O Brasil passa a comandar oficialmente nesta terça-feira (15) a unidade marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês), disse à BBC Brasil a Embaixada brasileira em Beirute.

O contra-almirante Luiz Henrique Caroli chega à capital libanesa para assumir o comando da Força Tarefa Marítima (MTF, na sigla em inglês), subordinada à Unifil, que atualmente monitora a fronteira entre Líbano e Israel e ajuda o governo libanês a evitar a entrada de armas ilegais no resto de suas fronteiras.

Leia a entrevista do contra-almirante Caroli ao R7

A MTF iniciou suas atividades em outubro de 2006, logo após a guerra entre o grupo islâmico libanês Hezbollah e Israel.

O contra-almirante Caroli chega acompanhado de oito militares da Marinha brasileira, quatro oficiais e quatro marinheiros. Ele comandará uma frota composta de oito embarcações, 800 oficiais e marinheiros de cinco nacionalidades.

A força naval da Unifil tem a tarefa de patrulhar os 225 km da costa libanesa e interceptar navios que levem armas ilegais ao país.

Segundo o embaixador brasileiro no Líbano, Paulo Roberto Campos Tarrisse da Fontoura, a contribuição brasileira se encaixa na visão do Itamaraty de um engajamento ativo em missões internacionais.

- O Brasil já tem tradição em missões de paz. Desde 1948, foram mais de 60 missões de paz com a participação de militares brasileiros.

O embaixador disse ainda que, apesar da tradição, essa será a primeira vez que o país fará parte do componente naval em uma missão de paz.

No ano passado, segundo Fontoura, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, pediu que o Brasil cedesse um contingente da marinha nacional à missão libanesa.

- Os militares brasileiros são conhecidos por sua qualidade e competência. Em vários níveis do governo libanês eu ouvi elogios ao Brasil por tornar-se parte da força de paz.

Frota

Os navios da MTF são compostos por três embarcações alemãs, duas bengalesas, uma turca, uma indonésia e um navio grego. O comando da força tarefa era exercido pela Itália até o ano passado.

A força naval da ONU deve auxiliar a marinha libanesa a monitorar as águas territoriais, cuidar da segurança da costa e prevenir a entrada ilegal por mar de armamentos para dentro do país.

Segundo a Unifil, desde 2006, quando iniciou suas atividades, a MTF interceptou 28 mil embarcações e encaminhou 400 navios suspeitos às autoridades libanesas para inspeções.

Outro militar brasileiro, o capitão de mar e guerra Gilberto Kerr, está no Líbano desde dezembro de 2010 como chefe de operações navais junto ao comando da Unifil.

A missão de paz no país foi criada em 1978, inicialmente para confirmar a retirada de Israel do Líbano, mas teve, depois, seu mandato alterado em 1982, 2000 e 2006. Hoje, a força tem um contingente de mais de 13 mil soldados de diferentes países. Desde 1978, 275 militares da missão foram mortos no Líbano.

A Unifil é liderada atualmente pelas tropas espanholas, sob o comando do major-general Alberto Asarta Cuevas.

Depois da guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, o mandato da Unifil foi ampliado e os soldados de paz passaram também a patrulhar a fronteira sul do Líbano.

Os soldados de paz devem ajudar o Exército libanês a prevenir o contrabando de armamento ilegal e manter o controle sobre a região, além de coordenar e manter o cessar-fogo entre o Líbano e Israel.

Segundo a embaixada brasileira, o contra-almirante Caroli estará subordinado diretamente ao comandante espanhol Alberto Cuevas.

Fonte: R7