Chávez saúda o público durante parada militar em 12 de abril em Caracas (Foto: AFP)


Chávez apóia Rússia no conflito da Geórgia e vê 'agressão dos EUA'
Para venezuelano, americanos 'usam' Geórgia para atacar russos.
Ele disse que ligou para Putin na quinta-feira para expressar apoio.

Da EFE, em Caracas Via G1

presidente venezuelano, Hugo Chávez, reafirmou neste domingo (17) o apoio de seu governo à Rússia diante da "agressão dos Estados Unidos", país a que acusa de utilizar a Geórgia para impulsionar o conflito na Ossétia do Sul, com o objetivo de "rodear, minimizar e cercar Moscou".

"Estamos com a Rússia e estamos com o respeito à soberania das nações!", declarou Chávez, em uma breve referência ao conflito da Ossétia do Sul em seu programa de rádio e televisão "Alô Presidente".

O governante disse ter conversado por telefone, há três dias, com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, para transmitir-lhe o apoio de seu governo.

Chávez também anunciou que "em breve" o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, visitará Moscou, em resposta a um convite do governo russo, para continuar com o aprofundamento da cooperação bilateral.

Nos últimos três anos, a Venezuela concretizou a compra junto à Rússia de 24 aviões de caça Sukhoi 30 e de 50 helicópteros de guerra, no valor de US$ 2 bilhões, além de 100 mil fuzis AK-103, segundo dados oficiais russos.

Na quinta-feira passada, o governo da Venezuela comemorou os "passos dados em favor do restabelecimento da paz na Ossétia do Sul", e acusou os Estados Unidos de terem "planejado, preparado e ordenado" o conflito armado na zona.

Em comunicado, a Chancelaria venezuelana expressou que "a ofensiva militar desdobrada pela Geórgia na Ossétia do Sul, sem razão alguma (...) foi planejada, preparada e ordenada pelo Governo dos Estados Unidos".

Caracas "observou ainda que a Federação Russa, amparada nos acordos internacionais que legitimam a presença de suas forças de paz na Ossétia do Sul, atuou para preservar a vida da população osseta", diz o comunicado oficial.


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Otan, dividida ante a Rússia, vai reiterar apoio à Geórgia

Da France Presse Via G1

(AFP) - Os ministros de Relações Exteriores da Otan vão reiterar terça-fera o apoio à Geórgia durante reunião extraordinária em Bruxelas, mas parecem divididos sobre a estratégia a tomar a longo prazo ante a Rússia.

"Examinaremos com nossos aliados e de forma bilateral as conseqüências das ações da Rússia, em relação a sua integração nas instituições", disse a secretária americana Condoleezza Rice que vai participar.

O encontro de Bruxelas foi convocado a pedido de Washington.

As tropas russas entraram no dia 8 de agosto na Geórgia em represália por uma ofensiva militar empreendida por Tbilisi um dia antes, para tomar o controle da Ossétia do Sul, uma região separatista pró-russa.

Em abril, os dirigentes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) se negaram a conceder imediatamente o status oficial à adesão da Geórgia e da Ucrânia, duas ex-repúblicas soviéticas, embora tenham aceitado acolhê-las no futuro. Naquela época, Alemanha e França haviam expressado reticências.

O acesso de Tbilisi e Kiev à candidatura oficial à adesão, será objeto de nova avaliação em dezembro pelos 26 países da Otan. Moscou se opõe mais que nunca à ampliação da Aliança Atlântica a suas fronteiras.

