Urânio nazista encontrado na Holanda

Fonte: The Register - Via: Sala de Guerra


Pesquisadores nucleares europeus disseram que as misteriosas porções de urânio encontradas ano passado em um ferro-velho holandês originaram-se do programa alemão de armas atômicas na década de 1940.

Cientistas da Comissão Europeia do Centro de Pesquisa Conjunta (JRC) traçaram a origem de dois pedaços de metal – descritos como um cubo e uma chapa. Aparentemente, ambos vieram do mesmo local, a mina “Joachimsthal”, hoje na República Tcheca. Contudo, as peças pertencem a lotes diferentes.

O cubo, de acordo com especialistas do JRC, foi produzido em 1943 para o programa nuclear alemão e foi usado no laboratório do famoso cientista Werner Heisenberg. A chapa aparentemente pertenceu aos experimentos do colega de Heisenberg, Karl Wirtz.

Muitas análises históricas, pouco precisas, sugerem que o programa nuclear alemão nunca chegou perto de desenvolver uma bomba atômica. Não havia equivalente do Projeto Manhattan, contudo, linhas de pesquisa diferentes foram seguidas em laboratórios diferentes. Além do mais, os alemães foram prejudicados por terem expulsado muitos de seus melhores físicos em sua política anti-semita, bem como mandaram muitos outros cientistas para o Exército, onde lutaram como soldados regulares.


Diagrama da bomba atômica nazista

Não satisfeita com isso, a liderança nazista também escolheu brigar com os poucos gênios que restaram. Em certo ponto, o SS-Reichsführer Himmler sugeriu que Heisenberg fosse tratado como um “judeu branco”, com presumíveis conseqüências fatais. Himmler mais tarde mudou de idéia, mas esse incidente em nada deve ter incentivado Heisenberg a dar o melhor de si.

O progresso dos alemães era quase totalmente desconhecido pelos Aliados, o que provavelmente foi a causa dos esforços monstruosos colocados no Projeto Manhattan. Em particular, os planos alemães de adquirir grandes quantidades de água pesada da Noruega – para usar como controlador de reação – causou grande preocupação aos Aliados. Uma sequência de operações clandestinas e bombardeios – realizados pelos serviços secretos inglês e francês, partisans noruegueses, comandos e forças aéreas Aliadas – foi realizada, resultando na constante destruição dos carregamentos de água pesada e equipamento para sua produção.

Embora as operações de Telemark se tornassem umas das mais bem sucedidas da história, elas podem não ter sido tão críticas quanto se pensa. Após a guerra, Heisenberg disse que ele e seus colegas sempre foram céticos sobre o potencial da fissão atômica como um explosivo. Mais ainda, eles foram cuidadosos em não ressaltar esse aspecto da pesquisa aos seus superiores nazistas, por razões de seu interesse.

Nós definitivamente não queríamos entrar nesse negócio de bombas”, disse Heisenberg. “Não gostaria de idealizar isso; fizemos isso também por nossa segurança pessoal. Achávamos que a probabilidade de nossa pesquisa resultar em bombas atômicas durante a guerra era quase zero. Se tivéssemos feito o contrário, e se muitos milhares de pessoas tivessem sido colocadas para trabalhar nisso, e no fim nada fosse criado, as conseqüências seriam muito ruins para nós”.