Venda da Eleb cresce no ano com Embraer e exportações

Virgínia Silveira - Valor Econômico

Apesar da crise financeira e econômica, que já dura quase um ano e que afetou os negócios no mercado internacional de aviação, a fabricante de trem de pouso Eleb, controlada pela Embraer, continua trabalhando a todo o vapor para atender aos programas da empresa-mãe, responsáveis por 65% da sua receita.

Única fabricante brasileira nesse segmento, a Eleb figura entre as quatro mais importantes companhias do setor. À sua frente estão a francesa Messier Dowty, a americana Goodrich e a alemã Liebherr, que até julho de 2008 detinha 40% do seu capital, por meio de uma joint venture com a fabricante brasileira de jatos regionais

"Temos um número suficiente de pedidos firmes em carteira que nos permite atravessar esse período difícil de maneira tranqüila", afirma o diretor da Eleb, José Luiz Fragnan. A empresa, segundo o executivo, está bastante envolvida também com o programa dos jatos Phenom, cujas vendas ainda permanecem em uma patamar satisfatório.

A Eleb exporta atualmente 25% da sua produção e 10% da sua receita vem da prestação de serviços de manutenção e reparo de trens de pouso para as Forças Aéreas do Brasil e de países da América do Sul e para operadores de helicópteros e jatos no Brasil. Este ano, a Eleb prevê alcançar faturamento de US$ 120 milhões e vai investir US$ 13 milhões em novos equipamentos e tecnologia. O recursos destinam-se para obtenção de melhoria de produtividade e para o atendimento das necessidades da Embraer.

"O modelo Phenom 100 já tem 80 unidades entregues em sete meses e o Phenom 300 ainda nem começou a produção em série", afirmou o executivo. No ano passado, a Eleb atingiru receita de US$ 116,3 milhões e entregou 300 conjuntos de trem de pouso. Em 2009, a previsão é de entregar um total de 350 conjuntos.

Com o domínio do ciclo completo de desenvolvimento, produção e pós venda de trens de pouso e componentes hidráulicos e eletromecânicos para aeronaves de asa fixa e rotativa, a Eleb Equipamentos, hoje 100% controlada pela Embraer, assumiu sozinha o fornecimento desses sistemas da sua nova família de jatos executivos: os modelos Phenom 100 e Phenom 300.

Durante mais de 10 anos, o desenvolvimento e a produção do trem de pouso dos jatos comerciais da Embraer foram compartilhados com a acionista minoritária da Eleb, a Liebherr. A joint venture entre a companhia brasileira e a fornecedora alemã, segundo Fragnan, representou um aprendizado importante para a Eleb, que ainda mantém a parceria, iniciada com o desenvolvimento dos trens de pouso da primeira família de jatos regionais ERJ 145 e ampliada em 1999 com o programa do jato Embraer 170.

"A Liebherr é responsável fornecimento do trem de pouso principal dos jatos do programa 170/190 e a Eleb entra com o trem de pouso auxiliar ou de nariz. Na família dos jatos 145, nós fornecemos o trem de pouso principal e componentes do sistema e a Liebherr, o trem auxiliar", explica Fragnan. A parceria com a Liebherr também ajudou a Eleb a fortalecer a sua marca no mercado internacional.

Entre os negócios realizados no mercado externo, a empresa destaca o fornecimento do sistema completo do trem de pouso do helicóptero S-92, da americana Sikorsky (115 sistemas desde 2005), o trem de pouso auxiliar da aeronave chinesa ARJ 21, que compete com o jato 170 da Embraer, componentes para o Airbus Air Tanker, aeronave de reabastecimento em vôo, da Airbus, além dos contratos que já mantinha com a própria Liebherr, sua antiga parceira.

A Eleb, segundo Fragnan, também deverá ser contemplada nos projetos do novo cargueiro KC-390 que a Embraer está desenvolvendo em conjunto com a FAB e dos 50 helicópteros EC-725, que o governo brasileiro comprou da francesa Eurocopter. "Neste caso, como o helicóptero já existe, a Eleb poderá atuar através do seu centro de serviços, na parte de manutenção dos equipamentos", informou o diretor.

No KC-390 o executivo explica que a Eleb está apoiando a fabricante do cargueiro na fase de definição das especificações e estudos preliminares. "Esse projeto representa um grande desafio tecnológico para Embraer e para Eleb, pois trata-se de um produto totalmente novo, já que nunca fizemos - uma aeronave cargueira e de asa alta. Todos os jatos Embraer possuem asa baixa".

Fundada em 1984 como uma divisão de equipamentos da Embraer, a Eleb iniciou suas atividades com a fabricação, sob licença, dos trens de pouso do caça AMX, para a FAB. "O programa AMX capacitou a Eleb para atuar nesse mercado e posteriormente para sermos o fornecedor exclusivo do sistema completo de trem de pouso do Supertucano, que utiliza tecnologia 100% nacional", diz.

Localizada em São José dos Campos, numa área industrial para empresa de pequeno porte, a Eleb tem 600 empregados.