Caso «Arctic Sea»
NATO guiou russos para navio desaparecido

ÁREA MILITAR

Continua envolta numa espessa nuvem de dúvidas a operação de tomada do navio de carga «Arctic Sea» propriedade de uma empresa finlandesa e registado em Malta, que transportava madeira de um porto na Finlândia para a Argélia.

O navio, com tripulação maioritariamente russa, saiu da Finlândia e terá sido abordado próximo a águas da Suécia por pessoas que se fizeram passar por policias suecos. No entanto, aparentemente esses presumíveis assaltantes terão abandonado o navio 12 horas depois. O navio prosseguiu a sua rota passando pelo Canal da Mancha, mas a 30 de Julho os seus sinais de identificação deixaram de ser emitidos e o navio «desapareceu».

A 16 de Agosto, foi noticiado que o navio tinha sido descoberto ao largo de Cabo Verde, mas desde 14 de Agosto que os russos sabiam onde estava. Encontrava-se fora de águas territoriais e mesmo fora de qualquer zona económica, e foi abordado pela fragata da marinha russa «Ladny», um navio do tipo Krivak-I. A fragata de luta anti-submarina Ladny, foi lançada à água em 1978 e entregue à marinha russa em 1980.

As dúvidas sobre a estranha situação aumentaram, quando se sabe que a marinha daquele país não dispõe de meios adequados para efectuar operações de busca da dimensão necessária para encontrar um navio no mar.

A probabilidade de a fragata Ladny, sozinha, encontrar o cargueiro Arctic Sea era praticamente idêntica à probabilidade de encontrar uma agulha num palheiro, pois o navio não foi sequer concebido para operações do tipo e mesmo que fosse, a sua idade e obsolescência dos seus sistemas também seriam impeditivos.

As especulações que já tinham começado a circular aumentaram, com alegações de que estaria em causa trafico de vários tipos, armamento, mísseis de cruzeiro e mesmo armas nucleares traficadas pelos próprios militares russos.

As alegações e teorias da conspiração são normais nestas circunstâncias e especialmente quando dizem respeito às forças armadas russas, onde este tipo de problemas é reconhecido pelos próprios comandos. A falta de informação acaba aumentando ainda mais as especulações.


Nesta Sexta-feira dia 21, a imprensa russa revelou no entanto, que a fragata Ladny foi dirigida para o navio sequestrado com a ajuda de dados fornecidos pelos militares de países da NATO.

Segundo a mesma fonte, o navio estava já a ser seguido desde Terça-feira dia 11 de Agosto. Não se sabe porém quem detectou o navio nem que tipo de métodos foram utilizados.

Sabe-se que quando um navio desliga os seus sistemas de sinalização, que enviam um sinal codificado que pode ser captado, permitindo determinar a sua posição, ele se torna quase invisível.
No entanto essa invisibilidade é relativa, pois se o navio não é detectado de forma passiva, ele pode ser detectado de forma activa.

Vários países da NATO, com meios mais sofisticados e integrados de vigilância naval e aeronaval, podem efectuar pesquisas utilizando aeronaves de vigilância e cruzar os dados obtidos pelos seus próprios sensores, com os dados resultantes dos sistemas de vigilância.

Isto permite tirar como que uma espécie de foto em negativo sector a sector. Depois, com essa informação coligida, são removidos da «foto» tirada por um avião de patrulha, todos os sinais que estão identificados pelos sistemas automáticos de vigilância marítima.

Os «ecos» que aparecem na pesquisa feita a partir de uma aeronave, mas que não aparecem nos sistemas de vigilância, são alvos primários para uma identificação, pois normalmente corresponde, a navios que não têm os seus sistemas de identificação ligados.

Passaram-se onze dias entra a data em que o navio desapareceu e terá voltado a ser identificado por um país da NATO. Mais cinco dias passaram até que a fragata Ladny chegasse ao lugar a noroeste de Cabo Verde onde o navio foi abordado e a sua tripulação salva, com os assaltantes aprisionados.

As autoridades russas tinham preparadas aeronaves do tipo IL-76 de transporte que foram enviadas para Cabo Verde para trazer tripulação e assaltantes.
Os assaltantes são russos, estónios e letões.