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EMBRAER - AT-26 XAVANTE (Aermacchi MB-326)

Projetado por Ermanno Bazzocchi, o MB 326 (denominado AT-26-Xavante no Brasil) tinha linhas fluidas, excelente poder de manobra e performance, que o colocaram na liderança dos aviões de treinamento dos anos 60. Foram construídos 761 exemplares e utilizados por diversos países, entre eles o Brasil. Sua produção terminou em 1983. Como seus concorrentes, ele podia também cumprir missões de ataque leve. A versão principal foi o MB 326K, monoplace de ataque equipado com motor mais possante, com 2 canhões internos DEFA de 30mm e suportes externos para vários tipos de outros armamentos, entre os quais os mísseis ar-ar Matra Magic. Alguns exemplares foram exportados, mas seu maior utilizador foi a África do Sul, que fabricou sob liscença a versão Atlas Impala Mk2, bastante empregada em missões de combate. A Embraer também fabricou sob licença o MB 326 (Xavante) para a Força Aérea Brasileira.

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Texto de: Pedro Monteiro - Militaryzone Portugal

O Brasil tem vivido nas últimas décadas um impressionante crescimento da sua indústria aeronaútica, e tal levou a que a Força Aérea Brasileira (FAB) opere actualmente aeronaves de produção e projecção brasileira, como os modernos aviões de ataque AMX desenvolvidos conjuntamente com a Itália.

Este artigo aborda uma das aeronaves mais importantes para o desenvolvimento da indústria de aviões militares no Brasil, o AT-26 Xavante.

Este veterano é actualmente o jacto de treino avançado da FAB, e a par desta missão executa ainda missões de reconhecimento e ataque, embora esteja já a ser retirado e substituído pelo moderno caça/bombardeiro AMX. No Brasil, o Xavante foi construído sob licença pela EMBRAER, mas foi também produzido por outras nações, entre as quais Itália, Austrália e África do Sul.

A versão brasileira equipa as forças aéreas da Argentina, Togo e Paraguai. O avião além de possuir boas prestações como aeronave para treino avançado, revelou também ser uma aeronave com uma boa capacidade para missões de combate. Por exemplo, a variante sul-africana entrou em combate na Guerra da Namíbia (do lado da África do Sul) e a versão brasileira foi utilizada pela Argentina na Guerra das Malvinas em 1982.

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No total foram construídos 761 aeronaves em todo mundo (182 no Brasil). Os Xavantes (designação oficial M.B. 326) na Força Aérea Italiana (AMI) voaram mais de 400.000 horas e formaram um total de 1. 973 pilotos.

No Brasil, o AT-26 surgiu com a necessidade de a FAB substituir os seus AT-33 já no fim da vida operacional. Como requisitos principais a aeronave deveria fazer a transição para a primeira a aeronave supersónica a servir nesse ramo. A acrescentar havia o facto deste jacto de treino ter que possuir uma capacidade relativa para missões de ataque, pois havia uma necessidade igual de substituir os obsoletos AT-6.

O projecto italiano, o Aermacchi M.B. 326 (um avião muito semelhante ao AT-33A), era a aeronave ideal para os requisitos da FAB, desenvolvido com um configuração de dois assentos em linha, comum nos modernos aviões de treino e possuindo uma boa capacidade para missões de ataque e reconhecimento, pondo de parte uma configuração de assentos lado a lado semelhante à do T-37. O primeiro voo desta aeronave deu-se em finais de 1957, tendo no ano seguinte a AMI assinado um contracto para a compra das aeronaves.

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Um dos requisitos para uma nova aeronave de treino era que as aeronaves teriam de ser montadas no Brasil, numa primeira fase em kits, passando a ser produzidas na sua totalidade no Brasil numa segunda fase.

Estes factores ditaram desde logo um favorito, o M.B. 326. Já consciente do vencedor, a FAB transportou em Outubro de 1969 num avião C-130E um Aermacchi M.B. 326 proveniente da AMI, que realizou várias demonstrações pelo Brasil, ostentando já as insígnias da FAB. Após essas demonstrações voltou a Itália em Novembro do mesmo ano.

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O contrato para a produção do Xavante foi assinado no ano seguinte, tendo cabido à EMBRAER, criada a 18 de Agosto de 1969, a produção do avião. Foi incumbida de montar um lote inicial de 112 aeronaves para a FAB, que receberam a designação de fábrica de EMB.326GB, e o nome de Xavante.

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A produção do Xavante teve início com um ritmo acelerado, e em menos de 1 ano após a assinatura do contrato de produção saía das linhas de montagem o primeiro avião montado no Brasil. A produção do Xavante só pararia em 1981.

A sua polivalência tornou-o uma aeronave muito requisitada na FAB para várias missões, desde treino até missões de intercepção. As suas performances tornavam-no numa aeronave perfeita para fazer a transição de pilotos brasileiros dos aviões T-27 Tucano para aviões de combate a jacto.

