A presidente Dilma Rousseff participará nesta semana de uma reunião das potências emergentes que compõem o Brics - cujas parcerias podem ajudar o Brasil a assegurar seu posto de sexta economia mundial - em Nova Délhi, e aproveitará a viagem para obter informações sobre o caça francês Rafale, que tem sido analisado pelo governo indiano. Os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reunirão pela quarta vez na quinta-feira, com uma agenda principalmente econômica em meio à crise internacional, explicou a subsecretária política da chancelaria brasileira, Maria Edileuza Reis.

"O principal ponto da agenda é a proposta de criar (no futuro) um banco dos Brics" destinado a financiar investimentos e projetos de infraestrutura, informou o ministro de Indústria, Fernando Pimentel. Os países membros do Brics (termo cunhado no início da década passada para denominar as grandes economias emergentes e de rápido crescimento do planeta) representam cerca de 19% do PIB mundial.

Cooperação militar e caças
Depois da cúpula do Brics, Dilma dará início a uma visita bilateral a Índia, com quem o Brasil integrou em 2003 o fórum IBAS (Índia-Brasil-África do Sul) e que pode ser chave para a decisão de Brasília sobre a compra de 36 aviões caças. Na licitação, estimada em US$ 5 bilhões, competem os caças Rafale, da francesa Dassault, o F/A-18 Super Hornet, da americana Boeing, e o Gripen NG, da sueca Saab.

Analistas e fontes do governo brasileiro disseram que a decisão da Índia de entrar em negociações exclusivas com a França para a compra de 126 Rafales - uma licitação estimada em US$ 12 bilhões - pode ajudar a convencer o Brasil a optar pelo mesmo avião. A subsecretária política da chancelaria brasileira reconheceu o interesse do Brasil por uma "troca de ideias e impressões" sobre a recente opção indiana pelo Rafale. "A decisão da Índia, não formalizada, pode ter um impacto na decisão do Brasil, porque mostra que o Rafale (que até agora nunca foi vendido a outro país) já tem um cliente", disse à AFP o diretor do site especializado Defesanet, Nelson During.

O Brasil e a Índia poderiam ressuscitar "um velho projeto debatido entre ambos os países em 2002, de se articular para produzir um mesmo avião", nessa época o francês Mirage, acrescentou During. Os dois países negociam um possível acordo técnico-militar, explicou a responsável da chancelaria. "É extremamente interessante" que debatam um acordo militar, já que "poderia haver muitas complementaridades na área industrial", disse During.

O Brasil não tomará uma decisão sobre os aviões caças antes da viagem de Dilma à Índia, sua reunião com o presidente americano Barack Obama na Casa Branca, no dia 9 de abril, e as eleições francesas de maio, informou recentemente uma alta fonte do governo.

Fonte: Terra