O Exército da Coreia do Norte disparou contra uma ilha sul-coreana nesta terça-feira matando ao menos dois soldados e ferindo 15, provocando uma reação imediata da Coreia do Sul que enviou caças de guerra F-15 e F-16 à região. Agências estatais de Seul indicam que o Norte deu início aos combates. Pyongyang nega e sustenta que tropas sul-coreanas foram as primeiras a abrir fogo.

O Ministério de Defesa sul-coreano confirmou à agência estatal Yonhap que os ataques mataram dois soldados e que entre os feridos, cinco estão em estado grave. Ao menos três dos feridos são civis, completa a nota.

Em comunicado a Casa Branca já sinalizou uma "condenação enérgica" ao ataque norte-coreano e reiterou que os EUA estão dispostos a ajudar Seul.

Os confrontos chegam apenas dois dias depois de o jornal "The New York Times" publicar em reportagem que o cientista americano Siegfred S. Hecker teve acesso a uma nova e sofisticada usina nuclear na Coreia do Norte.

"Uma unidade de artilharia executou disparos de provocação às 14h34 (3h34 de Brasília) e as tropas sul-coreanas responderam imediatamente", afirmou uma fonte do Ministério de Defesa sul-coreano.

"As Forças Armadas estavam executando exercícios navais e o Norte parece ter disparado para demonstrar sua oposição", declarou uma fonte militar sul-coreana ao canal YTN.

Os disparos tiveram como alvo a ilha de Yeonpyeong, que tem 1.000 habitantes, localizada no Mar Amarelo, em uma área disputada pelas duas Coreias e que já registrou incidentes no passado. Dezenas de casas foram incendiadas e Seul determinou que a retirada dos moradores da região.

Em reação, o presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak, convocou uma reunião de emergência. "Agora mesmo está em uma sala subterrânea para abordar as respostas possíveis com seus ministros e conselheiros de segurança", afirmou o porta-voz da Presidência.

Apesar do estado elevado de emergência, o líder sul-coreano manifestou cautela. "Devemos conduzir com cuidado a situação para evitar a escalada de um choque", indicou Lee, citado por um porta-voz da Presidência.

O aumento de tensão entre os dois países --oficialmente em condição de cessar-fogo desde o fim da guerra em 1953-- preocupa a comunidade internacional, sobretudo os Estados Unidos, a Rússia e a China.

O armistício acordado entre o Sul e o Norte determina que as duas nações estão oficialmente em guerra desde o fim da década de 50, mas se comprometem a não realizar ataques.

Imagens mostram ilha sul-coreana atacada pelo Exército da Coreia do Norte

ALERTA

Ainda ontem (22) os governos dos EUA, Japão e Coreia do Sul se mobilizaram e realizaram reuniões após as revelações das novas instalaçaões nucleares de Pyongyang.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou que a nova usina na Coreia do Norte é um risco potencial, já que permite ao regime comunista produzir mais armas nucleares.

Washington, Tóquio e Seul discutiram na segunda-feira como lidar com as potenciais ameaças nucleares.

A Coreia do Norte desenvolve há anos um programa nuclear sob críticas do Ocidente, que já tentou, sem sucesso, negociar sua desnuclearização. O regime recluso do ditador Kim Jong-il sofre ainda diversas sanções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) por manter seu programa nuclear com fins claramente militares.

Gates, que está na Bolívia para uma conferência regional de defesa, disse ainda não acreditar que a nova e avançada instalação norte-coreana seja parte de um programa nuclear pacífico.

"A Coreia do Norte ignorou um número de resoluções do Conselho de Segurança. Eles continuam exportando armas. Então a noção de que eles desenvolveram isso é obviamente uma preocupação", disse Gates.

Já o Japão considerou o assunto "alarmante". "O desenvolvimento nuclear norte-coreano é totalmente inaceitável do ponto de vista da segurança do Japão e da paz e estabilidade na região", disse o porta-voz do governo de Tóquio, Yoshito Sengoku.

REVELAÇÃO

Neste domingo, o jornal "New York Times" revelou que um cientista americano da Universidade de Stanford informou à Casa Branca ter visitado uma grande e nova usina nuclear na Coreia do Norte.

O cientista que viajou a Pyongyang é o ex-diretor do Laboratório Nacional de Los Álamos e professor da Universidade de Stanford Siegfred S. Hecker que confirmou ao jornal ter visto "centenas de centrífugas" recém instaladas em grande e nova usina de enriquecimento de urânio que conta com uma "ultramoderna sala de controle".

O americano disse ter ficado surpreso com a sofisticação da nova usina nuclear.

O presidente americano, Barack Obama, advertiu recentemente que a Coreia do Norte deve demonstrar seriedade antes da possível retomada das negociações multilaterais sobre seu programa nuclear, que incluem as duas Coreias, China, Japão, Rússia e Estados Unidos.

Fonte: UOL