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Luis Gálvez Rodríguez de Arias (São Fernando, 1864Madrid, 1935) foi um jornalista, diplomata e aventureiro espanhol (muitas vezes erroneamente apontado como boliviano) que proclamou a República do Acre em 1899. Governou o Acre entre 14 de julho de 1899 e 1 de janeiro de 1900 pela primeira vez e entre 30 de janeiro e 15 de março de 1900, pela segunda e última vez.

Gálvez estudou ciências jurídicas e se tornou diplomata na Europa. Migrou para a América do Sul para procurar o Eldorado da Amazônia. Em Manaus, escreveu para o jornal Commercio do Amazonas. Ao traduzir um documento sobre a Bolívia decide ir para o Acre. Apoiado financeiramente pelo governo do Amazonas, que esperava anexar a região, rica em seringais, recebeu a missão de tomar o Acre, majoritariamente habitado por brasileiros, da Bolívia.

Liderou uma rebelião no Acre, com seringueiros e veteranos da guerra de Cuba, no dia 14 de julho de 1899, propositadamente a data do aniversário de cento e dez anos da Queda da Bastilha. Fundou a República Independente do Acre, justificando que “não podendo ser brasileiros, os seringueiros acreanos não aceitavam tornar-se bolivianos”. Implantou o governo do país, que os Estados Unidos classificaram como um país da borracha.

Chamado Imperador do Acre, assumiu o cargo provisório de presidente, instituiu as Armas da República, a atual bandeira, organizou ministérios, criou escolas, hospitais, um exército, corpo de bombeiros, exerceu funções de juiz, emitiu selos postais e idealizou um país moderno para aquela época, com preocupações sociais, de meio ambiente e urbanísticas.

Um golpe de Estado em seu governo com apenas seis meses de existência o retirou do cargo, sendo substituído pelo seringalista cearense Antônio de Sousa Braga, que um mês depois devolveu o poder a Gálvez.

O Tratado de Ayacucho, assinado em 1867 entre o Brasil e a Bolívia reconhecia o Acre como possessão boliviana. Por isso, o Brasil despachou uma expedição militar composta por quatro navios de guerra e um outro conduzindo tropas de infantaria para prender Luis Galvez, destituir a República do Acre e devolver a região aos domínios da Bolívia. No dia 11 de março de 1900, Luis Gálvez rendeu-se à força-tarefa da marinha de guerra do Brasil, na sede do seringal Caquetá, às margens do rio Acre, e partiu para a Europa.

Gálvez ainda retornou ao Brasil, anos depois, mas o governo do Amazonas o prendeu e o recambiou para o Forte de São Joaquim do Rio Branco, hoje estado de Roraima, de onde fugiria tempos depois. Morreu na Espanha.

Existe um rio com seu nome no Acre.

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BANDEIRA DO ESTADO DO ACRE

Pelo Decreto de no 17, de 1889, expedido por Luiz Galvez no período do Estado Independente do Acre, cria-se a Bandeira Acreana.

Símbolos de paz e esperança, foi idealizado por José Plácido de Castro, que adotou o mesmo pavilhão idealizado por Dom Luiz Galvez Rodrigues de Arias, chefe da Segunda Revolução Acreana contra o domínio boliviano.

Constando de dois triângulos retângulos (um verde e outro amarelo), unidos pelas respectivas hipotenusas, constituindo no todo um quadrilátero paralelogramo de um metro e dez de altura por dois de comprimento.

Essa bandeira foi alterada mudando a posição dos triângulos retângulos. No triângulo retângulo amarelo, que forma a parte superior da flâmula, Plácido de Castro acrescentou-lhe apenas uma estrela de cor vermelha na diagonal amarela, por sugestão do coronel Rodrigo de Carvalho, tido como autor das últimas Revoluções Acreanas, estrela essa que simboliza o fanal que guiou o elevado ideal dos que bateram pela incorporação do Acre ao Território Nacional.

Epaminondas Jácome, Governador do ex-Território Federal do Acre, adotou oficialmente o símbolo criado por José Plácido de Castro.


Fonte: informações gentilmente cedidas, em 20/03/2001, pela Sra. Kátia do Gabinete Civil e em 20/06/2001, pelo Sr. Elias Mansour Macedo, chefe do Departamento de Turismo SEICT - do Governo do Estado do Acre.

