Um documento descrevendo recursos antibomba em um novo prédio do Departamento de Defesa dos Estados Unidos foi divulgado em um site público do governo, o que autoridades admitem ser uma grave falha de segurança.

O relatório contém 30 páginas e centenas de outras folhas com dados técnicos, descrevendo a proteção antibomba incorporada à estrutura do complexo Mark Center, em Virgínia, onde cerca de 6.400 funcionários devem começar a trabalhar neste ano.

Um dos itens do documento deixou especialistas surpresos: o baixo grau de resistência do prédio contra bombas.

Segundo o papel, o Mark Center foi projetado para resistir à detonação de um carro-bomba com cem quilos de dinamite nos seus arredores. Isso é bem menos do que a quantidade de explosivos usada em atentados recentes nos EUA, como o de 1993 no World Trade Center e o de 1995 no edifício federal Alfred Murrah, em Oklahoma.

Nos lados inferior e superior de cada uma das 424 páginas do documento está a inscrição "Somente para uso oficial", mas a Reuters encontrou uma cópia num site público, mantido pelo Corpo de Engenharia do Exército, responsável pelo projeto e construção de vários prédios públicos.

Mesmo depois de a Reuters avisar o Corpo de Engenharia e altos funcionários do Pentágono sobre o documento, ele levou quase 24 horas para ser retirado do site. Ainda assim, uma versão continuava acessível pelo "cache" (memória) do Google.

"Isso não deveria ter acontecido, vamos levar isso muito a sério", disse um porta-voz do Corpo de Engenharia.


Michael Greenberger, ex-advogado do Departamento de Justiça e chefe de um instituto de segurança doméstica da Universidade de Maryland, disse que o documento é uma "receita para um ataque" e "não deveria estar na internet."

O relatório permitiria que potenciais terroristas examinem as características antibomba do prédio, identificando suas fraquezas, segundo Tom Thurman, ex-especialista em desativação de bombas do FBI e atualmente professor de gestão de segurança e emergências na Universidade do Leste do Kentucky.

"Se você sabe quais são todas as defesas, planeja um ataque de modo a contorná-las", disse ele. A divulgação pública desse documento é "indesculpável", segundo ele. "Não é algo que deveria estar em qualquer site não seguro do governo."

Curry Graham, também porta-voz do Corpo de Engenharia, admitiu que o documento foi equivocadamente colocado num site público, e disse que o governo estava fazendo de tudo para eliminá-lo.

Fonte: Folha/BOL