A Embraer informou que vai participar
do novo processo de seleção da Força Aérea dos Estados Unidos para a
aquisição de aviões de ataque leve. As novas regras foram publicadas na
sexta-feira.
O presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar,
informou que se o processo de seleção for "justo, competitivo e
transparente", o avião Super Tucano deverá ser novamente selecionado.
"Vamos para a competição com um pouco de preocupação pois já tínhamos
assinado o contrato. Mas com as novas condições, que dão um peso
importante para a experiência passada dos aviões em combate, acreditamos
que vamos vencer novamente."
Dentre as novidades que agradaram à fabricante brasileira está a
exigência de comprovação de experiência efetiva em operações de
contrainsurgência. Essa experiência deve ser atestada por meio de
correspondência enviada pelas forças aéreas de países que já utilizaram o
avião em combate.
O avião Super Tucano da Embraer está em uso em seis nações, incluindo a Colômbia, o Equador e Burkina Fasso, na África.
Já o avião da concorrente Hawker Beechcraft ainda é um protótipo,
tendo sido desenvolvido a partir do projeto de um avião treinador para
essa concorrência.
As empresas deverão apresentar suas propostas no dia 18 de junho.
Em abril, o Departamento de Estado dos EUA disse considerar "muito
importante" que a Embraer participe da nova concorrência para o
fornecimento de aviões de ataque leve para as tropas americanas no
Afeganistão.
Segundo Thomas Kelly, primeiro sub-secretário-assistente da divisão
de assuntos político-militares, o cancelamento da disputa, vencida pela
Embraer no final do ano passado, "não teve nada de político"
--referência às críticas de que a Força Aérea teria se curvado ao lobby
político da concorrente Hawker Beechcraft.
"A decisão não teve nada a ver com a Embraer nem teve nada de
político", disse Kelly, na ocasião. "O cancelamento ocorreu após uma
investigação interna apontar a necessidade de rever procedimentos
internos relacionados à qualidade da documentação."
O CASO
A Força Aérea dos Estados Unidos cancelou, em fevereiro, o contrato
de US$ 355 milhões para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da
Embraer, citando problemas com a documentação.
O negócio estava suspenso desde janeiro.
O órgão disse que iria investigar e refazer a licitação, que também
foi contestada na Justiça dos EUA pela norte-americana Hawker Beechcraft
após sua aeronave AT-6 ser excluída da competição --o que levou o
negócio a ser suspenso no começo de janeiro. O contrato havia sido
concedido pela Força Aérea dos EUA para a Embraer e a parceira Sierra
Nevada Corp.
O contrato, em negociação há um ano, gerou resistências,
principalmente entre congressistas do Kansas, Estado-sede da Hawker.
Pedidos de investigação internacional para apurar eventual subsídio do
Brasil à Embraer chegou a ser cogitado.
A avaliação era que um contrato dessa magnitude (em momento de crise
econômica) e um setor tão sensível não podem chegar às mãos de uma
empresa estrangeira.
PACOTE DE SERVIÇOS
O negócio havia sido anunciado no final de 2011 e incluía, além do
fornecimento das aeronaves, um pacote de serviços, como treinamento de
mecânicos e pilotos responsáveis pela operação do avião.
Pelo contrato, a Embraer teria 60 meses para entregar esse primeiro
lote, prazo que começaria a contar já neste mês. O primeiro avião teria
de ser entregue em 2013.
A unidade de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), produziria
grande parte do avião. A montagem final seria feita nos EUA.
A companhia mantinha expectativas de vender mais 35 aviões, o que poderia elevar o contrato à cifra de US$ 950 milhões.
DEFESA
O fornecimento das 20 unidades do A-29 Super Tucano era o primeiro contrato da Embraer com a Defesa americana.
Quando anunciou o contrato, a Embraer disse que o negócio seria "uma
grande vitrine". "Esse é o primeiro contrato com a Força Aérea dos EUA.
Esse é um item sensível no maior mercado de defesa do mundo. Muitos
países vão olhar isso", disse na ocasião Luiz Carlos Aguiar, presidente
da Embraer Defesa e Segurança.
Com esse pedido, a Embraer alcançaria 200 encomendas do modelo Super
Tucano (desenvolvido pela FAB em 1995 e exportado para vários países do
mundo). Apenas 40 precisam ainda ser entregues, mas esse número inclui o
pedido que havia sido feito pela Força Aérea americana.
O A-29 Super Tucano, projetado para missões de contra-insurgência,
atualmente é empregado por seis forças aéreas e possui encomendas de
outras, segundo a Embraer.
De acordo com a licitação, as aeronaves da Embraer seriam utilizadas
para treinamento avançado em vôo, reconhecimento e operações de apoio
aéreo no Afeganistão.
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