O ministro chinês da Defesa, Liang Guanglie, acaba de realizar uma visita prolongada à Ucrânia. O secretismo à sua volta permite supor terem sido concluídos vários acordos novos na área de cooperação técnico-militar. Convém realçar a este propósito que a maioria dos programas sino-ucranianos concorre aos projetos russos desenvolvidos na China.
A julgar por fotografias
protocolares, o ministro foi acompanhado por uma representativa comitiva
militar. Além de uma reunião como o ministro ucraniano da Defesa, Pavel
Lebedev, o titular da pasta militar da China foi recebido pelo
primeiro-ministro, Mykola Azarov, e mais tarde, pelo Presidente Viktor
Yanukovich. Não se sabe nada sobre os resultados da viagem enquanto a
mídia local assinala um ambiente de extremo secretismo em torno das
conversações mantidas em Kiev. É bem provável que não se trate de
assinatura de contratos reais, mas sim de uns acordos-quadro a serem
elaborados em breve.
Engine 6TD-2
Cumpre salientar existirem
várias linhas-mestras da colaboração militar ucraniano-chinesa. A
empresa Malyshev de Kharkov fornece motores-diesel 6TD-2 para os
blindados chineses exportados MBT-2000. Hoje em dia, continua em vigor
um contrato de entrega de 200 motores desse tipo, celebrado em 2012.
A
empresa Zoria-Mashproekt de Nikolaev exporta as unidades de energia a
gás para os equipamentos marítimos, colaborando com a China na esfera de
transferência de tecnologias. De uma importância maior se reveste ainda
a cooperação com a empresa Motor-Sich, de Zaporojie, especializada em
fabricação de propulsores para aeronaves, que fornece motores para os
aviões de treino e alguns tipos de mísseis.
Y-8
Y-9
A
companhia aeronáutica Antonov continua sendo um elemento-chave dos
programas chineses visando o desenvolvimento do parque da aviação de
transporte militar. Engenheiros ucranianos têm participado no
aperfeiçoamento da família de aviões de transporte médios Y-8/Y-9,
criados com base em An-12 ucranianos, bem como em obras de projeção do
novo avião pesado de carga chinês Y-20 (foto ao lado). Este último,
demonstrado recentemente ao público, foi concebido com base no avião
pesado de transportes An-170, mas a sua projeção, a cargo de
especialistas ucranianos, não foi levada a cabo.
Além disso, a companhia
aeronáutica Antonov era responsável pela projeção de asas para o avião
de passageiros ARJ-21, também com um destino triste.
ARJ-21
A
empresa More, da cidade portuária de Feodossia, constrói para a China
os barcos de desembarque a colchão de ar, análogos aos Zubr russos,
entregando à parte chinesa os documentos técnicos. Existem ainda outras
áreas de colaboração sino-ucraniana que se desenvolve no período
pós-soviético: a eletrônica de aviação, a radiolocalização, a produção
de sistemas automatizados de comando e de mísseis ar-ar.
A
maioria dos programas acima citados faz concorrência aos projetos
russo-chineses nesse domínio. Todavia, a parte russa espera que, em
perspectiva de longo prazo, a ameaça da concorrência ucraniana vá
diminuir. Enquanto que a Rússia tem vindo a aumentar os investimentos na
indústria de defesa e as compras de armas para suas Forças Armadas, a
Ucrânia se vê obrigada a viver graças às exportações de produtos
elaborados ainda nos tempos soviéticos.
MBT-3000
As empresas
ucranianas do ramo carecem de potencialidades para poderem alargar a
gama de artigos oferecidos ao consumidor estrangeiro. Até os chineses
têm de criar análogos para os artigos ucranianos existentes. Em 2011, a
China procedeu aos testes do carro blindado MBT-3000, munido de um motor
diesel chinês com a potência de 1200 cv (cavalo-vapor), capaz de
substituir o 6TD-r ucraniano.
À luz disso, seria
provável que a Ucrânia, confrontando-se com a baixa competitividade de
seus produtos, tentasse alargar a sua presença no mercado chinês à custa
do acesso a suas tecnologias na esfera aeronáutica. Por isso, os
resultados da recente visita de Liang Guanglie merecem serem examinados
com a elevada atenção, uma vez que a Ucrânia, apesar dos problemas
pendentes, mantém o seu papel da segunda, após a Rússia, fonte de
tecnologias militares destinadas para a China.
Fonte: A Voz da Russia
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