Ataques a Computadores Militares

Quando surge uma notícia sobre um ataque de crackers a alguma empresa, todos ficam chocados. mesmo sendo eventos relativamente esporádicos e isolados, a atenção que a mídia dá para o assunto chega a assustar toda uma população. Mas saibam que esses ataques cibernéticos a grandes empresas norte-americanas e européias que tem ocorrido esses anos todos, são fichinhas perto do que acontece com os militares. Podemos dizer que essa última categoria está acostumada a vivenciar milhares de tentativas de ataques, todos os dias.

Um exemplo disso é o Pentágono, o Quartel-General do Departamento de Defesa (DoD - Department of Defense) dos Estados Unidos. Eles costumam ser atacados por crackers individuais, grupos de criminosos, e até mesmo nações inteiras. Tudo ao mesmo tempo, e o número de ataques diários pode chegar a centenas de milhares. Essa é uma informação recentemente passada por um oficial que lidera o comando contra guerra cibernética no país, o Tenente-General Keith B. Alexander. Ele informou nessa quinta-feira que a razão fundamental pela qual o Secretário de Defesa, Robert M. Gates, criou o Cyber Command foi "a quantidade de ataques que estamos vendo chegar aos gateways do Departamento de Defesa todos os dias".


Tenente-General Keith B. Alexander.

O Senador Carl Levin, que é o atual presidente do Comitê de Serviços Armados do Senado (Senate Armed Services Committee) afirmou que o novo Comando "garante uma análise cuidadosa", porque "as capacidades para operar no cyber-espaço tem ultrapassado o desenvolvimento da política, da lei e da jurisprudência". Levin ainda afirma que "essa lacuna é especialmente em relação à política", acrescentando que "as cyber-armas e os cyber-ataques podem ser potencialmente devastadores, se aproximando das armas de destruição em massa e seus efeitos".

Por outro lado, os legisladores questionam o Tenente-General Alexander sobre a Lei Federal e as autoridades presidenciais que governam as capacidades militares sob o Cyber Command, para que possam ser chamados a operar em solo americano durante uma crise, a qualquer momento.

O Cyber Command entrou em ação oficialmente em setembro de 2009, com a missão específica de proteger as redes do Departamento de Defesa norte-americano, além de assumir o controle das atividades de guerra cibernética no país inteiro. O grupo está baseado no Forte Meade, Md, onde também se encontra a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA - National Security Agency), a mesma que o Tenente-General Alexander lidera.

Mas nem tudo são flores por lá. O novo comando tem levantado preocupações dos legisladores, porque sua ação está sendo no mesmo território que a NSA, e do Departamento se Segurança Nacional (Department of Homeland Security), que por fim trabalha como agências civis para proteger as redes de computadores contra ataques cibernéticos nos Estados Unidos como um todo.

Os senadores estão manifestando preocupação com a militarização dos esforços relacionados a segurança cibernética. E nesta quinta-feira, alguns chegaram até a admitir que não compreendem inteiramente o âmbito da guerra eletrônica, em um contexto de ação militar. O tenente-general Alexander chegou até a garantir aos legisladores presentes que ele não vai ultrapassar os limites da Lei, se confirmado a liderar o Cyber Command. Ele afirma que "isso não é um esforço para militarizar o ciber-espaço", e acrescentou que "isso se trata de uma salva-guarda
à integridade de nosso sistema militar. Meu objetivo, se confirmado, será o de melhorar de forma significante a forma como nos defendemos nesse domínio".

Entretanto, ele afirma que esse papel pode não ser meramente defensivo, e que o Cyber Command poderá montar ofensivas de cyber-ataques em caso de uma cyber-guerra.

E aqui no Brasil, como anda a segurança digital civil e militar em nosso país? A única coisa que ouvimos são políticos querendo criar leis que comprometem a privacidade dos usuários na Internet, mas a que ponto nosso país realmente se preocupa com a segurança digital em âmbito nacional? E quanto aos ataques cibernéticos que o país sofre todos os dias? Enquanto os Estados Unidos parecem discutir isso abertamente, não se ouve falar quase nada sobre o assunto aqui em terra tupiniquim. Não é porque não temos a importância estratégica de um Estados Unidos que esforços semelhantes não deviam ser adotados. Mas claro, vale lembrar que tudo isso deve ser feito sem interferir nos direitos irrevogáveis dos cidadãos brasileiros.

Fonte: under-linux.org