Soldados russos montam guarda em um posto militar na fronteira com a Ossétia do Sul

Chefe de espionagem russo alerta sobre nova guerra na Geórgia

Reuters/Brasil Online - O Globo

O chefe da poderosa agência de inteligência militar da Rússia disse na quinta-feira que a Geórgia pode atacar de novo a Ossétia do Sul, a região pró-Moscou pela qual os dois países lutaram no ano passado.

Alexander Shlyakhturov, que em abril assumiu o comando do GRU -acrônimo russo para Agência Chefe de Inteligência da Rússia- disse que a situação era hostil e acusou a Otan de continuar a fornecer armas para a Geórgia.

"A situação com a Geórgia continua tensa porque as atuais autoridades georgianas não apenas se recusam a reconhecer a soberania da Abkházia e da Ossétia do Sul, mas tentam de todo modo recuperar a jurisdição sobre esses países", disse em uma rara entrevista para a agência estatal de notícias ITAR-TASS.

"É preciso adicionar a isso as tentativas imprevisíveis da liderança georgiana, chefiada pelo (presidente Mikheil) Saakashvili, que pode ceder à tentação de usar a força para domar essas repúblicas obstinadas, como fez no ano passado", disse. "Não descartamos essa possibilidade."

A Ossétia do Sul e a Abkházia romperam com o governo da Geórgia no início dos anos 1990. A Rússia reconheceu ambos como Estados independentes depois da guerra de cinco dias no ano passado, quando repeliu um ataque georgiano na Ossétia do Sul.

Mas apenas outros dois países, Nicarágua e Venezuela, seguiram o exemplo russo, e o resto do mundo continua a ver as duas regiões como partes da Geórgia.

Shlyakhturov disse que os "novos membros da Otan" no leste europeu estavam fornecendo armas e munição para a Geórgia, enquanto Israel providenciava aviões e a Ucrânia, artilharia pesada e sistemas de defesa aérea.

O GRU é a maior agência de espionagem da Rússia, com agentes espalhados em todo o mundo e milhares de tropas das forças especiais dentro da Rússia. O serviço de espionagem, criado em 1918 sob o líder revolucionário Leon Trotsky, é controlado pelos militares e se reportar diretamente ao presidente.