Uma coluna com mais de 30 viaturas blindadas, conduzidas pelas tropas francesas e militares do Mali, passeou-se ontem pela cidade de Diabaly, no centro do país, expulsando os militantes islamistas que há uma semana tinham assentado praça naquele que é um importante ponto estratégico no trajecto para a capital, Bamaco.

A força aérea francesa já tinha realizado vários raides sobre Diabaly, uma das mais importantes conquistas das forças islamistas ligadas à Al-Qaeda que dominam a região desértica a norte, onde agora vigora a lei islâmica (sharia). Ontem de manhã, quando os soldados entraram na cidade, já quase não encontraram resistência: imagens transmitidas pela televisão francesa mostravam viaturas queimadas e abandonadas pelos combatentes após os ataques aéreos.

Uma parte da população abandonou a cidade em antecipação do confronto no terreno. Quem ficou para trás confirmou a retirada dos rebeldes – que mantiveram a cidade cercada e sem abastecimento durante toda a semana. No entanto, um coronel do Exército do Mali citado pela Al-Jazira alertava para a possibilidade de os islamistas se terem “dissimulado” entre a população civil. “Uma franja da população adere às teorias dos jihadistas, pelo que todo o cuidado é pouco”, referiu.

 Soldado francês na cidade de Niono ISSOUF SANOGO/AFP

A crise humanitária no Mali agudizou-se com o fecho da fronteira da Argélia, que força os refugiados a escapar para o deserto. De acordo com o Centro de Monitorização de Refugiados Internos, uma organização norueguesa, à falta de recursos do Governo de Bamaco acrescem as dificuldades de acesso das organizações humanitárias. “A grave situação de insegurança causada pelo conflito torna as opções de ajuda muito limitadas”, disse à CNN o director do centro para a África, Sebastian Albuja.
Além de Diabaly, o contingente enviado pela França avançou também sobre as cidades de Niono e Sevaré, também na faixa central. Um movimento que indica que as tropas já terão em mira o território do deserto que era reclamado pelos separatistas tuaregues Azawad, cuja luta foi entretanto “engolida” pelos movimentos islamistas.
Em Paris, o ministro da Defesa Jean-Yves Le Drian garantiu que a ofensiva prosseguiria até à rendição total dos combatentes rebeldes. “O nosso objectivo é a reconquista total do Mali, não toleraremos nenhum foco de resistência”, declarou. Depois da chegada de 400 soldados da Nigéria, Togo e Benin, no domingo, ontem aterraram no Mali os soldados disponibilizados pelo Chade: um contingente de forças especiais, com experiência em terrenos do deserto. 

Fonte: Publico