Sistema da EADS pode ter utilizações militares e espiar países vizinhos

Fonte: Área Militar

A imprensa chilena noticiou no passado fim de semana que o país chegou finalmente a acordo com o conglomerado europeu EADS para a compra por cerca de 45 milhões de Euros de um satélite de observação terrestre.

O equipamento adquirido pelo Chile, é um satélite de órbita polar, ou seja, ele viajará a uma altitude de 630km desde o pólo norte até ao pólo sul, aproveitando a configuração do país, para varrer de norte a sul o território chileno.

Embora seja um equipamento pensado para funções civis, o novo satélite chileno, foi adquirido por opção e intervenção da Força Aérea Chilena (FaCh) pode também ter aplicações militares, pois ele fará várias passagens por dia em volta do planeta, tirando continuamente fotografias não só do território chileno, como também do território de países vizinhos, especialmente a Argentina e o Peru, prosseguindo depois para a Bolívia, Brasil e Venezuela.

A questão da aptidão ou não do satélite da EADS para funções de defesa, leia-se para funcionar como satélite espião, foi discutida pelos parlamentares chilenos que colocaram em causa a qualidade das imagens que o satélite poderia colectar durante as suas passagens ao logo do país de norte a sul.

A aquisição de um satélite espião por parte do Chile é um projecto antigo que já está em estudo há bastantes anos pelos militares chilenos.

A afirmação de que o satélite terá 5% de aplicação militar é porém no mínimo estranha. Primeiro porque o satélite será comprado com o dinheiro do Ministério da Defesa. E depois, os satélites tiram fotografias, pelo que ele pode ter utilização 100% militar, a partir do momento em que as imagens que obtém são entregues aos militares e influem (ou não) na tomada de decisões militares.

Parlamentares chilenos da comissão parlamentar de defesa puseram em causa a utilidade do sistema afirmando que o satélite poderá não ter resolução suficiente para que as imagens que tira tenham efectiva utilidade para os militares. Um deputado afirmou mesmo em entrevista à imprensa que se um satélite tão caro não tem resolução suficiente, «para que se comprou ?».
Rota aproximada do satélite chileno, que será lançado dentro de dois anos

A título de resposta, alguns responsáveis ligados ao projecto afirmaram entretanto que o preço pago é mais caro que o preço inicialmente previsto, porque inclui o lançamento e também todo o sistema de recepção de imagens. Os responsáveis adiantaram ainda que não compete aos deputados determinar se o satélite é ou não suficiente para as necessidades, porque são os militares que optaram pelo modelo e os militares estão satisfeitos.

O satélite chileno será lançado em 2010 da base de Kourou na Guiana Francesa