A organização dos Jogos de Londres recebeu mais de 30 mil candidatos a carregar a pira olímpica. Entre eles, estava iCub. Um robô. Com 1 metro de altura e articulações que imitam as de um ser humano, ele pode segurar a tocha e correr os 300 metros do revezamento. “O iCub tem a inteligência de um bebê de 18 meses”, diz o criador, Giorgio Metta. “Maneja pequenos objetos, tem expressões faciais, reconhece cores e formas e repete palavras ditadas a ele.” Os argumentos não convenceram o Comitê Organizador.

Menor de 12 anos e sem residência no Reino Unido, o iCub foi barrado.Melhor sorte tiveram os 11 robôs fotógrafos da agência Reuters. Pendurados em cabos e orientados à distância, registraram pontos de vista inéditos de esportes como salto em distância e ginástica artística.

No encontro Rio+20, em junho, no Rio de Janeiro, o robô Hermes, da Força Aérea Brasileira (FAB), garantiu a segurança de 93 chefes de Estado. Hermes é um drone (também chamado de Vant, ou Veículo Aéreo Não Tripulado), capaz de ficar 15 horas seguidas no ar, a 5.000 metros de altitude. Inaugurado pela FAB em 2011 na patrulha das fronteiras brasileiras, atuou pela primeira vez num grande centro urbano.

Sonhados pelos homens há centenas de anos – Leonardo da Vinci chegou a rascunhar alguns, no século XV –, os robôs estão tomando o mundo. Este e outros: na última segunda-feira, Curiosity chegou a Marte, na mais ambiciosa missão de busca por vida extraterrestre já feita. Quarenta anos após o último homem pisar na Lua, cabe a robôs astronautas dar grandes passos pela humanidade.

Há 8,6 milhões de robôs no mundo, o equivalente à população de Tóquio, segundo o último censo da Federação Internacional de Robótica (FIR). Seu boom demográfico começou na década de 1960, para dar eficiência às fábricas. Nos últimos anos, o uso em outras áreas se tornou tão comum que os robôs industriais, embora onipresentes nas linhas de produção, representam hoje apenas 16% do total. Cerca de 80% dos robôs são de serviço, dedicados a pequenas tarefas.

A maioria (7,3 milhões) são aspiradores de pó Roomba, feitos pela iRobot, empresa fundada em 1990 por inventores do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Com o diâmetro de uma pizza grande, Roomba usa sensores para desviar-se de móveis e não cair de escadas. Na hora marcada, ele acorda, aspira o chão e volta à base de recarga. No Brasil, é vendido por importadores independentes, por cerca de R$ 1.400. Em 2010, 2,2 milhões de robôs de serviço foram vendidos no mundo. Até 2014, prevê a FIR, serão mais 14 milhões.

Quando pensamos em robôs, costumamos imaginar homens de metal – parecidos com as imagens do C3PO, de Guerra nas estrelas, ou do Robô, de Perdidos no espaço. Na verdade, a definição de robô é mais ampla. “Não consigo dizer o que é”, afirma o engenheiro americano Joseph Engelberger, um dos pioneiros da robótica. “Mas reconheço um quando vejo.” As definições convergem em certos pontos. A mais aceita diz que robôs são máquinas elétricas autônomas ou semiautônomas programadas para colher e analisar informações que as ajudem a realizar uma tarefa.