Navio-aeródromo brasileiro, maior embarcação da Marinha e o único do gênero na América do Sul, que foi para manutenção por causa de um acidente a bordo há quatro anos, deveria ter saido do cais em agosto.

O Eixo Naval Pequim-Brasil

Fonte: Foreign Policy - Por Joshua E. Keating – Dezembro 2009

Tradução de Roberto Silva para o DEFESA BR

Desde que a China não tão secretamente comprou vários antigos navios-aeródromos soviéticos durante os anos 90, seus ambiciosos planos navais têm sido objeto de uma especulação febril por parte de analistas militares.

Em março, o ministro da Defesa chinês, Liang Guanglie, confirmou que o país planeja embarcar em um grande programa de construção de navios-aeródromos, por ter dito ao seu homólogo japonês “Precisamos desenvolver um navio-aeródromo”.

O Pentágono considera que o Exército de Libertação do Povo – Marinha (People’s Liberation Army Navy – PLAN) poderia ter múltiplos NAes em operação dentro de uma década, com os custos de construção provavelmente indo a bilhões de dólares.

Sem experiência em aviação naval, a China precisaria apressar a capacitação de seus marinheiros e pilotos para responder a este calendário – e isso significa encontrar um navio-aeródromo já operacional para treinar.

O problema é que apenas quatro países ainda operam navios-aeródromos capazes de lançar aeronaves convencionais.

Os Estados Unidos têm pouco interesse em ajudar os militares chineses, a França está proibida de fazê-lo por um embargo da União Europeia, e a Rússia recentemente passou a ser mais cuidadosa na cooperação militar com o seu poderoso vizinho do sul.

Isso deixa o Brasil, que ficou muito feliz em permitir que a PLAN treine oficiais a bordo de seu NAe de 52 anos, o São Paulo (que foi comprado da França em 2000).

O ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, revelou o programa em uma entrevista a um site brasileiro de defesa, em maio. Embora os termos exatos do negócio sejam desconhecidos, é sabido que os chineses poderiam estar financiando uma restauração do velho São Paulo em troca do programa de treinamento.

Um site naval chinês também sugeriu que a China poderia estar ajudando o Brasil a construir submarinos nucleares, e o próprio Jobim disse que esperava que o programa levaria à cooperação militar em outras áreas.

Os Estados Unidos têm sido por muito tempo o poder naval dominante no leste da Ásia, mas navios chineses têm sido recentemente mais ousados e têm confrontado navios americanos, lançando desafios legais pelos quais Pequim demonstra ver como intrusões ilegais em águas chinesas.

Com a China e a Índia passando por enorme crescimento militar – os indianos trabalham em um plano para converter um NAe russo para seu próprio uso – a supremacia naval americana na região pode escorregar.

Publicamente, a US Navy sustenta que um navio-aeródromo chinês não iria afetar o equilíbrio de poder militar na região, mas este ano, o relatório anual do Pentágono sobre as capacidades militares da China adverte que a campanha de modernização do país poderia “aumentar as opções de Pequim para coerção militar”.

Comentário DEFESA BR:

Algumas Informações Sobre o Interessante Eixo Naval China-Brasil

A revista americana Foreign Policy (Política Externa) publica uma série de artigos em que relata 10 mudanças que teriam ocorrido durante o ano, as quais “você teria perdido” enquanto “não estava olhando”. O novo eixo naval seria uma delas (a número 6). Este artigo foi assunto do programa Manhattan Connection, do canal GNT, no último dia 20.

O acordo envolvendo o treinamento da PLAN no NAe São Paulo e a ajuda brasileira em reorganizar a marinha chinesa com uma nova estrutura já eram até conhecidos ou, pelo menos, imaginados.

O que surpreende é justamente a informação de que a China poderia estar ajudando o Brasil a construir submarinos nucleares. Mas tal ajuda ocorreria em quais áreas?