Preparando um grande evento para o anúncio dos principais parceiros estratégicos do Programa KC-390 durante o Salão Aeronáutico de Le Bourget, Paris (20 a 26 Junho), a EMBRAER Defesa e Segurança teve seus planos interceptados pelo Palácio do Planalto.

A pedido da própria Presidente(a) Dilma Rousseff o pacote de parcerias estratégicas a ser assinado com as empresas já pré-selecionadas em conjunto pela EMBRAER Defesa e Segurança e o Comando da Aeronáutico está sendo reavaliado.

A divergência ocorreu pela não aceitação de muitas empresas de assumirem todos os custos de desenvolvimento para adequarem ou até iniciarem projetos específicos para o cargueiro civil-militar KC-390.

A necessidade de grande modificação em especial das turbinas e estruturas para o emprego no KC-390, levou as empresas a não assumirem 100% dos investimentos como risco.

O Ministério da Fazenda foi encarregado de analisar, a pedido da Presidente(a), as parcerias e desembolsos do Programa KC-390. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), também está participando. O Ministro Fernando Pimentel (MDIC), já foi encarregado pela Presidente(a) de reavaliar as contrapartidas comerciais e tecnológicas do Programa F-X2.

Os Ministros da Defesa, Nelson Jobim, em viagem a Inglaterra e França e o próprio Fernando Pimentel, na França onde participou do "The 2nd Brazil Business Summit", organizado pela revista britânica The Economist, em Paris,na semana passada, tiveram esta questão em suas pautas.

Para o Salão de Le Bourget a FAB e EMBRAER Defesa e Segurança enviaram nutridas comitivas. Porém coube ao solitário Vice-Presidente Comercial Orlando Neto apresentar-se na coletiva acompanhado pelo seu colega Eduardo Bonini, VP Operações, na platéia, e falar sobre a possível venda do A-29 Super T (Nome comercial para os EUA) para a USAF (usuário final a Força Aérea do Afeganistão).

O processo DilmaX que a presidente(a) iniciou com o objetivo de revisar todos os programas militares (F-X2, Prosuper, etc) e agora o KC-390 está baseado em uma verificação da consistência dos: Fatos, Dados e Números.

Porém, surgiu um quarto componente para análise e que têm sido um grande complicador em chegar a uma conclusão, e este item é: cenários.

É perceptível que a realidade da indústria aeroespacial e de defesa está em um processo de transformação ainda não perfeitamente delineado. O peso da indústria americana invadindo os mercados internacionais, as indústrias européias e russas indefinidas, e um novo gigante crescendo, a indústria aeronáutica e de defesa chinesa.

Como pano de fundo uma crise econômica persistente, que tem afetado os investimentos nas áreas de defesa, em particular, em quase todos os países.

Em cada segmento há ansiedade pelo que acontecerá mais a frente. Nestas incertezas presentes é interessante observar os processos em curso para uma melhor análise:


1 - O anúncio da Presidente(a) Dilma que o processo F-X2(3?) será reaberto em 2012, e,

2 – A EMBRAER anunciou que a decisão sobre o futuro do novo avião ou integrar nova turbina e redesenhar a asa, que sucederá o EMB170-190, será feita no início de 2012.


Os governos americano e francês também endureceram o jogo restringindo a ação das suas empresas no projeto KC-390 vinculando a uma decisão do F-X2. Embora em declaração forte e uníssona do trio composto por Frederico Curado, Orlando Neto e o próprio Brig Juniti Saito desvinculem a escolha do caça do projeto do cargueiro. Declarações feitas há um ano na coletiva da EMBRAER, em Farnborough para o editor de DefesaNet.

A indecisão não é só na EMBRAER com o futuro dos seus jatos comerciais, a gigante BOEING tem dois grupos de projetos competindo entre si, as propostas de um avião totalmente novo e outro modificado para substituir o B737. O prazo para decisão pelo Board da empresa de Seattle é alguma data de agora e entra em 2012 a dentro. A AIRBUS optou pela adoção de um novo motor e adaptá-lo criando o A320NEO que tem obtido grandes vendas.

A EMBRAER está cautelosa, e ansiosa. Seu recente insucesso na China, mesmo com a ajuda do Palácio do Planalto, e a tentativa de não cutucar os dois grandes: AIRBUS e BOEING. A agressividade de uma BOMBARDIER e os russos e chineses propondo encurtar sua campo de manobra torna a EMBRAER apreensiva quanto aos próximos passos.

Nestas indecisões da decisão o Palácio do Planalto optou por ganhar tempo. Assim a retirada para que o Ministério da Fazenda reavalie as parcerias de risco e as conrtrapartidas no Programa KC-390. Curiosamente o programa está com o Ministro Guido Mantega, que é, digamos, no mínimo hostil às Forças Armadas.

Mesmo que para isto o cronograma do desenvolvimento do KC-390 sofra atrasos, pois os principais parceiros deveriam estar selecionados até junho 2011, ou abril segundo alguns cronogramas.

As empresas já anunciadas pela EMBRAER desde Maio são as seguintes com os respectivos equipamentos:


Rockwell Collins - EUA - Aviônicos Pro Line FusionTM

Liebherr – Alemanha - Sistemas de controle ambiental e da pressão da cabine

Esterline - Inglaterra - Sistema de automanete

Messier-Bugatti-Dowty - França - Sistemas de rodas, freios, retração e

extensão do trem de pouso, e conjunto hidráulico do controle direcional em solo

DRS – EUA - Sistemas de movimentação de carga e lançamento aéreo (Aerial Delivery System - CHS/ADS)

ELEB – Brasil - Trem de Pouso


Questionado para o anúncio dos parceiros do KC-390, em Le Bourget, Orlando Neto afirmou que estava "on Track", e que nas semanas seguintes (junho-julho), seriam anunciados.

Pelo exposto acredita-se que o governo assumirá um atraso controlado no programa KC-390 até ter uma idéia mais clara dos cenários à frente.


Fonte: Defesanet - Via: Administradores


Nota do Blog: Apesar de muitos entusiastas e jornalistas não 'gostarem' do marasmo em que sempre mergulharam as aquisições militares no país. Se a atitude da Presidente foi realmente essa de verificar os numeros dos programas militares, seu gasto, retorno dentre outros aspectos, pessoalmente acho uma atitude correta e louvavel do ordenador de despesa.

Todos estes programas vinham sendo tocados a 'toque de caixa' e como representam endividamento e financiamento de longo prazo, me parece correta a atitude de rever os programas e seus números antes de dar segmento a estes.

Pior é iniciar o programa e depois ve-lo minguar sem recursos como foi o AMX. Ou comprar caças (como a Grécia, Espanha e Italia) ou navios (Espanha e Italia) e depois vê-los parados em por falta de recursos para manutenção e combustivel...