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EUA dizem que não há retirada de tropas russas da Geórgia

Washington pede que Rússia saia do país 'imediatamente'; recuo será concluído na sexta-feira, diz Moscou

Efe e Reuters - Via Estadão

WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos afirmou nesta terça-feira, 19, que não viu ainda uma movimentação séria de retirada das tropas russas da Geórgia, e pediu novamente à Rússia para abandonar "imediatamente" o país e cumprir o acordo de paz. A Rússia desacelerou nesta terça-feira a retirada de suas unidades militares de território georgiano, tanto da província separatista Ossétia do Sul quanto da zona administrada por Tbilisi. "Não vemos muitas mudanças nas forças (russas) que estavam ali", disse o porta-voz do Pentágono, Brian Whitman.
Apesar das críticas de demora no recuo, nesta terça-feira o presidente Dmitri Medvedev assegurou que a Rússia deve concluir a retirada das tropas da Geórgia na sexta, 22. Em conversa por telefone com o líder francês, Nicolas Sarkozy, ele disse que "parte das forças de paz serão trazidas de volta à zona de segurança temporária". "O contingente remanescente será levado para a Ossétia do Sul e Rússia", informou um comunicado do Kremlin.

Do Departamento de Estado americano, o porta-voz adjunto interino, Robert Wood, afirmou que não há sinal de que as forças de Moscou estejam se retirando. "Pedimos à Rússia que (as tropas) saiam imediatamente da Geórgia", disse. O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Gordon Johndroe, ressaltou, por sua parte, que a Rússia "não precisou de três ou quatro dias para entrar na Geórgia", logo "não deveria necessitar de três ou quatro dias para sair" dali.

Quanto às informações que indicam que as forças russas se apoderaram de vários veículos Humvee americanos, Johndroe afirmou que se isso for verdade, os russos têm que devolvê-los o mais rápido possível. "Esperamos da Rússia que devolva qualquer equipamento que seja dos Estados Unidos e que o devolvam rápido, se realmente o têm", disse o porta-voz da Casa Branca.

O subsecretário do Tesouro, Robert Kimmitt, afirmou que a Rússia "não está jogando com as normas do século XXI" e está prejudicando o clima empresarial no próprio país, ao fazer com que os investidores estrangeiros busquem oportunidades em outros lugares.

"Se (os russos) olharem ao futuro a longo prazo, e verem uma melhor vida para seus cidadãos, vão necessitar de acesso aos mercados internacionais, participar de organizações internacionais chave e atrair investimento direto estrangeiro", disse.

O Departamento do Tesouro, que colaborou com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BM) e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (Berd) para promover reformas econômicas na Geórgia, prometeu que ajudará o país para que sua economia não seja castigada pelo conflito.


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Russos identificam deficiências nas suas Forças Armadas
Equipamentos velhos e mau treino, são razões de preocupação
ÁREA MILITAR

As análises militares sobre a recente campanha na Geórgia ainda estão por fazer e as conclusões que são sempre retiradas após cada conflito só poderão ser tiradas depois de o pó assentar sobre o que foi o campo de batalha.

Mas não sendo ainda possível efectuar análises profundas, vários analistas militares levantaram já várias questões sobre o desenvolvimento do conflito, as tropas envolvidas e as tácticas e meios utilizados pelos dois lados.

Os analistas em Moscovo têm feito várias criticas à capacidade do exército russo e colocado várias perguntas que colocam em causa alguns dos investimentos militares russos mais recentes.

Três principais problemas foram apontados às forças russas.

O primeiro problema e deficiência apontada tem a ver com a fraca capacidade do exército russo para obter informação sobre o inimigo. Segundo fontes em Moscovo, citadas pela imprensa árabe, a Rússia deveria ter capacidade para fazer reconhecimento do terreno e deveria ter capacidade para perceber a tempo a movimentação do exército da Geórgia, se quisesse evitar o conflito, agindo preventivamente em vez de permitir aos georgianos tomar a iniciativa.

Prova desta deficiência russa foi demonstrada no campo do reconhecimento aéreo A Rússia perdeu um bombardeiro Backfire utilizado na função de reconhecimento, quando deveria ter aeronaves não tripuladas com capacidade para o fazer. No entanto esta acção por parte dos russos foi defendida por outras fontes que afirmaram que a utilização uma aeronave como o Tu-22M justificava-se na altura pela dificuldade que apresentaria a utilização de uma aeronave de reconhecimento não tripulada que facilmente poderia ser abatida.

