O governo do Mali descartou qualquer negociação com os rebeldes
islamitas do norte do país, onde dois soldados malinenses morreram nesta
quinta-feira (31) na explosão de uma mina, um dia depois da chegada a Kidal dos militares franceses.
O presidente interino do Mali, Dioncounda Traoré, falou sobre a
estratégia dos grupos islamitas armados e questionou, falando à emissora
Rádio France International (RFI), "por que não houve combates e o que o
adversário está tramando".
"Os islamistas se retiraram das grandes cidades para não ficarem
encurralados e foram para muito longe dessas aglomerações", acrescentou.
No que se refere ao aspecto político da crise e à perspectiva do
pós-guerra, Traoré afirmou que "o único grupo com o qual podemos prever
negociações é o MLNA, na condição de que renuncie a todas as suas
pretensões territoriais".
O MNLA, um grupo rebelde tuaregue, desistiu de sua reivindicação de
independência no norte do Mali, de onde a Al-Qaeda no Magreb Islâmico
(AQMI) e seus aliados, Ansar Dine (Defensores do Islã) e o Movimento
para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO), o expulsaram em
junho de 2012.
Traoré considerou que o presidente de Burkina Faso, Blaise Compaoré,
mediador da África Ocidental na crise, está equivocado ao achar que se
pode negociar com o Ansar Dine, responsável pela ofensiva de 10 de
janeiro no sul do país, que desencadeou a intervenção do exército
francês.
"É evidente que o Ansar Dine se desqualificou, não pode ser escolhido
para dialogar, apesar das posturas que alguns deles decidiram adotar
agora", afirmou Traoré, em alusão ao Movimento Islâmico de Azawad (MIA),
divisão do Ansar Dine.
Por outro lado, ao menos dois soldados malinenses morreram nesta
quinta-feira na explosão de uma mina na passagem de seu veículo entre as
cidades de Douentza e Hombori, no norte, informou uma fonte da
segurança.
A França
também comunicou nesta quinta-feira que os sete reféns franceses que os
islamitas sequestraram no Níger e no Mali em 2011 e 2012 provavelmente
se encontram nas montanhas da região de Kidal, no extremo nordeste deste
país.
"É provável que os reféns estejam na região do maciço de Ifoghas, no
norte de Kidal", declarou à emissora France-Inter o ministro francês da
Defesa, Jean-Yves Le Drian.
Durante a madrugada de quarta-feira (30) o exército francês tomou
posição no aeroporto de Kidal, cidade que, depois de Gao e Timbuktu,
recuperadas entre em 26 e 29 de janeiro, era a última grande localidade
do norte ainda em mãos de grupos armados, que ocupavam esta região há
dez meses.
"As forças francesas estão em Kidal e tomaram o aeroporto. Estão à
espera de que outras forças africanas possam garantir a segurança da
cidade", afirmou Le Drian.
Atualmente, 3,5 mil militares franceses estão posicionados junto a 2 mil soldados africanos.
Durante muito tempo, Kidal foi o reduto do grupo islamita Ansar Dine,
dirigido por Iyad Ag Ghalym, um ex-rebelde tuaregue. No entanto, o MIA
afirmou há pouco que controlava Kidal junto com os rebeldes tuaregues do
MNLA.
Fonte: G1
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