O Grumec (Grupamento de Mergulhadores de Combate), tropa de elite da Marinha, se prepara para fazer operações especiais durante os Grandes Eventos e a missão de Paz da ONU no Líbano. O iG acompanhou nesta quinta-feira um exercício de simulação de abordagem não-cooperativa de navio na Baía de Guanabara, em que uma equipe tomou um navio.

A tropa especializada em infiltrações, sabotagens e operações especiais no mar será empregada em caso de necessidade durante a Copa das Confederações, no Rio e em Salvador, em junho, e a Jornada Mundial da Juventude, no Rio, em julho.
Em duas semanas, uma equipe de nove homens do Grumec embarca para o Líbano, onde substitui outra na Unifil (Missão das Nações Unidas para o Líbano), onde atua em apoio à fragata brasileira, fazendo abordagens não-cooperativas – aquelas em que há suspeita de alguma irregularidade a bordo (armas ou drogas, por exemplo) – para permitir a inspeção.
Na Copa das Confederações e na JMJ, a unidade ficará em um comando conjunto de unidades de Operações Especiais, ao lado de equipes da Brigada de Forças Especiais, do Exército, e do Para-Sar, da Aeronáutica, além do Bope, da Polícia Militar, no caso do Rio de Janeiro. Essas unidades têm feito exercícios conjuntos como preparação para os eventos e uma das atribuições é o contraterrorismo. De acordo com a missão, uma delas pode ser empregada – ações no mar são prioridade do Grumec –, ou pode acontecer emprego simultâneo, coordenado.

No caso de uma tomada de plataforma de petróleo por terroristas, por exemplo, ou de um navio, por piratas, cabe ao Grumec agir. O exercício desta quinta-feira, no Rio – sede da unidade –, simulava a tomada de um navio, sem oposição, mas a unidade poderia ter resistência. A equipe operativa, de sete homens, desceu de “fast-rope” de um helicóptero Super Puma da Marinha, no convés do navio, e progrediu em ação tática até assumir o controle da embarcação, na cabine de comando.


Além do comandante da unidade de intervenção tática, capitão-tenente Spranger, há um subcomandante, o ponta (militar que vai à frente), o granadeiro/arrombador (que lança a granada, leva explosivos e uma serra portátil para abrir portas, o arma automática (que carrega, além do fuzil M-4 uma arma de apoio de fogo), um sniper/caçador (atirador de precisão) e o segurança de ré (que fica na retaguarda). Toda ação durou quatro minutos.
Recentemente, em boa parte por conta dos Grandes Eventos, o Grumec tem recebido material de ponta, caso do minisubmarino, que o iG mostrou em abril , e de equipamentos que detectam explosivos, que chegaram esta semana. Seguindo um movimento internacional, em uma era de terrorismo, guerras assimétricas e não de exércitos regulares (exemplos do Iraque e Afeganistão), cada vez mais as forças de operações especiais são requisitadas e vistas como essenciais.

A Marinha tem percebido isso e visto que o custo de uma unidade de operações é baixo em comparação à tropa convencional. O próprio comandante da Força esteve recentemente no Grumec e tem apoiado a unidade no reequipamento e no aumento de efetivo.
Outra mudança é administrativa e na dinâmica do rigoroso Curso de Mergulhadores de Combate. Diferentemente do Comanf (Curso de Comandos Anfíbios), curso de operações especiais do Corpo de Fuzileiros Navais – onde os militares já são soldados infantes –, no Grumec, da Armada, o militar chega apenas com a formação básica de soldado.


Trata-se, portanto, de transformar um marinheiro, de navio, em soldado de operações especiais. Após passar pelo teste físico, muitos candidatos voltavam para a rotina administrativa e saíam de forma, o que levava a um grande número de desistência no início do curso. Recentemente, os aprovados na parte física passaram a ficar no Cefan (Centro de Educação Física Adalberto Nunes) se preparando para as atividades. A medida aumentou em até três vezes o número de militares formados por curso, explicou o imediato, capitão de corveta Tácito Gama.

Fonte: IG