A China precisa de três porta-aviões para a esquadra da marinha popular, afirmou nesta semana o general chinês Lou Yan, da academia chinesa de estudos militares.

Segundo aquele especialista chinês, que fez declarações a um jornal chinês de lingua inglesa, os porta-aviões são necessários para a China defender os seus direitos marítimos de forma efectiva.


A declaração não é uma novidade, já que ainda em Março de 2009, o então ministro chinês da defesa Liang Guan Lie, afirmava a intenção chinesa de incluir porta-aviões na sua esquadra, complementando que era um direito que a China tinha, tanto quanto o Japão.



Na altura, o responsável chinês afirmou que no futuro a China poderia operar até cinco navios do tipo.

Problema no mar do sul da China

Mas o recente acumular de notícias e comentários chineses sobre o aumento do poder naval da China, tem neste momento outros objectivos.

Para a opinião publica chinesa, é importante identificar inimigos poderosos, para justificar o aumento do poder da esquadra chinesa, cujo incremento de poder é sempre apresentado como uma resposta a forças que se opõem.
É por isso que os responsáveis chineses apontam as duas mais poderosas marinhas asiáticas, a japonesa e a indiana como referência [1].

Não escapa no entanto a nenhum observador, a presente situação nos mares do sul da China, onde os chineses estão a pressionar o Vietname, as Filipinas e a Malásia.

A China alega ter direitos históricos sobre pequenas ilhas que se encontram a milhares de quilómetros do continente chinês, mas que estão praticamente dentro das águas territoriais daqueles países.

As pretensões chinesas no mar do Sul da China
Naturalmente que isto implica que quando os chineses dizem que querem defender os seus direitos e apontam a esquadra chinesa e indiana, eles estão na realidade a enviar uma mensagem clara a países mais pequenos, para que desistam de qualquer pretensão que possam ter.

Procedimento antigo

Ainda que controlada por um governo comunista de partido único, a atitude da China apresenta-se como uma repetição do comportamento da China Imperial para com os países limitrofes, no periodo em que os chineses possuíam capacidade de projeção naval no século XIV e XV.

A China pretende neste momento atemorizar as Filipinas e o Vietname, numa altura em que estes países pretenderam revalidar as suas pretensões a controlar áreas que em alguns casos estão a poucos quilómetros das suas costas.
É no entanto preciso frisar, que o conflito não se limita à tensão China x Vietname ou China x Filipinas, já que tanto as Filipinas como o Vietname, têm pretensões coincidentes.

A China, que está a milhares de quilómetros de distância, pode enviar para a região grande numero de navios, mas esses navios não podem beneficiar de apoio aéreo, já que as ilhas são todas muito pequenas e os aeródromos que nelas estão edificados são extremamente reduzidos, utilizáveis apenas por pequenas aeronaves.

O Vietname, anunciou em 2009 a intenção de adquirir submarinos russos do tipo Kilo, que vão formar a arma submarina daquele país, que não tem esse tipo de armamento.

A criação da arma submarina vietnamita é a maior ameaça aos interesses chineses nos mares do sul da China.

Além disso o pais também adquiriu duas fragatas ligeiras do tipo Geppard /11661 (algumas vezes designadas corvetas), que deverão estar armadas com mísseis anti-navio de fabrico russo.


Já as Filipinas, com um PIB de 189,000 milhões de dólares, têm uma economia maior que a do Vietname que atinge apenas 104,000 milhões. Mas as despesas militares das Filipinas são de 1,160 milhões contra 2,800 milhões do Vietname. O país depende tradicionalmente do apoio militar norte-americano. O mais importante navio filipino é um ultrapassado contra-torpedeiro de escolta construido em 1943, com velocidade máxima de 21 nós.
Essa dependência dos Estados Unidos é no entanto a maior vantagem dos filipinos.

No entanto, na crise que se avizinha, a intervenção norte-americana será sempre limitada, de forma a que a China não possa utilizar a presença norte-americana para justificar ações militares que de outra forma só poderão ser levadas a cabo, com uma maciça pressão governamental ao nível dos media chineses e um controlo ainda mais férreo da Internet por parte do governo de Pequim.


[1] - A marinha do Japão não tem para já planos para construir porta-aviões e possui apenas navios de apoio logístico que estão próximo de porta-helicópteros. A Índia opera um único vetusto porta-aviões, construido após a II guerra mundial e que a Grã Bretanha tinha retirado de serviço em 1982 antes de guerra das Malvinas. No entanto, a mesma marinha indiana encomendou aos estaleiros russos a conversão de um porta-aviões da classe Kiev, num processo de conversão radical que ainda não terminou e que aumentou tanto o preço do navio que a India chegou a ameaçar cancelar a compra.



Fonte: Area Militar