Ele planejou um ataque no qual morreram mais de 2.000 mil americanos nos EUA, ficou fora de circulação durante alguns anos e terminou morto num ataque especialmente planejado para isso.
Osama Bin Laden? Não. Isoroku Yamamoto (1884-1943), o almirante japonês que planejou o ataque aéreo à base americana de Pearl Harbor em dezembro de 1941, no Havaí, fazendo os EUA entrarem na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
O caso mostra que a ideia de "assassinato seletivo" de líderes político-militares não é tão nova assim.
Os dois episódios -o ataque japonês em 1941 e os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 promovidos pela Al Qaeda- foram os maiores golpes sofridos pela maior potência econômica e militar em sua história. Criaram sede de vingança.


Matar líderes adversários quase sempre foi um tabu na tradição militar ocidental. Na antiguidade clássica, tentar matar o general ou rei inimigo era uma maneira tradicional de vencer uma batalha; sem comando, as tropas perdiam coesão e não resistiam aos ataques. Mas a morte tinha que ser em batalha, não por traição ou perfídia.


Com a profissão militar tornando-se mais aristocrática na era moderna, matar o chefe adversário passou a ser de péssimo gosto. Era tido como errado alvejar diretamente o comandante adversário.


No século 20, a norma mudou. Guerras totais, como a Primeira e a Segunda mundiais, não tinham mais frescuras. Mesmo assim, foram poucos os casos de comandantes deliberadamente tornados alvos. 


Yamamoto havia vivido nos EUA e conhecia seu potencial econômico-militar. Mas viu-se na posição de ter de planejar um ataque contra os americanos. Deixou claro que conseguiria, no máximo, ficar na ofensiva por seis meses. Uma maneira de começar em posição vantajosa seria um ataque surpresa contra a principal base aeronaval adversária, Pearl Harbor.

O ataque foi chamado de "dia da infâmia" pelo então presidente americano Franklin Roosevelt. E o presidente, ao saber que a inteligência militar soube que o planejador do ataque iria visitar bases japonesas no sul do Pacífico, não teve dúvidas: "Peguem o cara". Como agora fez seu sucessor Barack Obama em relação a outro inimigo, Osama bin Laden.
Uma esquadrilha de caças de longo alcance P-38 Lightning foi enviada para abater o avião de transporte de Yamamoto em abril de 1943. Foi a mais longa missão de interceptação de caça da guerra e terminou com a morte do velho almirante.
Não foi o único caso do gênero da guerra, embora tenha sido o único que foi bem sucedido.

Fonte: Folha de São Paulo - Por RICARDO BONALUME NETO