O voo Air France Rio-Paris, que desapareceu no Atlântico em 31 de maio de 2009, com 228 pessoas a bordo, teria sofrido uma súbita parada provocada pelo gelo acumulado nas sondas pitot, segundo o semanário alemão "Der Spiegel", que cita um investigador do acidente. Essa causa já era uma das mais citadas por especialistas, mesmo antes das caixas-pretas serem localizadas.

Autoridades do orgão francês que controla a investigação, o Bureau de Investigações e Análises (BEA na sigla em francês), afirmaram na semana passada que no fim da próxima semana divulgarão oficialmente as primeiras descobertas sobre as informações contidas nas caixas-pretas do avião, recuperadas recentemente do fundo do oceano.

Antes mesmo de encontrar as caixas-pretas, em relatórios divulgados no ano passado, o BEA informava que não podia esclarecer o que causou o acidente, mas sabia que não houve "despressurização durante o voo" e pôs em dúvida a confiabilidade dos sensores de velocidade, chamadas de sondas pitot, mas ressaltava que isso não significava que tenham sido os responsáveis pelo acidente. Em seu relatório de 2010, o órgão francês recomendou que sejam determinados novos padrões para testes destes sensores, pois eles podem sofrer alterações em altitudes elevadas, caso haja acúmulo de gelo.

O "Der Spiegel", citando um especialista que pediu o anonimato, garante que as causas exatas do acidente não são conhecidas, mas que a informação das caixas-pretas sugere que as sondas de velocidade da aeronave, conhecidas como sondas Pitot, congelaram, o que provocou uma falha na velocidade do Airbus.


Quando a aeronave está estacionária e não há vento relativo, nem real, a pressão que entra pelo orifício do pitot é somente a pressão atmosférica estática.

A publicação informou que o acidente ocorreu em um lapso de quatro minutos, segundo as informações reveladas pelas caixas-pretas recuperadas no mês passado a quase 4 mil metros de profundidade. Segundo a gravação, o piloto chefe do voo, Marc Dubois, não estava na cabine quando os alarmes soaram. Pode-se ouvir ele chegando correndo à cabine e "grita instruções aos seus dois copilotos", afirma o especialista ao semanário.

O avião parecia que havia evitado uma área de fortes turbulências, mas suas sondas Pitot tinham partículas de gelo. Então, "a informação gravada indica uma queda abrupta do avião pouco depois que os indicadores de velocidade falharam", como resultado de uma parada do avião, disse o especialista.

Não está claro se isto foi consequência de um erro do piloto ou se os computadores da aeronave saltaram automaticamente para compensar o que parecia ser uma súbita perda de potência, disse a revista. O caso é seguido de perto na Alemanha, já que 28 passageiros do voo eram alemães.

As três sondas pitot do A330 da Air France, que teriam falhado no dia do acidente são questionadas por sindicatos de pilotos desde o ano passado, quando ameaçaram entrar em greve se elas não fossem substituídas. Em comunicado divulgado também no ano passado, a Air France admitiu vários incidentes ligados a estes sensores nos últimos meses, provocados pelo "congelamento" das sondas. No entanto, "a pane desaparecia em alguns minutos", ressaltou a companhia.

Pelo menos cinco incidentes ligados aos sensores aconteceram em 2008, segundo relatórios de pilotos da Air France mencionando a emissão de falsas mensagens de alerta referentes a uma grave perda de velocidade do aparelho.

com informações AE - Via: Ultimo Segundo