homem que, em fevereiro de 1942, abjetamente entregaria Cingapura a um exército japonês relativamente pequeno; um desses presságios que só ficam evidentes em retrospecto.) Seja como for, enquanto Churchill ainda não sabia o que Hitler estava fazendo, Hitler pensava saber o que os britânicos estavam fazendo. Achava que eles estavam deixando o continente europeu. Na noite anterior, as últimas tropas haviam embarcado de Boulogne para a Inglaterra. O embarque não foi molestado pela artilharia alemã. Antes do raiar do dia 24 de maio, às duas horas da madrugada, o Ministério da Guerra ordenou a evacuação também de Calais, "a princípio". Às nove horas da luminosa manhã, o grande navio City of Canterbury, repleto de tropas britânicas, estava saindo da doca marítima de Calais, coalhada de projéteis, com destino a Dover. Outro navio, Kohistan, zarpava de Calais às onze e meia. Os britânicos estavam destruindo alguns de seus tanques nos cais. Os alemães podiam ver grande parte disso e entendiam alguns dos sinais do Ministério da Guerra. Antes do meio-dia, partiu a ordem de "alto" dada por Hitler. O plano geral de toda a guerra pode haver se cristalizado em sua mente. Os britânicos estavam indo embora. Que fossem. Foi exatamente isso o que pensou? É possível, até provável, mas não podemos ter certeza. As comprovações que temos se compõem de duas partes: seus atos efetivos e suas racionalizações.

Na noite anterior ao dia 24, o general Rundstedt havia diminuído um pouco a marcha. Ele informou que metade das vanguardas blindadas estava exausta. Ele também se preocupava com a possibilidade de um contra-ataque franco-britânico mais a leste, por trás de suas linhas avançadas - o plano Weygand, que como sabemos não se concretizou. No início da manhã do dia 24 - um horário incomum para ele -, Hitler voou até o novo quartel-general de Rundstedt em Charleville, quase 160km a leste da Mancha. Ele concordou com Rundstedt. Os Panzers deviam ser poupados. Algumas pessoas diriam posteriormente que as lembranças de Hitler da Primeira Guerra Mundial, da lama e dos cursos d'água na região dos canais das planícies de Flandres permaneciam nítidas em sua mente. Mas, afinal esse era o mesmo Hitler que estava convencido - como assim afirmou - de que essa seria, como de fato foi, um tipo de guerra diferente da anterior. Seja como for, alguns de seus generais (embora não todos) ficaram aturdidos ou consternados. Lá estava Dunquerque, o último porto, que podia ser facilmente atingido, já que o grosso do exército britânico ainda se achava muito a leste de lá.

O general Rundstedt (e, ao que parece, os generais Ewald von Kleist e Günther von Kluge) era favorável a parar, a fim de se reorganizarem e prepararem para eventuais contra-ataques. Outros, como Heinz Guderian e Walther von Brauchitsch, o comandante-em-chefe do exército, ficaram surpresos e decepcionados. Pela ordem de Hitler, eles presumiram que Dunquerque ficaria para a Luftwaffe. No dia seguinte, Brauchitsch sugeriu a Rundstedt seguir adiante apesar de tudo. Rundstedt não faria isso. A decisão de começar a avançar de novo em direção a Dunquerque chegou um dia depois. Mesmo assim Rundstedt ordenou que o avanço direto fosse empreendido lenta e cautelosamente. De todo modo, o esforço principal seria para impelir as tropas aliadas a oeste para Dunquerque, não uma investida direta contra Dunquerque.

