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A secretária de comércio exterior dos EUA, Susan Schwab, fala em Genebra nesta segunda. (Foto: AFP)

'Não vamos entrar nisso', diz secretária dos EUA sobre comentário de Amorim
'Estou aqui para trabalhar', disse Susan Schwab.
Analogia gerou mal-estar nas negociações sobre a Rodada de Doha.
Do G1, em São Paulo


A secretária de Comércio Exterior dos Estados Unidos, Susan Schwab, evitou entrar em polêmica em relação ao comentário do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, que comparou as táticas dos países ricos nas negociações da Rodada de Doha àquelas adotadas pelo chefe da propaganda nazista Joseph Goebbels. A polêmica pode prejudicar as posições do Brasil nas negociações.

"Essa não é a hora e não é a semana de voltar a cair em velhas retóricas, feitas para perpetuar as velhas divisões ou para criar novas. Não temos intenção de entrar nisso", disse Schwab na manhã desta segunda-feira (21), em Genebra, onde representantes dos 152 países da OMC se encontram reunidos para tentar chegar a um acordo sobre a Rodada.

Perguntada sobre a declaração do brasileiro, Schwab, que é filha de sobreviventes do Holocausto, tentou abafar a polêmica: "Estou aqui para trabalhar. Estou aqui para conseguir uma conclusão de sucesso para a Rodada de Doha".

Sobre as negociações, Susan Schwab voltou a cobrar mais concessões dos países emergentes. "Estamos dispostos a fazer a nossa parte. Sabemos que teremos que fazer mais contribuições além das muitas contribuições que já colocamos na mesa. Queremos ver as contribuições dos outros, incluindo esses mercados emergentes mais significantes", apontou.

No sábado, Amorim acusou os países ricos de adotarem uma estratégia de manipulação de informações comparável à que era utilizada por Joseph Goebbels, lembrando a máxima do oficial nazista segundo a qual "uma mentira repetida muitas vezes se torna verdade. Segundo o chanceler, a tática seria usada para se fazer acreditar que os países ricos oferecem mais do que aquilo que pedem em troca nas negociações da Rodada de Doha.

Os comentários repercutiram imediatamente entre os líderes presentes à negociação. O porta-voz de Schwab qualificou o comentário como 'maldoso' e afirmou que a secretária teria ficado surpresa com a declaração. A União Européia emitiu uma resposta, qualificando as declarações de Amorim como sendo de "mal gosto" e "lamentáveis". Já comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, pediu para que o tema fosse esquecido.

O Ministério das Relações Exteriores pediu desculpas pelo incidente provocado. "Ele certamente não tinha a intenção de ferir o sentimento de ninguém e ele respeita profundamente Schwab", afirmou o porta-voz do Itamaraty, Ricardo Neiva Tavares. Ele apontou que Amorim foi cauteloso suficiente para desclassificar o autor da frase. No domingo, o próprio Amorim desculpou-se pelos comentários, mas manteve a crítica à política dos países ricos.

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Lula critica europeus e americanos e elogia Amorim
Da Agência Estado Via G1

Em entrevista concedida na tarde de hoje, ao sair do Palácio do Itamaraty, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticou os europeus e americanos e elogiou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao falar de suas expectativas em relação às negociações da Rodada Doha, que se realizam na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. "Eu acho que tanto americanos quanto europeus estão habituados a um tempo em que não havia negociação", afirmou.

"Eles impunham aquilo que eles queriam, e os outros eram obrigados a aceitar. Hoje, é preciso levar em conta os países emergentes, a existência de uma maior consciência de soberania alimentar no mundo inteiro. Portanto, eu continuo na expectativa de que o Brasil vai fazer um acordo com os (demais) países (em Genebra). O Celso Amorim é um extraordinário negociador, e eu penso que estamos em boas mãos", acrescentou Lula. Amorim foi muito criticado pelos representantes dos países desenvolvidos por ter feito declarações em que os acusou de usarem técnicas de desinformação dos nazistas.

