A crise é para todos
Rússia corta 15% no orçamento de defesa
ÁREA MILITAR

Embora as declarações dos militares russos sobre as necessidades de reaparelhamento das forças armadas da Rússia tenham nos últimos tempo posto a descoberto muitos dos problemas da força, a crise económica que o país presentemente vive, piorada com a acentuada queda do preço do petróleo, parece por em causa planos para o futuro.

Afectada com a redução de efectivos e de estruturas herdadas do período soviético, a Rússia mantém ainda muitas heranças da estrutura soviética de comando, que reconhecidamente não era das melhores. Mas mais grave que isso, é a herança dos sistemas e equipamentos presentemente em serviço que são na maioria dos casos ainda herdados do período soviético.

A força aérea tem pelo menos um terço das suas aeronaves inoperacionais sem conseguir sequer levantar voo por falta de peças e daquelas que conseguem voar, não se sabe quantas estarão em condições de entrar em combate. Em Agosto de 2008, perante um país minúsculo, a força aérea russa não foi capaz de demonstrar qualquer capacidade para apoiar o exército, a capacidade para efectuar bombardeamentos de precisão foi considerada nula e mesmo um sofisticado bombardeiro estratégico Tu-26 Backfire foi abatido pela defesa anti-aérea da Geórgia.

Os carros de combate das tropas russas são em muitos casos velhos e antiquados. Embora as fábricas russas tenham lançado no mercado modelos novos do tanque T-72 (conhecido como T-90), o rápido avanço das tecnologias torna os tanques comprados novos, obsoletos ainda no papel, o que tem levado os dirigentes russos a optar por fazer modernizações aos T-72 e T-80 mais antigos, tentando assim reduzir os custos com a aquisição de sistemas novos.

A marinha da Rússia, que tem recebido alguma atenção nos últimos tempos como forma de afirmação internacional da Rússia, não está muito melhor, pois embora os russos tenham voltado a tornar operacionais alguns dos navios da antiga URSS apenas conseguiram lançar um único navio moderno desenhado depois do colapso da URSS. Tudo o resto são projectos antigos que tinham sido abandonados e que foram repescados e modernizados, como é o caso das fragatas da classe Neustrashimy.

Embora vários planos tenham sido apresentados com o objectivo de aumentar os gastos militares, a crise parece que os terá congelado pelo menos durante o próximo ano, pois a imprensa russa anunciou uma redução de 15% no orçamento de defesa, tendo em consideração as actuais dificuldades financeiras. A redução orçamental não é definitiva e poderão ser efectuados mais cortes.

Os problemas para a Rússia são múltiplos e começaram no inicio de 2008. A bolsa russa, que já estava com problemas entrou em colapso com a invasão da Geórgia, uma acção militar que foi vitoriosa do ponto de vista militar, mas absolutamente desastrosa do ponto de vista das relações internacionais.

Embora secretamente o governo russo começou a injectar muito do dinheiro das suas vastas reservas de Ouro na economia, mas a esse problema juntou-se a quebra nos preços do petróleo (a principal exportação russa) que também condicionou os preços do Gás. A bolsa de Moscovo entrou em colapso e mesmo com o apoio do Estado a moeda russa perdeu um terço do seu valor apenas nos últimos 3 meses.

Cortes não afectam novos armamentos
No entanto, segundo as mesmas fontes os recursos para apoiar o desenvolvimento de novas armas não deverão ser afectados, pois tal possibilidade, quando as forças se encontram numa situação de crise poderia por em causa o futuro dos vários ramos das forças armadas.

O desenvolvimento mais significativo em curso, é o da futura aeronave de superioridade aérea que deverá substituir o Su-27 e derivados (Su-35), presentemente em operação que não serão mais adquiridos pela Força Aérea da Rússia.

Também há investimentos especialmente na área da construção de submarinos que não deverão ser afectados pelos cortes orçamentais