Interior do avião da Vasp, parado no aeroporto de Congonhas

Aeronaves de empresas falidas ou inoperantes estão paradas nos pátios há anos, ocupando um espaço nobre para a aviação comercial

O projeto de expansão dos aeroportos brasileiros terá o desafio de ampliar os estacionamentos de aeronaves sem retirar aviões que estão parados nestes locais há anos. Há 59 aeronaves de grande porte inoperantes em 14 aeroportos do Brasil, a maioria delas estacionada em cidades-sede da Copa de 2014, segundo levantamento da Infraero feito a pedido do iG. Metade desta frota pertence à falida Vasp, mas há também aviões de outras nove companhias aéreas que deixaram de voar, como Transbrasil, Fly e a antiga Varig.

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A Infraero anunciou investimentos de R$ 4,5 bilhões nos aeroportos para receber a Copa de 2014. Uma das principais ações é a expansão dos terminais de passageiros e do pátio das aeronaves, que permitirá aumentar a capacidade de operação. Segundo a empresa, os espaços hoje ocupados por aeronaves inoperantes poderiam ser usados para a ampliação de pistas, pátios e criação de hangares, por exemplo.

“As obras nos aeroportos relacionados com as cidades-sede da Copa do Mundo foram projetadas levando em conta todo o potencial do sítio aeroportuário”, afirma a Infraero ao iG, em nota. Como o prazo para a liberação destes espaços e a remoção das aeronaves não dependem do órgão, pode ser que esses aviões ainda estejam nos aeroportos até 2014. Se isso ocorrer, a Infraero estuda realocar os equipamentos dentro do próprio aeroporto, para poder aproveitar as aéreas que elas hoje ocupam. A instituição não informou o número de aeronaves em cada aeroporto.

Espaço nobre

A capacidade de um aeroporto é estabelecida pela extensão do pátio, da pista e pelo controle de tráfego aéreo, afirma o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins. Assim, ele conclui que ocupar posições no solo com aviões que não operam reduz a capacidade do aeroporto. “É até um contrassenso gastar para ampliar o pátio do aeroporto se há posições disponíveis mal utilizadas.”

Essas aeronaves estão exatamente nos aeroportos mais movimentados, onde o espaço é mais disputado. No Antônio Carlos Jobim, o antigo Galeão, no Rio de Janeiro, há aviões da Vasp, da Fly, da antiga Varig e da Platinum Air, companhia que trouxe em 2007 três Boeings para o Brasil, mas não operou por falta de certificação. Em Congonhas, em São Paulo, além de aeronaves da Vasp, há também um hangar desativado da companhia. A Infraero já obteve na Justiça o direito de retomar a área, mas não de retirar partes de aeronaves, móveis e outros bens que estão no local. Até que consiga essa autorização, a utilização do espaço é limitada.

Aeronave da Vasp parada, em frente ao antigo hangar da companhia, no aeroporto de Congonhas


A situação já incomoda as companhias aéreas. “Na área do hangar da Vasp, poderia existir outro terminal de passageiros”, afirma o diretor institucional da Azul, Adalberto Febeliano. Durante evento da companhia no mês passado, o fundador da Azul, David Neeleman, criticou a situação. “Precisamos de mais pátio. Tirando a sucata e abrindo espaço no pátio podemos operar mais rotas.”

Fonte: Marina Gazzoni (iG) - Foto: AE - Noticias Sobre Aviação