O Afeganistão tem uma grande necessidade de uma aviação de combate e de transporte. Depois da retirada dos aliados, o exército nacional irá enfrentar sérios desafios se não tiver garantido o apoio aéreo. Essa foi a opinião expressa pelo comandante da Força Aérea Afegã, Abdul Wahab Wardak.

Segundo o general, a Força Aérea nacional possui apenas os helicópteros comprados à Rússia nos últimos anos, 43 aparelhos Mi-17 de transporte e seis Mi-35. O país também possui aviões de carga C-27 italianos, mas estes estão parados já há vários meses nos aeroportos e serão desativados devido a problemas técnicos. O Afeganistão não tem aviões de combate.
No ano passado, os EUA abriram concurso para o fornecimento de 20 caças ligeiros a Cabul, mas nada se sabe acerca dos contratos celebrados. Os norte-americanos também prometeram 4 aviões militares de transporte Hercules C-130, mas não parecem ter pressa de os fornecer.

Esse tipo de atitude por parte dos aliados relativamente à Força Aérea Afegã tem uma explicação. O Ocidente não precisa muito de um exército afegão capaz. Este é o comentário de Yuri Krupnov, presidente do Observatório do Instituto de Demografia:

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"A capacidade de combate do exército afegão apenas interessa à OTAN do ponto de vista de operações policiais antiterroristas localizadas. Tomando isso em consideração, ninguém se coloca o objetivo de tornar o exército no pilar do novo Estado afegão. Não se pode esperar que ele receba um armamento completo e meios pesados".

Os norte-americanos ainda não apresentaram qualquer projeto concreto para a criação do exército afegão. Além disso, a OTAN teme os pilotos afegãos, na opinião do professor Oleg Kulakov da Universidade Militar Russa:

"Quanto as tropas soviéticas estavam no país, houve episódios em que os pilotos afegãos voaram para o Paquistão, mas não houve um único caso de eles alvejassem premeditadamente as suas próprias posições. É disso que as forças internacionais têm medo".
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIzUTNLNJy0VN-Zu9ZSzI474Yv717TEs9An_dGcDTrRL1M52aOA_WVXTTnqglm0HC7URO9VORIzbEjURDy3D2mvDkBfq9MrG0VIjSXod417MXEZA441FpovdLSnZ1ed1g6aWZe1T1smo3s/s1600/U.S.-DoD-Map-NATO-Afghanistan-Occupation.jpgA administração dos EUA está numa encruzilhada. Por um lado, há grandes dúvidas de que a situação no Afeganistão continue mais ou menos estável. Por outro lado, a Casa Branca não sabe como deverão ser as Forças Armadas afegãs, explica o perito. Nessas condições, os norte-americanos não se decidem pela criação de uma aviação a sério.

Quanto à Rússia, ela poderá fornecer ao Afeganistão quaisquer tipos de meios aéreos. Mas tudo esbarra em duas questões: uma decisão política que não depende de Cabul, mas sim do "irmão mais velho" e saber se esse mesmo "irmão" quererá pagar. Acrescenta Oleg Kulakov:

"Nós temos o material que o Afeganistão necessita. Essa questão iria levantar outras, incluindo a preparação dos pilotos. Não nos podemos apoiar nos pilotos do antigo exército. A formação principal teria de ser feita pela Rússia".

Por enquanto, é difícil imaginar que o exército afegão possa resistir eficazmente aos grupos armados da oposição sem um apoio aéreo. Depois da saída das forças ocidentais, o exército nacional ficará ainda mais vulnerável, diz Oleg Kulakov, partilhando a opinião do general.