Rundstedt era, naquela época, um dos generais alemães mais próximos de Hitler. Após a guerra, alegou que apenas obedecera às instruções de Hitler; que entendeu Hitler, que desejava permitir a partida dos britânicos; Dunquerque seria a "ponte dourada" para que deixassem o continente europeu. Assim Rundstedt racionalizou suas decisões, o que pode ter custado aos alemães a maior oportunidade de toda a guerra. No entanto, nosso interesse deve estar voltado para as racionalizações de Hitler, não para as de Rundstedt. Haveria muitas delas. Pouco depois de Dunquerque, Hitler falou a um pequeno grupo de auxiliares mais próximos, inclusive seus secretários: "O exército é a espinha dorsal da Inglaterra, ... Se o destruirmos, acaba o Império Britânico. Nós não o herdaríamos nem poderíamos herdá-lo. ... Meus generais não entenderam isso". Não entenderam? Na época, 25 de maio de 1940, o general Hans Jeschonnek (muito amigo de Göring), entre outros, teria dito que "o Führer quer poupar aos britânicos uma derrota humilhante". Hitler pode ter tentado explicar demais. Mas voltou diversas vezes à discussão sobre aquela "ponte dourada", na última vez perto do fim da guerra, perto do fim de sua vida. "Churchill", disse ele em fevereiro de 1945 a seus confidentes mais próximos, "foi absolutamente incapaz de apreciar o espírito esportivo de que dei prova ao me abster de criar uma ruptura irremediável entre os britânicos e nós. Realmente, nós nos abstivemos de aniquilá-los em Dunquerque. Devíamos ter conseguido fazê-los compreender que a aceitação da hegemonia alemã na Europa, uma situação a que eles sempre se opuseram, mas que eu consumei sem nenhuma dificuldade, iria trazer-lhes vantagens inestimáveis".

"Espírito esportivo", "abster-se" e "vantagens inestimáveis" são um exagero. Churchill era avesso a atribuir a Hitler boa vontade, espírito esportivo ou "ponte dourada", o que quer que isso fosse. Em suas memórias da guerra, escritas oito anos depois de 1940, ele tomou todo cuidado em vincular a ordem de "alto" às hesitações de Rundstedt, não às hesitações de Hitler. Não estava totalmente incorreto. "Ponte dourada" era uma extrapolação, no mínimo. Mas uma extrapolação, embora desprovida de precisão, não é necessariamente destituída de verdade. Os objetivos de Hitler eram ambíguos. Ele estava atraído pela perspectiva de o exército britânico deixar a Europa. Não se incomodaria em facilitar isso. Mas a ordem "alto" e tudo o que se seguiu não se destinavam a ser acenos aos britânicos. Nem ele pretendia permitir-lhes realizar a retirada de Dunquerque sem esforço.

Em sua tática havia um elemento crucial que talvez não tenha recebido a atenção que merece. Era sua disposição de acreditar em Göring, que três dias antes da ordem de "alto" tentou convencê-lo de que ele, Göring, capturaria os britânicos em Dunquerque, atacando-os pelo ar. Em 21 de maio, quando falou com Hitler, eles estavam trancados em reunião confidencial. Mesmo os generais Wilhelm Keitel e Alfred Jodl, do quartel-general de Hitler, foram excluídos. Dois dias depois, o ajudante de Hitler, major Gerhard Engel, anotou em seu diário que o Führer conversara novamente com Göring, por telefone. "O marechal-de-campo acha que a grande tarefa da Luftwaffe está começando: o aniquilamento dos Britânicos no norte da França. O exército terá apenas de ocupar [o solo]. Nós estamos zangados, o Führer está entusiasmado [begeistert]". Observe-se que isso ocorreu antes que Rundstedt diminuísse a marcha diante do canal da Mancha e antes da ordem de "alto", dada por Hitler. Outros altos funcionários alemães estavam a par do que se avizinhava. "Quer os ingleses se rendam, quer nós os tornemos apreciadores da paz com bombardeios ...", escreveu Ernst von Weizsäcker, o subsecretário de Estado, em seu diário em 23 de maio. Ainda em 27 de maio, Engel anotou que Göring anunciou ótimos resultados aéreos no porto de Dunquerque: "somente alguns barcos de pesca estão atravessando; espera-se que os soldados britânicos saibam nadar".

Göring convenceu Hitler de que a Luftwaffe poderia fazer o trabalho em Dunquerque. Hitler estava disposto a ser convencido, em parte devido a suas preferências e preocupações. Um ano depois - a essa altura, ele estava em meio à campanha russa -, Hitler falou a outro grupo muito próximo: "Embora Göring lhe houvesse assegurado que a Luftwaffe sozinha poderia fazer o trabalho, depois de Dunquerque ele [Hitler] havia ficado um pouco mais cético a esse respeito". Isso contradiz a tese simples da "ponte dourada" - dando a entender, como faz, que Hitler então desejava ter morto ou capturado mais britânicos em Dunquerque.
Fonte deste artigo: O duelo Churchill x Hitler – John Lukacs – Jorge Zahar Editor
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