O ministro da Defesa, Celso Amorim, espera para o primeiro trimestre deste ano uma decisão do governo sobre a compra de 36 novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), uma aquisição de cerca de 10 bilhões de reais que visa modernizar a frota e substituir as aeronaves usadas atualmente.

A opção de adiar a escolha foi tomada no início do ano passado pela presidenta Dilma Rousseff, que priorizou o corte de gastos em seu primeiro ano de governo.

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"A presidenta está consciente da importância, e eu espero que isso possa ser encaminhado em breve, eu não quero fixar prazo. Você pergunta a minha expectativa, eu gostaria que fosse tomada no primeiro semestre, porque leva um tempo, depois de tomar a decisão, para concretizar, para chegar o primeiro avião", disse o ministro em entrevista à Reuters.

O ministro avaliou que a manutenção dos Mirage 2000, atualmente usados pela FAB, ficará excessivamente cara a partir de 2013, o que aumenta a importância da escolha do modelo que os substituirá.

"Os nossos Mirage no final de 2013 não poderão continuar, ou a manutenção vai se tornar excessivamente cara... No fundo você deixa de gastar de um lado e gasta do outro", afirmou.



O processo de escolha do novo caça para a FAB, conhecido como FX-2, se arrasta desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Estão no páreo os caças Rafaele, da francesa Dassault; o F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing; e o Gripen NG, da sueca Saab.

Apontado como opção mais cara, o Rafale ainda não encontrou nenhum comprador fora da França e, em dezembro, o ministro da Defesa francês disse que a Dassault pode suspender a produção do caça caso não seja encontrado um comprador externo.

O Rafale chegou a ser apontado como favorito na disputa, pois atenderia os requisitos brasileiros de transferência de tecnologia apesar do preço.

O F-18 é visto por especialistas como uma opção já testada, mas o histórico de restrições do governo dos Estados Unidos à transferência de tecnologia podem pesar contra a aeronave norte-americana.

O Gripen NG é visto como opção mais em conta por ser um caça de menor porte. No entanto, críticos veem nessa característica um problema para um país continental como o Brasil.

Mesmo reconhecendo que os cortes no orçamento previstos para este ano irão influenciar na escolha do modelo a ser utilizado no Brasil, Amorim afirmou que a prioridade é a transferência de tecnologia.

"Tem que ser junto com transferência de tecnologia, porque o barato sai caro também se você for só comprar o avião e não puder fabricar ele aqui no futuro", disse.

Originalmente o plano da FAB prevê a compra de um lote inicial de 36 aeronaves, mas esse total pode ser ampliado no futuro.

A troca dos aviões de combate da FAB estão em pauta desde o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Durante seu mandato chegou a ser lançado um processo de disputa, o F-X, posteriormente cancelado por Lula.

O processo foi relançado em 2008 com o nome de F-X2, mas Lula decidiu deixar a decisão para sua sucessora.

Fonte: IG