Exercício militar permitiu simular cenário do Afeganistão
Força Aérea “transforma” Aeródromo de Seia num cenário de guerra

Fonte: Portal da Estrela


Exercício envolveu dez aviões F-16, quatro helicópteros Allouette III, dois aviões Aviocar e duas equipas de controladores tácticos, uma portuguesa e uma norte-americana.

A Força Aérea Portuguesa está a fazer um exercício táctico que simula um cenário semelhante ao do Afeganistão em território nacional, envolvendo cerca de 400 militares e a participação de todos os ramos das forças armadas.

O exercício, que começou dia 19 de Janeiro, denomina-se “Real Thaw 09” (descongelamento real 09), é da responsabilidade do Comando Operacional da Força Aérea, mas planeada e executada pela esquadra de aeronaves F16 301 Jaguares, sediada na Base Aérea nº 5 (BA5), de Monte Real, Leiria.

«É o mais importante exercício nacional», revelou quinta-feira aos jornalistas o comandante do grupo operacional da BA5, João Pereira, destacando, também, a importância de, pela primeira vez, se estar a operar o “targeting pod”.

«Trata-se de um equipamento que se coloca no F16, que emite um feixe laser que atinge o alvo no chão. A bomba “olha” para o feixe, mesmo que este se mova, até atingir ao alvo», descreveu o militar.

Exercício «não existe na Europa»

Por seu turno, o comandante da esquadra de aeronaves F16 301 Jaguares, Carlos Lourenço, lembrou que o exercício «não existe na Europa», embora «numa escala maior» seja realizado nos Estados Unidos da América. «É simular um cenário semelhante ao do Afeganistão em território nacional», observou.

Veterano Helicóptero Allouete
F-16 MLU equipado com o pod designador
de alvos Litening AIT


Neste dia, a operação, desenvolvida ao minuto, passava por resgatar, no aeródromo de Seia, zona onde se desenvolveu grande parte deste exercício, um piloto cujo F16 tinha sido abatido pelas forças inimigas no dia anterior.

A descrição do exercício, assim como as condições meteorológicas previstas, foram os temas dos “briefings” realizados pela manhã e que antecederam a operação durante a tarde.

A acção passou, primeiro, pela colocação de militares em terra, destacando-se os controladores tácticos, seguindo-se o lançamento de pára-quedistas, responsáveis pela segurança ao local, e a aterragem de um aviocar com uma equipa médica e elementos que garantiam a segurança do avião.

Depois, os helicópteros Allouette, com o piloto que se tinha ejectado no dia anterior, e, ainda, dois F16, munidos de armamento para a eventualidade de ser usado se alguém se aproximar do local de salvamento.

Preparados para todos os cenários

Diariamente, estão envolvidos no exercício cerca de 250 militares, nove estrangeiros: seis norte-americanos e três dinamarqueses.

«Tudo o que implicar uma operação nossa, em princípio é dentro de um conjunto de forças aliadas e nós temos que ter essa experiência de voar com os outros», declarou o major Carlos Lourenço a este propósito.

Por outro lado, apontou as «vantagens» da realização de uma operação destas em território nacional, como «o bom tempo». «Na Europa, eles nestes meses de Inverno não voam muito, têm dificuldades em fazer missões», afirmou o comandante, sublinhando, ainda, as características da acção: «É um exercício chamativo, porque replica cenários reais que estão a acontecer agora».

Segundo o militar, «os pilotos precisam de fazer estas missões para conseguirem qualificações» de forma a actuarem, por exemplo, no Afeganistão. «Neste momento, em termos operacionais, estamos capacitados para voar e para assumir qualquer missão dentro da NATO, mesmo que seja de liderança», garantiu ainda o comandante da esquadra de aeronaves F16 301 Jaguares.

O exercício, que se prolonga até dia 12, prevê, esta semana, a participação da Marinha.

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Força Aérea faz exercício militar inédito na Europa

Fonte: Diário de Noticias Portugal - MANUEL CARLOS FREIRE

Defesa. Operações envolveram forças estrangeiras e terminam na quinta-feira
A Força Aérea conclui na quinta-feira um exercício militar inédito na Europa e que, em vez do tradicional treino de combate entre aviões de caça, privilegiou o emprego dos F-16 no apoio às forças terrestres e navais.

Centrado na base aérea de Monte Real, o exercício conjunto (com meios da Armada e do Exército) e combinado (envolvendo forças estrangeiras) Real Thaw 09 iniciou-se no passado dia 19 de Janeiro e tem permitido treinar diversas missões: escolta de helicópteros (meios lentos) e de colunas de viaturas terrestres que prestam ajuda humanitária e apoio aéreo a militares envolvidos em operações em zonas urbanas.

As chamadas "operações compostas" de ataque aéreo (emprego simultâneo de diferentes tipos de aviões numa missão específica), o resgate de militares e civis em território inimigo, o apoio aéreo a forças de operações especiais, lançamento de pára-quedistas e de carga aérea, busca e salvamento, assalto e protecção de aeródromos, operações aéreas em ambiente marítimo e trabalho com controladores aéreos tácticos têm sido outras missões treina- das no exercício.

Segundo fontes da Força Aérea, a opção de treinar o apoio às forças terrestres e navais - em detrimento dos habituais combates ar-ar e ataques ao solo com bombas - permitiu testar o emprego dos aviões "em cenários realistas e actuais". Não especificando quais os tipos de missões reais envolvidas no planeamento do exercício, a informação disponibilizada pela Força Aérea permite admitir que as guerras no Afeganistão ou em Gaza foram tidas em conta nos cenários testados.

Estados Unidos

O Real Thaw 09 é um exercício que tem como modelo o Green Flag norte-americano - o único do género no Ocidente, envolvendo cerca de 2600 efectivos no chão - e onde os aviões de combate treinam operações de apoio aéreo próximo e resolução de problemas em terra.

A uma escala muito menor, o Real Thaw 09 surge como o primeiro exercício daquele género na Europa, assinalaram fontes da Força Aérea ligadas ao evento. As condições climatéricas e de utilização do espaço aéreo em Portugal, mais favoráveis do que no resto do Velho Continente, favorecem a realização desse tipo de treino com a participação de várias Forças Aéreas europeias - além de evitar os custos da participação no Green Flag norte-americano, adiantaram as referidas fontes.