O governo brasileiro e o governo russo assinaram nesta quarta-feira
(20) em Brasília uma declaração de intenções para aprofundar negociações
de compra, por parte do Brasil, de cinco baterias de mísseis antiaéreas
russas. A declaração foi assinada no Palácio do Itamaraty após encontro
entre o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, e o vice-presidente
da República, Michel Temer.
O principal produto em negociação são os sistemas de artilharia
antiáerea Pantsir-S1, com capacidade de médio alcance, podendo atingir
alvos entre 3 km e 15 km. A assinatura da declaração representa uma
etapa no processo de compra do equipamento, mas não significa que a
transação já foi efetivada.
Ao deixar o Itamaraty, Michel Temer falou sobre o que falta para
concluir a compra. "A presidenta hoje definiu que quer comprar, tratou
do assunto com o presidente Medvedev e já mandou a Fazenda examinar as
possibilidades na negociação. Então a negociação virá a partir de
agora", afirmou. Sobre quanto tempo deverá levar o processo, Temer disse
que deve demorar "alguns meses".
O documento prevê ainda a “transferência efetiva de tecnologia, sem
restrições”, além do desenvolvimento conjunto de novos produtos de
defesa e a participação de empresas brasileiras nas produções em
conjunto entre os dos países.
Em reportagem publicada em agosto de 2012, o G1 mostrou que a
falta de uma bateria que atinja média altitude representava uma lacuna
na defesa brasileira, por ser, também, uma das exigência da Fifa para a
realização da Copa do Mundo de 2014.
Também na área de defesa, os dois governos assinaram um ato que prevê a
intenção do Brasil de comprar da Rússia 12 helicópteros modelo MI-35M.
Baterias antiáreas
Para ter uma ideia da importância da artilharia de médio alcance, todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm esta capacidade de abate nesta altura. Nenhum na América Latina conta com o instrumento.
Baterias antiáreas
Para ter uma ideia da importância da artilharia de médio alcance, todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) têm esta capacidade de abate nesta altura. Nenhum na América Latina conta com o instrumento.
Os mísseis russos podem preencher outra necessidade do Brasil, por
possuírem tecnologia de guiamento e seguirem os alvos após serem
disparados.
O Brasil pretende comprar duas baterias antiaéreas do modelo Igla, de
baixo alcance, e três do modelo Pantsir-S1, de médio alcance. O valor da
negociação não foi informado pelo governo.
Em entrevista ao G1 em 2012, o general que comanda a
artilharia antiaérea no país, Marcio Heise, informou que a proposta para
modernização do sistema brasileiro tinha o custo de R$ 2,354 bilhões.
Contudo, o Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012, estimava
em R$ 859,4 milhões a previsão de investimentos na área até 2023.
Dilma encontrou Medevev na manhã desta quarta para negociar detalhes da compra, segundo o Ministério da Defesa.
Detalhes da negociação
Segundo o ministério, mais detalhes sobre as especificações dos equipamentos só serão divulgados após a efetivação da aquisição, que está sendo tratada em reuniões com a presença do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, José Carlos de Nardi, com militares e diplomatas russos no Itamaraty.
Segundo o ministério, mais detalhes sobre as especificações dos equipamentos só serão divulgados após a efetivação da aquisição, que está sendo tratada em reuniões com a presença do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, José Carlos de Nardi, com militares e diplomatas russos no Itamaraty.
Segundo o Ministério da Defesa, a aquisição servirá para reforçar a
proteção do território nacional, mas ainda não há informações sobre onde
as baterias deverão ser instaladas. A compra dos armamentos russos já
havia sido tratada em viagem que a presidente Dilma e o ministo da
Defesa, Celso Amorim, fizeram à Rússia no ano passado.
Em janeiro, uma delegação brasileira, formada por autoridades militares
e empresários, visitou fábricas russas para conhecer os equipamentos e
elaborar um relatório, que foi apresentado à presidente Dilma, sobre as
características das máquinas. Cada bateria Pantsir-S1 russa engloba seis
carros com radares, sistemas de detecção e canhões.
O Brasil possui cinco grupos de artilharia antiaérea posicionados no
Rio de Janeiro, em Praia Grande (SP), em Caxias do Sul (RS), em Sete
Lagoas (MG) e em Brasília, para defender o Planalto. Eles contam com
mísseis Igla-S, com alcance de até 3 km de altitude.
Segundo a Defesa, na negociação há previsão de transferência de
tecnologia por parte da Rússia e possibilidade da instalação de uma
fábrica no Brasil com participação de empresas brasileiras e russas.
Fonte: G1
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