Pelotão formado por artistas de diversas áreas compõe o capítulo mais surreal da II Guerra Mundial. A única arma do Ghost Army era uma formidável capacidade de iludir.

Quase 70 anos depois do fim da II Guerra Mundial, uma história de cinema começa a ganhar a repercussão que merece.

Tanque inflável produzido pelo Ghost Army: na dúvida, os inimigos preferiam recuar//Crédito: National Archives
 
Em uma tática de guerra tão maluca quanto fascinante, os militares americanos criaram uma unidade chamada Ghost Army, ou Exército Fantasma.

O batalhão, formado por ilustradores, técnicos de som, radialistas, atuou em mais de 20 operações de guerra e salvaram uma enormidade absurda de vidas – algo entre 15.000 e 30.000 soldados americanos – e nunca foram descobertos. Nem por seus compatriotas.


A artimanha mais conhecida da turma eram os tanques infláveis, feitos à mão, simulando um M4 Sherman, tipo de veículo de guerra que não pesa menos que 40 toneladas.


Já o peso da aparelhagem de som que acompanhavam os tanques, esse era bem real: quase 230 quilos de alto-falantes com falsas transmissões de rádios e barulhos de tiros, explosões e outros sons que se espera ouvir em um campo de batalha. Os mais de 1.100 soldados-artistas eram bons nos que faziam, eles foram pinçados de escolas de arte de Nova York e Philadelphia.


A história foi revelada pela primeira vez em 1985, quando Arthur Shilstone deu um depoimento à revista americana Smithsonian contando tudo sobre o Ghost Army.


Agora, a história é tema de um documentário (veja o trailer abaixo) feito pela emissora americana PBS – Public Broadcasting Service. O canal, conhecido por focar em temas mais educativos e menos espalhafatosos, exibiu o filme dia 21 de abril, mas a obra também será exibida nos cinemas.


Aparelhagem de som programada pra reproduzir explosões, tiros, gritos: tudo na base da mentira //Crédito: National Archives

São vários os aspectos que fazem essa história parecer mentira. O barulho das caixas de som, por exemplo, podia ser ouvido a 25 quilômetros de distância – se uma tropa inimiga estivesse avançando nessa direção, certamente pensaria duas vezes antes de continuar em frente.

Naquele que é considerado o maior feito do Ghost Army, eles fizeram uma encenação para que seus pouco mais de mil homens se multiplicassem por 30: um pelotão americano precisava atravessar o Rio Reno e coube aos artistas criar uma montagem que simulasse 30 mil soldados, com a intenção de espantar os nazistas.


Tanques de mentirinha ficaram ao lado de tanques de verdade, aviões falsos foram colocados ao fundo – tudo para dar a sensação de que algo terrível aconteceria caso os alemães resolvessem atacar. Deu certo. 


Em diversos momentos, entre uma batalha e outra, os artistas sentavam em algum pedaço de escombro e desenhavam um pouco daquela “enorme aventura”, como um dos membros do Ghost Army relata no filme. O pelotão foi desativado em setembro de 1945, tendo durado pouco mais de um ano e meio.



 
 
Fonte: Galileu  - por João Mello - Via Arquivos do Insólito