Dois submarinos atômicos afundados, o K-27 e o K-159 (foto ao lado de 2003) da Frota do Norte, serão içados e reciclados em terra. Segundo informações de uma fonte do Ministério da Defesa ao jornal “Izvéstia”, esse ponto foi incluído no projeto “Estratégia de Desenvolvimento da Zona Ártica da Federação Russa”.

“Foi examinado uma série de medidas para limpeza dos mares polares. Além dos submarinos afundados, será dada especial atenção à eliminação de resíduos perigosos de equipamentos militares deixados na Terra de Francisco José [arquipélago polar entre o mar de Barents e o oceano Glacial Ártico], nas ilhas de Novossibirsk, na ilha Beli etc.”, informou a fonte que preferiu não se identificar.

Outra fonte, do Estado Maior da Frota da Marinha, disse ao jornal “Izvéstia” que as forças e os recursos técnicos russos não são suficientes para operações de tamanha dimensão. Para erguer embarcações que se encontram a grandes profundidades são necessários navios especiais de apoio a mergulhadores, rebocadores, barcas e lanchas com sistema de guindaste. A experiência de içamento do Kursk 11 anos atrás mostrou que a Rússia não tem condições de garantir toda a parte técnica sozinha. Na época, os trabalhos básicos foram realizados pela empresa holandesa Mammoet.

“Até hoje não temos as embarcações necessárias. Logo após a tragédia do submarino Kursk, a Frota adquiriu da Grã-Bretanha cinco aparelhos Venom, que submergem a grandes profundidades sem piloto, e agora eles serão substituídos por três Gavia islandeses de tecnologia avançada. Eles conseguem realizar operações específicas com seu complexo de instrumentos hidráulicos, como brocas, perfuradores e serras, mas são aparelhos de busca e salvamento, não de içamento”, disse o entrevistado.

Ele explicou que a Frota da Marinha Russa praticamente não possui pessoal especializado para trabalhos em grandes profundidades. Por isso, será necessária a abertura de uma licitação internacional entre empresas especializadas dos EUA, Holanda, França e Coreia do Sul.

Um representante da holding Corporação Industrial Reunida considera que os requisitos de içamento do K-27 e do K-159 podem ser atendidos por uma série de empresas russas, inclusive pela Corporação de Construção Naval Reunida. “Porém, ninguém pode dizer o preço e o prazo de realização dos trabalhos sem saber os parâmetros da solicitação. Içar a embarcação inteira é uma coisa, serrá-la no fundo do mar e erguer as partes é outra”, explicou o representante da indústria da defesa.

Entenda:O submarino K-27 está no fundo do mar Cáspio desde 1980. O K-159 afundou em 2003 no mar de Barents, quando o rebocavam para reciclagem. O primeiro, numa profundidade de 75 m, não apresenta grandes dificuldades para içamento, mas a situação do segundo é mais complexa. Ninguém sabe com exatidão a profundidade em que se encontra, algo entre 170 m e 250 m.