Foram encontradas armas químicas em duas localizações diferentes no território da Líbia, segundo declarou o primeiro-ministro interino daquele país. Mahmoud Jibril disse ontem que o país não tem interesse em manter as armas e que inspetores estrangeiros chegarão esta semana para analisar a situação.

Já na semana passada, Ian Martin, enviado da ONU à Líbia, reportou ao Conselho de Segurança que teriam sido localizadas armas químicas não declaradas na Líbia, altura em que expressou séria preocupação com a gestão e o controlo de instalações químicas e material nuclear naquele país. A suspeita foi entretanto confirmada pelo primeiro-ministro eleito pelo Conselho Nacional de Transição (CNT). No entanto, Jibril não forneceu quaisquer detalhes sobre o arsenal.

A Rússia já elaborou uma resolução a ser votada na ONU esta semana que obriga as autoridades líbias a destruir o arsenal químico. Jibril convocou uma conferência de imprensa em Tripoli para garantir que o país não está interessado em manter as armas e ter já notificado a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) em Haia e o Governo dos Estados Unidos da América.


Saiba que países são suspeitos - ou conhecidos - detentores de armas químicas.

“Os Estados Unidos da américa foram notificados porque estão tecnicamente equipados para lidar com esta questão”, justificou Jibril. O primeiro-ministro não especificou detalhes sobre os dois locais onde as armas foram localizadas ou como e quando foram encontradas, garantindo apenas que “a OPAQ estará a ajudar as autoridades do país a lidar o melhor possível com a descoberta”, sendo que uma delegação da Organização deverá chegar ao país na próxima quinta-feira.

“Ao fazer este anúncio, reafirmamos que a Líbia é um país novo, que a Líbia é um país pacífico, que a Líbia se rege pelo direito internacional e que a Líbia visa o desenvolvimento antes de mais nada para o bem de seu povo”, terminou Jibril.

Muammar Kadhafi abriu mão, oficialmente, do seu programa de armas químicas e nucleares em 2004, numa tentativa de fortalecer os laços da Líbia com o Ocidente.

NATO termina uma das “mais bem sucedidas” missões na Líbia
A NATO pretende terminar esta segunda-feria a sua missão na Líbia, após uma campanha de sete meses para proteger os civis sob um mandato do Conselho de Segurança da ONU. A Aliança Atlântica decidiu interromper formalmente a missão após a ONU cancelar o mandato na semana passada, embora os líderes do CNT da Líbia tenham incitado a NATO a continuar até o final do ano, devido a preocupações de segurança.

A Organização tem referido esta missão como uma das "mais bem sucedidas", depois dos seus ataques aéreos desempenharem um papel fundamental na queda do ditador Kadhafi. A zona de exclusão aérea e o bloqueio naval, impostos pela NATO desde 31 de março, terminou às 11h59 (9h59 em Lisboa), conforme estipulado por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.

"Cumprimos plenamente este mandato histórico da Organização das Nações Unidas para proteger o povo da Líbia”, garantiu o secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, num comunicado anunciando a decisão.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, diz que Líbia enfrenta um "enorme desafio" para unificar o país e que os líderes têm uma tarefa política “muito complicada” a cumprir. Em declarações ao jornal Washington Post, disse ainda que os Estados Unidos, bem como outros países, “ofereceram assistência e irão ajudar a Líbia como puderem”.

Os líderes provisórios da Líbia declararam o país livre da ditadura de 42 anos sob o Governo de Muammar Kadhafi durante uma cerimónia oficial a 23 de outubro, em que garantiram pretender formar um novo governo interino no prazo de um mês, realizar eleições para uma Assembleia Constituinte no prazo de oito meses e eleições parlamentares e presidenciais dentro de um ano.

Fonte: RTP