No dia 13 de outubro de 1972, 45 pessoas embarcaram no avião Fairchild FH-227D, prefixo T-571, da Força Aérea uruguaia (foto acima via Werner Fischdick) rumo ao Chile no voo 571. Um dos passageiros com lugar marcado acabou perdendo a hora. Foi um atraso milagroso...

Ao sobrevoar a Cordilheira dos Andes, uma turbulência derrubou o avião sobre um verdadeiro mar de montanhas isoladas. Era o início de uma história dramática, que ganharia as páginas de livros e as telas do cinema.

Treze passageiros morreram na hora do choque e mais três não resistiram à primeira noite na gelada cordilheira. Durante nove dias, os sobreviventes mantiveram a fé de que uma equipe de resgate viria tirá-los daquele inferno. Até que ouviram num rádio a notícia de que as buscas haviam sido encerradas. A partir dali, eles estavam por conta própria.

Vários sobreviventes não agüentaram os dias e as semanas seguintes e morreram — de frio, soterrados por avalanches, por complicações de ferimentos. Os que iam resistindo tinham como pior inimiga a sede. "Nossa urina já estava saindo toda vermelha, quando inventamos uma 'máquina' de derreter neve com o metal das poltronas do avião", afirma o uruguaio Ramón Sabella, um dos sobreviventes do acidente.

Se a falta de água foi superada com criatividade, para vencer a fome foi preciso tomar uma decisão radical e corajosa: se alimentar da carne dos companheiros mortos. "Nós passamos dez dias sem comer nada. A idéia de usar os cadáveres foi surgindo como um boato. No começo, alguns se recusaram, mas depois todos comeram. Era isso ou a morte", diz Álvaro Mangino, outro sobrevivente uruguaio ainda vivo, que garante nunca ter sido recriminado pela atitude.

O pesadelo nos Andes só terminou quando dois homens do grupo enfrentaram a pé as montanhas geladas.

Roberto Canessa Urta e Fernando Parrado Dolgay, integrantes da equipe de rugby "Old Christian", de Montevidéu - que jogaria em Santiago -, deixaram o aparelho e lançaram-se cordilheira abaixo, em busca de socorro. Após longa caminhada chegaram a um local inacessível, cortado por um rio. Ali ficaram até que na outra margem, surgiu o tropeiro Sergio Catalan. Escreveram um bilhete em papel-carta, amarraram-no numa pedra e lançaram-na ao tropeiro. Este caminhou cinco horas, até San Fernando, e entregou a mensagem ao delegado local.

"Procedemos de um avião que caiu na montanha. Somos uruguaios. Há dias que estamos caminhando. No avião ficaram 14 pessoas feridas," dizia o bilhete.

Começava o dramático resgate, a cargo de helicópteros do Serviço de Salvamento do Chile. Os sobreviventes foram retirados depois de uma arriscada operação aerotransportada, feita pelos helicópteros sob uma tempestade de neve. A região onde caiu o avião "Fairchild", está localizada a 70 km da aldeia de San Fernando e a 140 km ao sul de Santiago. Denominada "El Perejil", é totalmente inóspita, açoitada por tempestades de neve freqüentes e de longa duração.


Fotos: site oficial sobre o acidente

Mais sobre a tragédia:

Notícia: Encontrados objetos de sobrevivente de desastre de avião de 1972 nos Andes

Livro: Milagre nos Andes - Nando Parrado (sobrevivente) - Editora Objetiva

Filme: Vivos (Alive, no título original), de 1993, dirigido por Frank Marshall.


Fontes: http://www.jorgetadeu.com.br/ac_aconteceu_dezembro06.htm
/ ASN - Via Noticias Sobre Aviação