A nova unidade de negócios criada pela Embraer, em dezembro do ano passado, com vistas a ampliar sua atuação nas áreas de defesa e segurança, está em processo de definição de parcerias com empresas nacionais e estrangeiras.

O objetivo, segundo disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar ao Valor, é atender de forma mais efetiva as demandas que estão surgindo em áreas como a de veículos aéreos não tripulados (vants), soluções integradas para os segmentos de comando, controle, comunicação, computação e inteligência, conhecidos pela sigla C4I, equipamentos de comunicação, radares e sensores.

Com 1.436 funcionários e uma receita que deve superar R$ 1,5 bilhão em 2011, a Embraer Defesa e Segurança inicia suas atividades com uma carteira de US$ 3,2 bilhões em contratos. "Pelas nossas projeções, a unidade vai responder por 15% da receita da companhia em 15 anos. Em 2020, o nosso setor deve representar 18% do valor econômico estimado para a Embraer como um todo", disse.

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Seus principais projetos hoje, envolvendo aeronaves e sistemas embarcados, incluem a modernização dos caças A-4 (Marinha), AMX e F-5, o programa de desenvolvimento da aeronave de transporte KC-390 e a produção de três aviões de vigilância Aérea para o governo da Índia.

É grande também a expectativa do presidente Aguiar em relação às chances da Embraer na concorrência americana para a compra de aviões da classe do Super Tucano. "Temos um ótimo avião, que já foi exportado para sete países, além do Brasil."

O modelo também foi vendido para dois países da África. A participação da Embraer na concorrência dos EUA, segundo Aguiar, será feita através de uma associação com uma empresa americana, que já está sendo negociada.

A "expertise" da Embraer na área de gestão de projetos complexos, segundo o executivo, também será colocada à disposição do governo brasileiro em seus projetos de infraestrutura em curso, visando a eventos como o da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Além da capacidade de gestão, a Embraer também poderá participar desses projetos como fornecedora de equipamentos e sistemas através das futuras associações que pretende fechar.

Aguiar explicou que a Embraer poderá ainda cuidar da estruturação financeira dos contratos com seus potenciais clientes. "Temos muita experiência e criatividade na montagem estruturas financeiras que mitiguem o impacto orçamentário desses projetos nos gastos públicos. As parcerias público privadas seriam uma opção", afirmou.

Todo o processo, segundo o executivo, será feito de forma transparente, uma vez que a Embraer é uma empresa de capital aberto e o governo é detentor de uma ação especial, denominada "golden share", por meio da qual pode exercer seu direito de veto em assuntos relacionados a transferência de tecnologia e projetos na área de defesa.
"O que nós queremos ter no longo prazo é domínio e capacitação adicional para poder, justamente, oferecer um pacote de soluções dentro daquilo que os clientes colocaram como prioridade para eles", disse Aguiar. "Ninguém vai impor nada a ninguém. Os clientes têm a sua prioridade e a gente espera atender, parte dessas prioridades, através dessas associações."

O executivo disse que o foco, neste momento, da Embraer Defesa e Segurança é o mercado brasileiro, mas sem deixar de lado a visão global no médio e longo prazo. "Seremos capazes de fazer aqui e de exportar esse modelo para o mundo inteiro", afirmou. Aguiar ressaltou que a fabricante de aeronaves precisa aflorar todas as suas capacidades e partir em busca de uma nova direção, sem perder o foco no que ela faz hoje e ampliar o leque de projetos que está fazendo.

No segmento de vants, a Embraer Defesa e Segurança, segundo Aguiar, tem um estratégia pronta, que será colocada em prática através de uma associação, provavelmente envolvendo participação acionária. "Estamos conversando com várias empresas, mas já entramos em fase de definição e o nosso objetivo é entrar com Força na área de vants".

A Força Aérea Brasileira (FAB) acaba de selecionar a empresa Elbit, de Israel, para fornecer dois vants, com os quais pretende consolidar uma doutrina de utilização desse tipo de equipamento, mais adequada às necessidades do sistema de defesa nacional e que sirva de base para a compra futura de novos veículos.

"Estamos muito interessados em participar desse negócio a partir da nossa criação, pois há muito mercado para isso no Brasil". Segundo Aguiar, o Brasil precisa de vigilância, especialmente na áreas de fronteira e também dos seus recursos naturais na Amazônia. "Temos vários pontos estratégicos em áreas de termelétricas e de usinas nucleares. Sem falar das perspectivas de negócios que vão surgir com a Olimpíada e a Copa do Mundo".

Fonte: Valor Econômico -Via: NOTIMP/FAB