Aniversário da morte de brasileiro será Dia Mundial Humanitário

Reuters/Brasil Online - O Globo - Por Stephanie Nebehay

Os trabalhadores humanitários mortos em meio a conflitos serão lembrados neste ano pela primeira vez com uma data comemorativa, na quarta-feira, quando se completam seis anos do atentado que matou 22 pessoas na sede da ONU em Bagdá, inclusive o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, que era o chefe da missão.

Uma fundação criada pela viúva dele, Annie, e por ex-colegas se mobilizou para homenagear os heróis modernos que se sacrificam para fornecer alimentos, água potável, vacinas e abrigo a civis apanhados em guerras e desastres.

"O 19 de agosto foi a primeira vez que a ONU foi atacada direta e violentamente, mas será uma ocasião para lembrar todos os que fazem trabalho humanitário que perderam suas vidas", disse Annie Vieira de Mello à Reuters em Genebra, onde se dará a cerimônia.

A Assembleia Geral adotou em dezembro, por iniciativa da Suécia, uma resolução criando esse Dia Mundial Humanitário, separadamente do Dia das Forças de Paz da ONU, em 29 de maio.

"Nos últimos 10 anos, 700 trabalhadores humanitários perderam suas vidas em ataques, seqüestros e assaltos. Esse dia os homenageia", disse Elisabeth Byrs, porta-voz do Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, em uma entrevista coletiva.

"Os trabalhadores humanitários estão sendo cada vez mais visados em ataques, é um problema real. Como resultado, as operações de ajuda são frequentemente interrompidas, privando pessoas vulneráveis de mantimentos", disse ela.

Em 2008, 260 trabalhadores humanitários foram vítimas de ataques violentos - sendo mortos, seqüestrados ou gravemente feridos, segundo o Instituto de Desenvolvimento do Exterior, entidade britânica que monitora esses casos. Foi o maior número em 12 anos desse levantamento.

Desse total, 122 deles foram mortos no ano passado, em comparação aos 36 de 1998.

"A taxa de mortalidade em 2008 para os trabalhadores humanitários internacionais excede o de tropas de paz da ONU", disse o grupo num recente relatório.

"Os ataques contra trabalhadores humanitários aumentaram fortemente desde 2006, com uma particular tendência de alta nos seqüestros."


Atentado que matou Sérgio Vieira de Mello completa seis anos

BANDnews

Sérgio Vieira de Mello sete meses antes de sua morte.

Sérgio Vieira de Mello sete meses antes de sua morte.


Os atentados terroristas que abalaram Bagdá nesta quarta-feira coincidem com o sexto aniversário do ataque à sede da ONU que causou a morte de 22 pessoas, entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello.

diplomata brasileiro era enviado especial do então secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan ao Iraque.

A época, o país havia sido invadido pelos Estados Unidos há cinco meses e, com a rápida tomada de Bagdá e a queda de Saddam Hussein, pairava uma sensação de que eles estavam perto de completar a operação militar.


Mesmo sem ter aprovado a invasão, as Nações Unidas aceitaram participar do que os norte-americanos chamavam de “esforço de reconstrução”. Porém, o atentado contra o hotel que servia de escritório da organização foi o primeiro de uma série de centenas de ataques que, até hoje, provocam dezenas de mortes em todo o Iraque.

Sérgio Vieira de Mello chegou a ser atendido por paramédicos, mas a equipe de resgate não conseguiu soltar as pernas do diplomata, que estavam sob os escombros.

Em memória dele e de todos os funcionários humanitários mortos em atentados pelo mundo, a ONU declarou o dia 19 de agosto como “Dia Internacional Humanitário”.