Exército Alemão hasteia a bandeira de
guerra nazista na Acrópole de Atenas
Uma suposta dívida de guerra no valor estimado de US$ 95 bilhões poderia ajudar a acertar as contas da Grécia. Se o débito de fato puder ser considerado, o país a honrar o compromisso seria, ironicamente, a Alemanha -país que vem impondo restrições à concessão de auxílio econômico aos gregos.

A dívida em discussão tem origem nos conflitos da Segunda Guerra, quando tropas nazistas ocuparam a Grécia. A ação violenta aconteceu em abril de 1941 e, além de mortes e prejuízos humanos, levou ao colapso a economia grega. O país passou a depender de exportações, e as taxas de inflação sofreram elevação estratosférica. A situação foi agravada quando o Terceiro Reich forçou o Banco Nacional da Grécia a emprestar 476 milhões de marcos sem juros à Alemanha de Hitler.

Com a rendição alemã, em 1945, foi organizada a Conferência de Paris, para que as nações prejudicadas fossem ressarcidas. A Grécia pediu US$ 10 bilhões. Porém tudo que foi estipulado na conferência se tornou irrelevante com a oposição dos EUA, que temiam que as pesadas penalidades econômicas impostas à Alemanha, semelhantes às da Primeira Guerra, criassem novamente ambiente propício ao florescimento de uma ditadura.

Ficou valendo o Acordo de Débitos firmado em Londres em 1953, que ordenou a suspensão dos pagamentos das dívidas até que um tratado de paz fosse assinado. Isso aconteceu em 1990, mas seus termos não obrigavam a Alemanha a ressarcir a Grécia. Mesmo que a dívida de guerra tenha deixado de existir em 1990, ainda restariam os 476 milhões de marcos emprestados pelo banco grego.

A soma valeria hoje US$ 14 bilhões. Adicionando juros de 3% ao ano ao longo de 66 anos, a dívida subiria para ao menos US$ 95 bilhões, dinheiro que poderia ser usado para diminuir o deficit grego, hoje estimado em 300 bilhões (US$ 446 bilhões).