LUIZ GALVEZ, O INJUSTIÇADO

Por Francisco Matias(*)

1. O ano de 1899 foi marcante para o Acre. No dia 4 de junho, os governadores José Cardoso Ramalho Junior, do Amazonas, e José Paes Ramalho, do Pará, despacham uma expedição comandada pelo espanhol Luiz Galvez Rodrigues y Arias com destino ao Acre boliviano. Sua missão: substituir a José de Carvalho e assumir o comando do movimento rebelde acreano. D. Galvez, passava de repórter, ex-funcionário de embaixadas a representante do governo do Amazonas no Acre. E ele sabia bem o que devia fazer. Sabia também do ódio mortal que o governo boliviano tinha por ele. Pior. Que o governo norte-americano tinha por ele por haver revelado a missão da canhoneira Wilmington que levou a minuta do contrato da Bolívia para ser formado o consórcio Bolivian Syndicate, uma poderosa empresa de carta que teria plenos poderes no Acre, principalmente o de expulsar pela força das armas, os brasileiros que ali viviam. Ao revelar o Plano Acre, D. Galvez antecipou os fatos e se precipitou em sua maior aventura.

2.D. Luiz Galvez não era apenas ambicioso. Era um visionário. Queria entrar para a história mundial pela porta da frente. Por isso, liderando uma nova rebelião no Acre, ele fundou um país e escolheu uma data muito propícia: o dia 14 de julho de 1899. Era a data do centenário da Queda da Bastilha que originou a Revolução Francesa. Galvez era a revolução francesa no Acre e a Bastilha, o poder da Bolívia e do Bolivian Syndicate. D. Galvez foi mais longe. Fundou a República Independente do Acre, justificando que “não podendo ser brasileiros, os seringueiros acreanos não aceitavam tornar-se bolivianos”. Implantou o governo do país, que os EUA classificaram como ‘um país da borracha”. D. Luiz Galvez, chamado “O Imperador do Acre”, não sabia que era apenas um joguete nas mãos do governador do Amazonas e que seria jogado às piranhas do Purus tão logo a situação lhe ficasse adversa. Ele não percebia o jogo que o governador Ramalho Junior fazia e foi longe demais. Como presidente da República do Acre, D. Galvez instituiu as Armas da República, despachou credenciais e enfrentou a ira dos EUA e da Inglaterra. E sofreu o primeiro revés. Um golpe de Estado em seu governo com apenas seis meses de existência o retirou do cargo. A República virava o Estado Livre do Acre, governado pelo seringalista cearense Antonio de Souza Braga.

3. Menos de um mês depois, D. Galvez reassume e refaz a República do Acre. Mas, ele não tinha força política e as pressões dos EUA e da Inglaterra estavam levando o governo brasileiro a mudar de atitude. Na verdade, o Brasil se recusava a agir porque alegava considerar o Acre boliviano e, portanto, o problema era para ser resolvido pela Bolívia. E a Bolívia bem que tentou. Mandou soldados para o Acre mas, foram derrotados pelo exército de seringueiros formado pelo presidente Luiz Galvez. O governo boliviano apelou para o Brasil com o Tratado de Ayacucho, assinado em 1867 entre o Brasil e a Bolívia que reconhecia o Acre como possessão boliviana. Foi a derrota de Galvez. O Brasil despachou uma expedição militar composta por quatro navios de guerra e um outro conduzindo tropas de infantaria para prender Luiz Galvez, destituir a República do Acre e devolver a região aos domínios da Bolívia. No dia 11 de março de 1900, Luiz Galvez Rodriguez y Arias rendeu-se à força-tarefa da marinha de guerra do Brasil, na sede do seringal Caquetá, às margens do rio Acre. Estava encerrada a saga do espanhol Galvez, o homem que enfrentou o poderio norte-americano, foi enganado pelos governos do Amazonas e do Pará, e foi preso e deportado pelo governo brasileiro. Seu sonho de poder desapareceu nas águas do Purus.

4.D. Galvez ainda retornou ao Brasil, anos depois, mas o governo do Amazonas o prendeu e o recambiou para o Forte de São Joaquim do Rio Branco, hoje estado de Roraima, de onde fugiria tempos depois. Ele morreu na Espanha. Ao definir D. Galvez como “O Injustiçado” é para lembrar que este homem deu a primeira organização do Acre, como uma República Independente, enfrentou a fúria dos EUA, foi vítima da política amazonense, semeou a semente do atual estado do Acre e, por conseguinte, da primeira formação de Rondônia pela Madeira-Mamoré, e não tem nenhum município acreano com o seu nome. Tem um rio, o rio Galvez, mas não corresponde à sua importância histórica. Ele era um aventureiro, mulherengo, conquistador, corajoso, inteligente e sagaz, mas não conseguiu concretizar o seu sonho de poder. Está esquecido pela História, como esquecida está a parte da História que trata das várias rebeliões acreanas e da Guerra do Acre, que não foi travada entre o Brasil e a Bolívia, mas sim, entre o Brasil e o Peru. Não fosse pela minissérie....

Do livro O Tratado de Petrópolis, Diplomacia e Guerra na Fronteira Oeste do Brasil, inédito, do Historiador e Analista Político Francisco Matias
Porto Velho 15.01.2007