A Índia e a Rússia começaram a desenvolver um avião médio multiúso de transporte MTA, que é baseado no projeto russo Il-214. A necessidade de se criar uma máquina nova desta classe não está em dúvida, mas a realização do projeto está levando muito tempo.

Caminho longo
O contrato para a primeira fase de desenvolvimento do MTA foi assinado em 12 de outubro de 2012. O cliente é a empresa conjunta russo-indiana MTAL, e o fornecedor é a empresa russa United Aircraft Corporation - Transport Airplanes (UAC-TA) e a indiana Hindustan Aeronautics Limited (HAL).
Este é o ponto de partida para o desenvolvimento imediato da nova máquina, o primeiro protocolo sobre sua construção foi assinado ainda em 2001. Na altura, o planejado é que o avião com o índice Il-214 levantaria voo até o final da década de 2000, e no programa estadual de armamentos para 2006-2015 até estava prevista a compra dos primeiros cinco aviões de série. Hoje está claro que o avião não irá aparecer em 2015 - a data do primeiro voo foi adiada para 2017, e o fornecimento das primeiras máquinas de série - para 2019. No entanto, não se pode chamar o Il-214 de produto extremamente complexo, cujo prazo de desenvolvimento está atrasado por razões objectivas. Na verdade, esta máquina tem muito em comum com seu irmão mais velho - o Il-76 de quatro motores. As razões para o atraso devem estar em algo mais.
A base para o desenvolvimento de UAC-TA é o departamento de projeto (DP) Iliushin. A perda da principal usina de produção em série em Tashkent, a transferência da produção de Il-76 para Ulianovsk, e a remoção, de fato, do DP da produção de máquinas de passageiros levou à perda quase completa de competências e habilidades. Isto é tanto mais sensível porque quase parou a troca de experiência com o DP Antonov em Kiev, o principal desenvolvedor de aviões de transporte soviéticos.
Tiveram influência também problemas financeiros - até recentemente, o orçamento não tinha recursos para um financiamento completo do programa, embora a criação de um avião de transporte médio devesse ser uma prioridade para o exército, assim como para aumentar exportações de ítens alta tecnologia. Aviões desta classe têm demanda no mercado mundial.
É possível que a cooperação com a Índia tenha se tornado uma boia de salvação para o projeto. Os indianos, que estão interessados não apenas na máquina, mas também em obter experiência de construção de tais aviões, estão dispostos a pagar dinheiro. E esperar - é claro, se a espera não exceder prazos razoáveis. No entanto, na Ásia são mais tolerantes ao consumo de tempo.
O que será leve?
Além do avião de 20 toneladas de capacidade de carga, a Força Aérea Russa necessita também de um avião de carga pequeno, com uma capacidade de 6-8 toneladas, capaz de fornecer rapidamente cargas a bases remotas, de ser utilizado em aeródromos de má qualidade, e estar sempre à mão em quantidades necessárias. Este papel hoje pode ser reivindicado por um avião e um projeto. Projeto - é o Il-112 do DP Ilyushin, e o avião é o An-140 do DP Antonov. Entretanto, a julgar pelas declarações de funcionários de alto escalão, incluindo o vice-primeiro-ministro Dmitri Rogozin que supervisiona o setor de defesa, a retomada dos trabalhos sobre o Il-112 é hoje considerada preferível à criação de uma modificação de transporte militar do An-140. A razão óbvia é a origem formalmente ucraniana do An. Em contraste com o Il-112, que ainda não passou do estágio de projeto, o An-140 está já em série. Além disso, ele é quase completamente, exceto os motores, construído na Rússia: seu produtor principal é a empresa Aviakor de Samara. Note-se que o Il-112, se levado a produção, também vai usar, provavelmente, motores ucranianos da corporação Motor-Sich.
A principal vantagem do An é que ele está em série. Já foram produzidas cerca de 30 máquinas, existe um contrato para o fornecimento destas aeronaves (por enquanto na versão de carga) ao Ministério da Defesa e para a criação de uma versão de transporte militar. Ela se distingue pela presença de uma rampa de carga na cauda da máquina, o que levará muito menos tempo e esforço do que a criação do Il-112, para o qual ainda há que construir o ferramental de produção a partir do zero.
Nestas circunstâncias, o desejo de por em série uma aeronave de marca especificamente russa pode levar a consequências opostas. Os recursos da UAC-TA, especialmente os de engenharia, hoje estarão ocupados pelo projeto MTA. Se a esta estrutura for adicionado o projeto Il-112, o resultado pode ser a falha de ambos os projetos. E a necessidade de comprar como máquina média, por exemplo, o avião brasileiro KC-390, e como máquina leve o avião italiano C-27J Spartan ou o espanhol C-295.
Por isso considera-se que a produção do An-140 esta mais perto dos interesses tanto de militares russos, como da indústria russa.