http://4.bp.blogspot.com/-1n9wv6ODWwE/T558WKGr2AI/AAAAAAAABCc/8c0R_SXDlOY/s1600/Drone%2Bstrike%2Bin%2BNWA.jpgAtacar ou não atacar — o debate está lançado. A administração Obama está ainda a decidir se usa um dos meios preferidos na sua luta antiterrorismo, os aviões não tripulados (drones), contra um homem que acusam de pertencer à rede terrorista Al-Qaeda. A dúvida é: trata-se de um cidadão americano,
Responsáveis não querem dar demasiada informação sobre o caso, temendo que este leve o alegado operacional, que estaria envolvido no planeamento de ataques contra interesses norte-americanos, a esconder-se. Nem sobre o país onde está, embora, segundo o New York Times, se trate do Paquistão (um dos países com mais ataques de drones dos EUA, que levam também a cabo ataques no Afeganistão, Iraque, Somália e Iémen).
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Sabe-se que há um americano no núcleo da Al-Qaeda no Paquistão e Afeganistão, Adam Gadhan, aponta o Washington Post, dizendo que se trata sobretudo de um porta-voz e não de um operacional, pelo que não deverá ser este o alvo. Um ataque teria de ser aprovado pelo Departamento de Justiça, segundo a nova legislação antiterrorismo aprovada em Maio do ano passado. 
Para alguns é uma pedra na engrenagem: “Indivíduos que foram removidos do campo de batalha por operações antiterrorismo por atacarem ou planearem atacar interesses americanos continuam livres por burocracia auto-imposta”, disse o congressista republicano Mike Rogers na comissão de informação do Senado, referindo-se provavelmente a este caso de modo indirecto.

Segundo a agência Associated Press, que revelou a existência desta discussão, esta já começou em meados do ano passado. Não há qualquer ideia sobre as provas que existem sobre as actividades do americano, nem sequer que actividades seriam. Para ser justificado um ataque, o alvo teria de representar uma ameaça contínua e iminente contra americanos.
A CIA levou a cabo já centenas de ataques com drones contra a Al-Qaeda no Paquistão, que, calcula-se, terão feito entre 2525 e 3613 mortos desde 2004 (dados de Setembro de 2013). O programa de assassínios seleccionados com drones é criticado pelo grande número de vítimas civis (segundo a Amnistia Internacional, foram cerca de 900). Informação nova diz que muitos ataques são ordenados com base apenas em informação de localização de telemóveis.

Não seria, no entanto, a primeira vez que um cidadão norte-americano morre num ataque com drones — nem sequer a primeira vez que é intencionalmente alvejado. O ano passado, a Casa Branca reconheceu que quatro americanos foram mortos neste tipo de ataques durante a presidência de Barack Obama. Três foram vítimas colaterais mas um deles, o líder religioso fundamentalista Anwar al-Awlaki, morto em Setembro de 2011 no Iémen, era o alvo. 

Cada vez mais organizações de defesa de direitos humanos têm questionado a morte de cidadãos americanos sem que estes tenham um julgamento nos EUA, para além de criticarem o secretismo em que estão envolvidas as decisões. A notícia de que há um debate sobre voltar a fazê-lo provocou críticas renovadas.

“Estar a ser considerado, neste momento, o assassínio selectivo de um americano mostra o perigo inerente de um programa de assassínios baseado em padrões legais vagos e não fixos, que tem tornado fácil, de modo perturbante, ao Governo operar fora da lei”, declarou Hina Shamsi da ACLU (União Americana de Liberdades Cívicas) ao Washington Post.

O Presidente, Barack Obama, falou directamente sobre esta questão em Maio, quando impôs novas restrições aos ataques com drones. Defendeu a possibilidade de matar americanos fora de solo nacional mas apenas em casos excepcionais.

“Atacar um americano levanta questões constitucionais que não estão presentes noutros ataques”, disse, mas se um cidadão norte-americano “vai para o estrangeiro para levar a cabo a guerra contra a América” e não é possível capturá-lo, “a sua cidadania não deve servir de escudo protector”.