Menos de uma semana depois de a Força Aérea americana suspender a compra de 20 aviões Super Tucano, da Embraer, a empresa Boeing enviou ao Brasil uma equipe para evitar que o revés contamine a competição para venda de caças ao Brasil. Os executivos da Boeing conversaram com o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, e com representantes da Embraer sobre o assunto. Tanto o presidente da Boeing Aeronaves Militares, Chris Chadwick, como o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, avaliam que os dois assuntos não estão relacionados.

- Os dois assuntos estão separados. (A compra dos Super Tucanos) é um assunto interno da Força Aérea Americana - disse Shannon nesta segunda-feira à imprensa.


- Nós temos conversado com a Embraer consistentemente. Nossa intenção é ficar a uma certa distância e deixar que a Embraer fale por si, na oferta dos Super Tucanos. A Embraer concorda com isso - afirmou Chadwick.

O anúncio da suspensão da compra dos Super Tucanos - um negócio avaliado em US$ 355 milhões, foi anunciada na última quarta-feira, após a concorrente da Embraer, a americana Hawker Beechcraft contestar na Justiça a vitória da brasileira na competição por supostos problemas na documentação. A Força Aérea dos Estados Unidos avisou que irá investigar o problema apontado pela americana e refazer a licitação.

Com relação ao processo de competição que a Boeing participa contra a empresa francesa Dassaut e a sueca Saab para vender caças ao governo brasileiro, que quer renovar sua frota, o embaixador americano disse que em um movimento sem precedentes, o presidente americano, Barack Obama, e o Congresso já deram aval à transferência de tecnologia para o Brasil. Esta é a principal exigência que o Brasil faz na escolha que fará.

- A oferta de transferência de tecnologia é inédita na relação Estados Unidos-Brasil. É o pacote de transferência de tecnologia que oferecemos a nossos melhores parceiros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A oferta indica a confiança que temos no Brasil - informou Shannon, segundo quem o Senado foi consultado por Obama sobre o tema e aceitou a proposta.

A Boeing informou que, ainda que não vença a competição pela venda dos caças, manterá os planos de parcerias na área de tecnologia com o Brasil. A empresa americana abriu um escritório em São Paulo e abrirá até julho outro em Brasília. Além da parceria no setor aéreo, a Being quer fechar acordos na área espacial e de pesquisa.

- A Boeing é muito mais do que uma empresa de aviões. É sobretudo uma empresa de tecnologia. O Brasil tem muitos exemplos de pesquisas que não saem do laboratório. Esperamos ajudar a fazer uma ponte entre a pesquisa teórica e a indústria - afirmou Donna Hrinak, presidente da Boeing no Brasil.

Fonte: O Globo/Yahoo