Há 70 anos um submarino alemão foi abatido por um avião americano no Litoral de Santa Catarina. O caso aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, porém, a localização da embarcação só foi descoberta em 2011 por um grupo liderado pelos Schürmann, família de velejadores catarinenses.
A data do naufrágio foi registrada no dia 19 de julho de 1943 e o submarino foi encontrado no dia 14 de julho de 2011, quase 68 anos depois. A localização exata não é revelada por Vilfredo Schürmann, mas, segundo ele, está a 85 km da Ilha de Santa Catarina, a 130m de profundidade. "Fico muito orgulhoso de ter liderado a equipe de 35 pessoas, e ter encontrado o submarino", diz o velejador.
Durante a Batalha do Atlântico foram afundados 10 submarinos alemães em águas brasileiras. O submarino U- 513 foi o primeiro a ser encontrado no mundo, em 2011. O objetivo da Alemanha Nazista era impedir relações comerciais dos aliados, o que, teoricamente, forçaria a rendição dos mesmos.
A curiosidade para a busca da embarcação iniciou durante uma regata da qual Schürmann participava. Um dos tripulantes do barco comentou sobre a existência de alguns submarinos afundados durante a guerra no Oceano Atlântico, durante a chamada 'Batalha do Atlântico', que nunca haviam sido achados e entregou a Schurmann um livro sobre o assunto. Os livros "A Última Viagem do Lobo Cinzento” e “O Tesouro Hebreu”, do jornalista Telmo Fortes, foram a base para iniciar as buscas. "Quando ele me entregou o livro eu disse que era velejador, que não entendia muito de pesquisa, mas fiquei fascinado e resolvi ir atrás", explica Schürmann.
Por meio de pesquisa história, no Arquivo Nacional de Washington, foi possível precisar as datas e os planos de voo dos aviões americanos, o que foi um dos pontos de partida para as buscas. A expedição, feita com o apoio de um barco à vela, o Aysso, é inédita, já que é necessária uma grande estrutura para a localização geográfica, incluindo sonares e equipamentos de alta precisão, que são bastante caros.

O Aysso, barco da família foi adaptado e rebocou um equipamento de detecção sofisticado, utilizado no mundo inteiro na localização de naufrágios e em obras de engenharia costeira. "Fizemos um levantamento de dados massivo, checamos e rechecamos informações, definimos uma área de busca, juntamos uma equipe de arqueólogos, oceanógrafos, biólogos marinhos e engenheiros, todos voluntários, e fizemos 18 saídas no barco da nossa família," diz Vilfredo.
A busca durou dois anos, explica Schürmann. "Tivemos que ser muito cuidadosos para finalmente poder dizer: 'sim, é ele', pois não é todo dia, nem todo mês, nem todo ano, que se encontra um submarino alemão da Segunda Guerra Mundial escondido por quase 70 anos. E 99,9% de probabilidade não eram suficientes para nós. Queríamos ter 100% de certeza".
Diversas imagens detalhadas foram feitas a fim de obter o máximo de detalhes que confirmassem ser o submarino alemão. "Vimos claramente suas hélices, seus lemes, fizemos medições dessas peças e comparamos com desenhos técnicos da planta de construção que conseguimos na Alemanha. Todas as medições conferiam. Imagina a nossa felicidade e o tamanho da comemoração. Foi uma emoção indescritível", conta.
"O U-513 parecia um fantasma, adormecido no fundo do mar e assentado em uma fina camada de areia branca. Foi incrível ver as imagens produzidas pelo ROV (robô)  que se movia lentamente registrando imagens e chegando cada vez mais perto. Nas imagens deu para ver o canhão de 37 mm, por exemplo", comenta.
A história deste submarino, segundo Vilfredo, é bastante curiosa. O lobo solitário, como a embarcação ficou conhecida, era comandada por Friedrich Fritz Guggenberger, um dos sete sobreviventes. O militar, na época em que o submarino foi afundado, era considerado um herói de guerra por ter destruído, em 1941, o porta-aviões inglês Ark Royal.
A história da localização do submarino alemão vai virar um filme. A familia Schurmann produz o documentário com previsão de lançamento em 2014, para contar sobre as buscas e também as curiosidades da embarcação. "O Instituto Kat Schurmann passou os últimos 11 anos pesquisando, entrevistando especialistas e pessoas que estão envolvidas com a história desse submarino no Brasil, na Alemanha e nos Estados Unidos. Acredito que público brasileiro, que gosta de história e de aventuras, vai gostar muito do que estamos preparando", explica Vilfredo.

Fonte: G1