Esta questão está directamente relacionada com o segundo problema apontado e que foi a dificuldade inicial da Rússia em conseguir estabelecer o completo domínio aéreo perante uma força aérea que estava equipada com apenas seis aviões.

A Rússia reconhece a perda de quatro aeronaves, entre as quais um bombardeiro Tu-22M e mais três aeronaves de bombardeamento, mas a Geórgia reclama ter abatido pelo menos 20 aeronaves.
Considera-se que qualquer das fontes deverá ter exagerado o numero.

As criticas no caso das aeronaves não são tanto à qualidade das mesmas mas sim à qualidade dos pilotos. Segundo analistas russos não ligados a órgãos de comunicação da Rússia, mais uma vez citados no ocidente, a força aérea russa tem um problema grave com o reduzido numero de horas de voo de cada piloto, que está muito abaixo dos níveis mínimos dos pilotos ocidentais. Esta falta de treino estará na origem dos problemas encontrados no inicio do conflito.

O calor e a falta de confiança na blindagem, levaram os russos a viajar no exterior dos veículos. O próprio comandante do 58º exército russo foi atacado nestas circunstâncias
A terceira crítica é feita à organização do exército russo.
As forças que entraram na Geórgia foram segundo as mesmas fontes russas, constituídas por tropas mal armadas e isto embora a região do Cáucaso fosse a região mais beneficiada com gastos militares em 2006-2007.

As tropas utilizaram tanques T-72B, alguns deles modernizados e o tanque russo mais utilizado foi o tanque T-62, concebido nos anos 60 e integrado na Brigada Mecanizada do Ministério do Interior que foi enviada para a Geórgia.

Mais ridícula ainda foi a total falta de coordenação das forças russas. O próprio comandante do 58º russo foi ferido em combate pelos georgianos e não foi feito prisioneiro por pouco.

Esta falta de coordenação, junta com a falta de qualidade do equipamento, levou a que as operações, embora recorrendo a algumas poucas unidades comandadas de forma eficiente dependessem muito de forças constituídas na sua maioria por pessoal do Serviço Militar Obrigatório que vive em condições muito duras. Esses militares em entrevista às televisões ocidentais confessaram que só queriam voltar para casa. [1]

A grande crítica feita ao exército russo, é a de que a Rússia esmagou Geórgia com a doutrina tradicional do tempo de Estaline e Brejnev, que nunca se baseou na utilização da tecnologia e dos meios disponíveis, mesmo os mais básicos, mas sim na força bruta e no numero avassalador para conseguir a vitória. Os tanques utilizados eram T-72 e T-64 completamente ultrapassados.
Carro BMD-3 das forças aerotransportadas russas: Entre os menos antigos dos meios que a Russia utilizou no conflito

As mesmas fontes russas afirmaram que havia militares que nitidamente estavam com medo de seguir nos seus tanques pois eles são conhecidos pela sua fraca protecção, o que já foi demonstrado em variadíssimos conflitos e perante um inimigo melhor armado e determinado, a campanha na Geórgia poderia ter sido uma tragédia.

Também foram detectadas falhas na arma de artilharia, pois a falta de armas modernas de precisão, levaram a um número muito elevado de perdas humanas, que em última instância acabaram por prejudicar a Rússia internacionalmente. Exemplo disso foi a utilização de mísseis de médio alcance SS-21, que podem transportar ogivas nucleares.

Os analistas russos no entanto, foram unânimes em afirmar que o exército russo está neste momento melhor que o que estava há 12 anos atrás. Os gastos militares russos passaram de 7.000 para 40.000 milhões de dólares.

Mas embora os gastos militares tenham aumentado muito, o exército russo recebeu apenas 31 tanques novos em 2006 e em 2007 não chegou a receber 50 unidades to T-90, o tanque que está a substituir os mais antigos T-72 no exército russo. Por isso espera-se que a actual crise na Geórgia e os problemas detectados e identificados sejam utilizados como argumento pelos militares para pedir mais dinheiro para o exército e as forças armadas em geral.