Unidades do exército líbio tomaram posição nesta sexta-feira (3) em torno das instalações estratégicas e nas entradas de Trípoli, onde instituições do Estado estão sendo atacadas ou estão bloqueadas desde domingo por milícias armadas.
Soldados a bordo de blindados e caminhonetes com metralhadoras e canhões antiaéreos também foram posicionados na praça dos Mártires, no centro de Trípoli, onde uma manifestação está prevista para esta sexta-feira.
"O objetivo é garantir a segurança dos acessos a Trípoli, das instituições de Estado e das instalações estratégicas, como a companhia de eletricidade ou os bancos", explicou à AFP o comandante Hussein Al Faidi, diretor do centro de imprensa do Estado-Maior.
Os milicianos que desde domingo cercam o Ministério das Relações Exteriores da Líbia cercaram na terça-feira o Ministério da Justiça para pedir a exclusão política dos ex-colaboradores do regime de Muamar Kadhafi, em um protesto armado que pode paralisar o governo.
Os manifestantes exibiam cartazes em que pediam a "limpeza" das instituições do Estado das antigas autoridades do regime kadhafista.
As manifestações acontecem após alguns meses de calma e ilustram novamente a incapacidade das novas autoridades para restabelecer a ordem no país após a queda do regime de Kadhafi, em outubro de 2011.

Os milicianos que acampam desde domingo em frente ao Ministério das Relações Exteriores já haviam ameaçado ampliar sua ação a outras instituições do Estado caso suas reivindicações não fossem acatadas.
Eles exigem que o Congresso Geral Nacional (CGN) vote um controverso projeto de lei sobre a exclusão política dos ex-colaboradores do regime de Kadhafi.
Este projeto de lei, discutido em várias oportunidades no CGN, principal autoridade política da Líbia, incomoda os setores políticos do país, já que pode afetar diretamente alguns dos mais altos cargos da política líbia.
Frente a essas pressões, o CGN anunciou a suspensão de suas sessões plenárias até o próximo domingo, para permitir que os blocos políticos da Assembleia examinem o projeto de lei e cheguem a um acordo.
Na segunda-feira (29), o Ministério das Finanças foi ocupado por milicianos, enquanto os oficiais da polícia -- que exigem aumentos salariais -- tomaram o edifício do Ministério do Interior.
Também na segunda-feira foram registrados enfrentamentos entre duas tribos no oeste do país, depois que dois homens se desentenderam. Na terça-feira esses combates, travados entre as cidades de Tiji e Nalut, a 200 km de Trípoli, continuaram.
 
Fonte: G1