Países membros da agência de vigilância nuclear da ONU devem aprovar em dezembro um plano de abastecimento de combustível que tem o apoio dos EUA e está sendo visto como maneira de ajudar a impedir a proliferação de bombas atômicas, a despeito dos receios manifestados por alguns países em desenvolvimento.

Diplomatas ocidentais disseram que a proposta de criar um banco de combustível nuclear de 150 milhões de dólares administrado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ao qual os países poderiam recorrer se seu suprimento regular fosse cortado, ainda está sendo discutida.

Mas vários diplomatas europeus disseram que é provável agora que o plano seja aprovado em uma reunião do conselho de direção da AIEA, sediada em Viena e cuja missão é promover utilizações pacíficas do átomo, marcada para 2 e 3 de dezembro.

"Prevejo que o plano seja votado e aprovado", disse um diplomata.

Os proponentes do plano dizem que o banco de combustível poderia ajudar a atender à demanda de dezenas de países, alguns deles do Oriente Médio, por ajuda técnica para começar a produzir energia atômica sem elevar o risco de uma proliferação de armas.

O urânio necessário para alimentar reatores nucleares pode ser enriquecido para níveis elevados e fornecer material para bombas. É esse fato que torna especialmente delicada essa tecnologia do ciclo de combustível.

Um suprimento garantido de combustível nuclear é "uma ferramenta que possibilita que países entrem na arena nuclear sem precisarem investir em desenvolvimento em infraestrutura extenso", disse um enviado ocidental.

"Isso com certeza contribuirá positivamente para prevenir a proliferação de material nuclear."

O contestado programa de enriquecimento de urânio do Irã, que o Ocidente teme que seja voltado ao desenvolvimento de armas nucleares, ajudou a ideia a ganhar espaço na agenda, depois de passar décadas em segundo plano.

Mas alguns países em desenvolvimento receiam que o banco de combustível possa limitar o direito deles à capacidade energética nuclear soberana, embora diplomatas ocidentais digam que a proposta deixa claro que isso não aconteceria.

"Todo o mundo sabe que está é uma iniciativa contra proliferação, que está sendo feita com o objetivo explícito de assegurar que alguns países não desenvolvam o ciclo do combustível", disse um diplomata de um país em desenvolvimento.

Mas um representante europeu disse que um banco de combustível seria "uma maneira positiva de reduzir os riscos de proliferação de armas", sem limitar o direito de qualquer país de dotar-se da tecnologia de combustível nuclear para fins civis.

A proposta de criação de um banco de combustível apresentada por Mohamed ElBaradei, ex-diretor da AIEA, prevê a aquisição de 60 a 80 toneladas de urânio de baixo enriquecimento (LEU) usando 150 milhões de dólares em doações de países-membros e oferecendo o LEU a países pelo preço do mercado.

Fonte: UOL