“Apesar de se apresentarem ao mundo como ‘defensores dos direitos humanos’ no seu país e em nível internacional, os Estados Unidos cometem uma série de violações que representam o desrespeito a milhares de estadunidenses, especialmente aos mais pobres e aos negros. Neste artigo, Antônio Santos, comenta dez fatos nesse sentido.

Por Antônio Santos, no “Diário da Liberdade”, da Espanha/Portugal


1 - Os Estados Unidos têm a maior população carcerária do mundo.
Apesar de comporem menos de 5% da humanidade, os EUA têm mais de 25% da comunidade [mundial] presa. Em cada 100 americanos, um está preso.

Desde os anos 1980, a surreal taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controle social: à medida que o negócio das prisões privadas se alastra como gangrena, uma nova categoria de milionários consolida o seu poder político. Os donos desses cárceres são também, na prática, donos de escravos, que trabalham nas fábricas no interior da prisão por salários inferiores a 50 centavos de dólar por hora. Esse trabalho escravo é tão competitivo que muitos municípios sobrevivem financeiramente graças às suas próprias prisões, aprovando simultaneamente leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes menores como roubar uma pastilha elástica [chicletes]. O alvo dessas leis draconianas são os mais pobres, mas sobretudo os negros que, representando apenas 13% da população americana, compõem 40% da população prisional do país.

2 - Cerca de 22% das crianças americanas vivem abaixo do limiar da pobreza

Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças americanas vivam sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade econômica de satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável. As estatísticas provam que essas crianças têm piores resultados escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.

3 - Entre 1890 e 2012, os EUA invadiram ou bombardearam 149 países. É maior a quantidade dos países do mundo em que os EUA intervieram militarmente do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de 8 milhões de mortes causadas pelos EUA só no século 20. 
 
E por trás dessa lista escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado (como no caso do Brasil em 1964) e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, que conquistou o Nobel da Paz, os EUA têm, neste momento, mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo. O mesmo presidente criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, batendo de longe George W. Bush.

4 - Os EUA são o único país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que não oferece qualquer tipo de subsídio de maternidade. Embora esses números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos pela empresa, é prática corrente que as mulheres americanas não tenham direito a nenhum dia pago, nem antes, nem depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença de maternidade. Nesse aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia com zero semanas. 
5 - 125 americanos morrem a cada dia por não poderem pagar qualquer tipo de plano privado de saúde. Se não tiverem seguro de saúde (como 50 milhões de americanos não têm), então, têm boas razões para recear mais a ambulância e os cuidados de saúde que lhe vão prestar, que um inocente ataquezinho cardíaco. As viagens de ambulância custam, em média, 500 euros, a estadia num hospital público mais de 200 euros por noite, e a maioria das operações cirúrgicas estão situadas nas dezenas de milhares. É bom que possa pagar seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a “terra das oportunidades” e como o nome indica, terá a “oportunidade” de se endividar até às orelhas e também a “oportunidade” de ficar em casa, fazer figas e esperar não morrer desta vez.

6 - Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de nativos.
Entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres que viviam em reservas índigenas foram esterilizadas, contra sua vontade, pelo governo americano. Esqueçam a história do “Dia de Ação de Graças”, com índios e colonos a partilhar placidamente o mesmo peru à volta da mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições atuais à imigração ilegal, ninguém diria que os fundadores desse país foram eles mesmos imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados. Em pleno século 20, os EUA puseram em marcha um plano de esterilização forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num formulário escrito numa língua que não compreendiam, ameaçando-as com o corte de subsídios caso não consentissem o ato ou, simplesmente, recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se espante, os EUA foram o primeiro país do mundo a levar a cabo esterilizações forçadas ao abrigo de um programa de eugenia, inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e mais tarde contra negros e índios.

7 - Todos os imigrantes são obrigados a jurar não ser comunistas para poder viver nos EUA. Para além de ter que jurar que não é um agente secreto, nem um criminoso de guerra nazi, vão-lhe perguntar se é, ou alguma vez foi, membro do “Partido Comunista”, se tem simpatias anarquistas ou se defende intelectualmente alguma organização considerada “terrorista”. Se responder que sim a qualquer dessas perguntas, ser-lhe-á automaticamente negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco caráter moral”.

8 - O preço médio de um curso superior numa universidade pública é 80 mil dólares. O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente, todos os estudantes têm dívidas astronômicas que, acrescidas de juros, levarão, em média, 15 anos a pagar. Durante esse período, os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e ainda assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel-prazer, sem o consentimento ou sequer a informação do devedor. Num dia, deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juros, e no dia seguinte pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juros. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes americanos ascendeu a 1,5 trilhões de dólares, subindo assustadores 500%.

9 - Os EUA são o país do mundo com mais armas de fogo por habitante: para cada 10 americanos, há 9 armas. Não é de espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior coleção de armas. O que surpreende é a comparação com o resto do mundo: no resto do planeta, há 1 arma para cada 10 pessoas. Nos Estados Unidos, 9 para cada 10. Nos EUA, podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, qualquer coisa como 275 milhões. E essa estatística tende a se extremar, já que os americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.

10 - Há mais americanos que acreditam no Diabo do que os que acreditam em Darwin. A maioria dos americanos é cética; pelo menos no que toca à teoria da evolução, em que apenas 40% dos norte-americanos acredita. Já a existência de Satanás e do inferno, soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos americanos. Essa radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e, mesmo, os comentários do ex-candidato Rick Santorum, que acusou os acadêmicos americanos de serem controlados por Satã.”
FONTE: escrito por Antônio Santos, no “Diário da Liberdade”, jornal eletrónico realizado a partir da Galiza (Espanha), mas de âmbito lusófono. Conta com colaboradores galegos, portugueses e brasileiros. Artigo transcrito no portal “Vermelho” [Imagens do google adicionadas por ‘democracia&política’]