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Um facto curioso e talvez desconhecido de alguns é que o Xavante chegou a possuir uma versão com capacidade para fazer reabastecimento aéreo. O Centro Técnico Aeroespacial desenvolveu durante a década de 80 um sistema REVO para reabastecimento aéreo do AT-26 Xavante, chegaram a ser realizados reabastecimentos envolvendo um KC-130H da FAB. Embora nunca tenha sido alargado à restante frota, este sistema permitiu que a aviação brasileira efectuasse o treino das tripulações de pilotos de caças em operações de reabastecimento aéreo com custos muito menores.

Um lançamento do MAA-1, no ano de 1995/1996, a partir do AT-26 Xavante.

Actualmente o número de Xavantes ao serviço na FAB ronda entre 40 e 60 aeronaves. Visto ser uma aeronave já muito antiga e obsoleta não vai ser modernizada pelo que se espera que seja substituída pelo AMX-T na conversão de pilotos para jacto e pelo ALX (versão melhorada do Tucano) para ataque ligeiro e treino básico. As aeronaves abatidas ao serviço poderão vir a ser doadas à Bolívia ou ao Paraguai.


Nome AT-26 Xavante
Tipo Aeronave de treino avançado e ataque ao solo
Fabricante EMBRAER
Autonomia 648 km
Velocidade Máx. 871 km/h
Altitude Operac. 14.000m
Motor(es) Rolls-Royce MK-540
Envergadura 10,84 m
Altura 3,72 m
Comprimento 10,65 m
Peso Máx. 5.220 kg
Armamento Variável
Operadores Brasil, Argentina, Paraguai e Togo
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O cenário na Aviação de Treinamento da FAB deverá mudar nos próximos anos, com a introdução em serviço dos AT-29 e, possivelmente, do AMX-T. A responsabilidade pelo treinamento básico na FAB continuará com os excelentes T-27 Tucano. É provável que, com a desativação futura dos T-25 Universal, os Tucano assumam também o treinamento primário. Isso iria ao encontro de um dos objetivos da “nova” FAB, que seria a diminuição do número de tipos de aeronaves em uso e obtenção da máxima padronização de equipamentos, como forma de diminuir custos. Após receberem seus AT-29, os AT-26 do 2º/5º GAv deverão ser repassados ao 1º/4º GAv, uma unidade de treinamento operacional, recentemente transferida de Fortaleza (CE) para Natal após uma decisão da FAB em concentrar todos os AT-26 restantes numa mesma base aérea. Assim, com entrada em serviço do A-29/AT-29, o 1º/4º GAv será será a última unidade operadora do Xavante na FAB.
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A entrega da primeira unidade do ALX ou A-29/AT-29 Super Tucano à Força Aérea Brasileira está prevista para meados deste ano, e já está decidido que a primeira unidade a receber o novo avião será o 2º Esquadrão do 5º Grupo de Aviação, em Natal (RN), para uso em treinamento avançado, substituindo os AT-26 Xavante usados atualmente. Outras unidades também receberão o avião de ataque leve da Embraer, como o 1º e o 2º Esquadrões do 3º Grupo de Aviação, baseados em Boa Vista (RR) e Porto Velho (RO) e que representam o “braço armado” do SIVAM. Além dessas duas unidades, a 2ª Esquadrilha de Ligação e Observação (2ª ELO), a ser transferida para a Base Aérea de Campo Grande (MS) e renomeada 3º Esquadrão do 3º grupo de Aviação, deverá operar o ALX. Isso, e mais a substuição dos AT-26/RT-26 Xavante no 1º e 3º Esquadrões do 10º Grupo de Aviação pelos RA-1/A-1, marcará a retirada do Xavante da primeira linha da Caça da FAB.
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A desativação dos Xavante tem suscitado dúvidas na própria FAB: uma corrente preconiza sua substituição pelo AT-29 apenas, enquanto outra prefere um mix do AT-29 e de alguma aeronave a jato para a tarefa de LIFT (Lead-in Fighter Trainer, ou Treinador para Conversão para Aeronaves de Caça). Se a segunda alternativa for a escolhida, e isso só o tempo e a experiência com os AT-29 no 2º/5º dirão, a versão de treinamento do AMX, denominada AMX-T, poderá ser uma boa opção. A recente aquisição de um lote de 12 unidades pela Venezuela pode ser um bom fator para impulsionar a aquisição de um quarto lote de AMX pela FAB, composto de 20 a 24 AMX-T, pois manteria a linha de produção do avião na Embraer aberta por mais alguns anos. A compatibilidade com os equipamentos e aviônicos usados nos F-5BR, nos A-1M e nos ALX é um importante ponto e certamente não deixará de ser considerado pela FAB quando chegar o momento de substituir definitivamente os AT-26 Xavante.

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