O legendário avião russo An-2 efetuou primeiros voos após a modernização. Nos anos soviéticos, a máquina era utilizada ativamente na agricultura, obtendo o titulo de Kukuruznik, que deriva da palavra "kukuruza", que em russo significa “milho”. Hoje, engenheiros do Instituto de Pesquisas Aeronáuticas da Sibéria (SibNIA) montaram no bi-plano um motor turbo-hélice americano em vez do propulsor antiquado soviético. O salão também foi mudado, tornando-se mais cômodo para passageiros.

O avião é nomeado ainda de fuzil Kalashnikov na aviação: também é tão perfeito, universal, despretencioso e vivaz. O An-2 é inscrito no Livro Guinness dos Recordes como o único avião do mundo, que se produz há mais de 60 anos. Na URSS, o avião foi largamente utilizado em linhas locais para transporte de artigos alimentares e correio, fertilização de campos e trabalhos de resgate. Até hoje, o An-2 não tem análogos no mundo, disse à Voz da Rússia o diretor do SibNIA, Vladimir Barsuk:
“A principal vantagem do An-2 consiste em que a aeronave é capaz de pousar e decolar em pistas muito curtas, podendo aterrar em espaços destinados para helicópteros Mi-8. Nenhum avião estrangeiro é capaz de pousar em tais campos. A pista de decolagem e de pouso do An-2 é de 50 a 80 metros. Os aviões estrangeiros da mesma classe precisam de uma pista de 400 – 500 metros, no mínimo. As potencialidades técnicas do An-2 para pousar em locais não preparados também são mais altas”.
Na Rússia, há cerca de 2 mil máquinas em condições de funcionamento. É mais rentável dar-lhes uma nova vida, do que comprar aviões parecidos no exterior. Já houve tentativas de adquirir bi-planos de segunda mão Cessna fabricados, tal como aviões An-2, em 1965. Mas, como se verificou, tais compras não são economicamente rentaveis e, para além disso, criam muitas dificuldades durante a exploração, explica Vladimir Barsuk:
“Um Cessna de segunda mão custa 3,5 milhões de dólares e, se tiver equipamentos contemporâneos, até 4,5 milhões. Para montar um novo motor no An-2, serão necessários cerca de 800 mil dólares, ou seja em 3-4 vezes menos. Para além disso, o Cessna não poderá pousar em campos pequenos e deve encontrar-se em hangar, não resistindo aos frios da Sibéria”.
As regiões setentrionais da Rússia precisam muito de aviões An-2 modernizados, que são uma salvação para as zonas em que não há bons aeródromos e comunicações ferroviárias. Inicialmente, durante o desenvolvimento de uma nova versão de bi-plano, engenheiros de aviação orientavam-se para o mercado russo. Mas agora já chegaram muitas encomendas do exterior – do Cazaquistão, do Tajiquistão, dos Estado Unidos, do Brasil. Especial interesse foi demostrado por parte da China, que produz por licença os aviões Y-5, análogo do veterano russo. Mas os chineses pretendem criar um parque de An-2 modernizados, diz o diretor do SibNIA:
“Tivemos uma visita de chineses. Voámos em conjunto com eles, mostrámos tudo. Eles enviaram uma mensagem, encomendando 700 máquinas modernizadas – 100 aviões por ano”.
Não há receios pela demanda de An-2 na Sibéria. O principal problema consiste na regularização de questões jurídicas com o antigo parceiro na sua produção nos tempos soviéticos. A empresa ucraniana Antonov anunciou os seus direitos em relação à máquina. Quando este problema for resolvido, os An-2 modernizados terão a possibilidade de exploração comercial. O SibNIA não duvida que este pequeno avião tenha grande futuro.