Os líderes do grupo de países emergentes BRICs, que se reuniram nesta quinta-feira (5) na Rússia, expressaram preocupação com a suposta espionagem feita pelo governo dos Estados Unidos e a compararam com terrorismo, disse um porta-voz do Kremlin.
O porta-voz Dmitry Peskov disse que a preocupação foi levantada durante reunião dos presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, após a publicação de reportagens com base em documentos vazados pelo ex-prestador de serviço de uma agência de espionagem dos Estados Unidos Edward Snowden.
Uma das reportagens, exibida no domingo pelo programa "Fantástico", da TV Globo, mostrou que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) espionou e-mails, telefonemas e mensagens de texto da presidente Dilma Rousseff.
Dilma cancelou a viagem de uma equipe responsável por preparar uma visita de Estado aos EUA agendada para outubro e pode cancelar a própria viagem se não receber um pedido de desculpas do presidente norte-americano, Barack Obama, segundo informou na quarta-feira uma fonte do governo brasileiro à Reuters.
Os membros do BRICs, que se reuniram antes de uma reunião de cúpula do G20, "expressaram uma atitude fortemente negativa sobre ... evidências de espionagem contra uma série de países, incluindo membros dos BRICs, e este descontentamento não foi escondido", disse o porta-voz.
Ele não mencionou especificamente os Estados Unidos, mas afirmou que "tais incidentes de espionagem eletrônica e de intervenção nos assuntos internos foram essencialmente caracterizados como ... comparáveis a exibições de terrorismo".
Peskov não disse quais líderes levantaram a questão da espionagem e não mencionou nenhuma proposta de resposta dos BRICs.
A Rússia frustrou os Estados Unidos ao conceder asilo, no mês passado, a Snowden, que revelou os programas secretos de vigilância do governo dos Estados Unidos e fugiu do país.
O presidente russo, Vladimir Putin, que tem usado o caso de Snowden para tentar mostrar a Rússia como protetora dos direitos humanos e rebater as críticas ocidentais ao país nessa área, disse em entrevista publicada na quarta-feira que Snowden pode se sentir na Rússia, pois não será entregue aos EUA.
Do G1