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Princípios da propaganda governamental segundo Joseph Goebbels

Fonte: Midia sem máscara e ciudadtecnicolor

1. O propagandista deve ter acesso às informações relevantes sobre os acontecimentos e a opinião pública.

2. A propaganda deve ser planejada e executada por um único órgão.
a. Ele deve emitir todas as diretrizes de propaganda.
b. Ele deve explicar estas diretrizes aos funcionários em cargo de confiança e manter a moral alta entre eles.
c. Ele deve supervisionar as atividades de outras agëncias que tenham efeito propagandístico.

3. As conseqüências propagandísticas de uma ação devem ser consideradas ao planejá-la.

4. A propaganda deve afetar a ação do inimigo:
a. Suprimindo quaisquer informações que possam ser úteis ao inimigo
b. Disseminando abertamente propaganda cujo conteúdo ou tom levem o inimigo a concluir o que se quer que ele conclua
c. Levando o inimigo a revelar informações vitais sobre ele mesmo
d. Omitindo qualquer referência a uma atividade inimiga desejável quando a referência possa levar esta atividade a ser abandonada pelo inimigo.

5. Informações operacionais que não sejam secretas devem estar à disposição para a implementação de campanhas de propaganda

6. Para que seja eficiente, a propaganda deve despertar o interesse do público e ser trasmitida por um meio de comunicação que atraia a atenção.

7. Não importa se o material de propaganda é verdadeiro ou falso, desde que as pessoas acreditem nele.

8. O propósito, conteúdo e efetividade da propaganda inimiga, a força e os efeitos da exposição a ela e a natureza das campanhas inimigas atuais são os fatores que determinam se ela deve ser ignorada ou refutada.

9. Os efeitos da divulgação, as informações nela contidas e a sua credibilidade são os fatores que determinam se materiais de propaganda devem ser censurados.

10. Material de propaganda do inimigo pode ser usado em operações quando isto diminuir o prestígio do inimigo ou apoiar os objetivos do propagandista.

11. A propaganda subliminar deve ser usada quando a propaganda aberta tem menos credibilidade ou produz efeitos indesejáveis.

12. A propaganda pode ser auxiliada por líderes prestigiados.

13. A propaganda deve vir na hora certa e não insistir demais.
a. Ela deve sempre atingir o público antes da propaganda inimiga.
b. Cada campanha de propaganda deve começar no momento em que ela venha a ter mais efeito
c. Cada tema de propaganda deve ser repetido o suficiente para "pegar", sem que a repetição o leve a perder sua efetividade

14. Toda propaganda deve rotular acontecimentos e pessoas com frases e slogans de fácil memorização.
a. Ela deve evocar reações desejáveis a partir do que a população já sinta.
b. Ela deve ser facilmente aprendida
c. Ela deve ser usada repetidamente, mas apenas nas ocasiões apropriadas
d. Ela não deve poder ser usada contra o propagandista

15. A propaganda para consumo doméstico deve procurar impedir expectativas elevadas demais, que podem causar desapontamentos quando não forem cumpridas.

16. A propaganda para consumo doméstico deve manter o nível mais eficiente de ansiedade pela vitória.
a. A propaganda deve reforçar a ansiedade quanto às conseqüências de uma derrota
b. Deve haver uma ação de propaganda específica para diminuir quaisquer ansiedades excessivas que não as referentes às conseqüências de uma derrota, quando elas não sejam diminuídas por ação popular espontânea

17. A propaganda para consumo doméstico deve diminuir o impacto da frustração.

a. Frustrações inevitáveis devem ser previstas e combatidas de antemão
b. Frustrações inevitáveis devem ser colocadas em perspectiva

18. A propaganda deve facilitar o deslocamento da agressividade, especificando quem é odioso.

19. A propaganda não pode afetar diretamente tendências contrárias fortes demais; ao invés de tentar fazê-lo, ela deve oferecer alguma forma de ação ou diversão (podendo combinar estas duas táticas).