A Força Aérea Egípcia atacou posições do grupo Estado Islâmico na Líbia.
O ataque, desencadeado esta segunda-feira, surge na sequência do anúncio da decapitação de 21 cristãos egípcios no domingo.
Os 21 reféns haviam sido capturados pelo grupo Estado Islâmico na Líbia em janeiro. No domingo, o presidente egípcio prometeu atos de retaliação contra a organização jihadista. O governo egípcio decretou ainda sete dias de luto nacional pela morte dos 21 reféns.

 
- "O Egito reserva-se o direito de responder de forma adequada à decapitação de 21 egípcios na Líbia" - Presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi"

De acordo com o ramo líbio do grupo Estado Islâmico, a decapitação dos reféns seria um ato de retaliação relacionado com incidentes passados entre a Igreja Copta e o Islã.
O ato mereceu ainda condenação internacional por parte dos Estados Unidos e da França. Para as famílias das vítimas, não restam quaisquer dúvidas sobre o que motivou este ato. Por um lado, o facto de serem cristãos, e por outro, de apoiarem o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi.

Do EuroNews

Aviões de combate do Egito bombardearam nesta segunda-feira posições do grupo Islâmico (EI) na Líbia, horas depois que os jihadistas reivindicaram a decapitação de 21 cristão coptas egípcios em um vídeo.

"Nossas forças armadas bombardearam nesta segunda-feira acampamentos, locais de reunião e de treinamento e depósitos de armas da Daech (acrônimo em árabe do EI) na Líbia", afirma um comunicado do exército.

Os presidentes egípcio, Adbel Fatah al Sissi, e francês, François Hollande, pediram uma reunião ao Conselho de Segurança da ONU e novas medidas para enfrentar o perigo que representa o EI, indicou a presidência francesa.

O Egito também anunciou que seu chanceler, Sameh Shoukry, participará de 18 a 20 de fevereiro na cúpula antiterrorismo de Washington. O Cairo decretou sete dias de luto nacional, e os egípcios esperam com impaciência um anúncio oficial por parte do Conselho de Defesa Nacional, que realizou uma reunião de emergência.

O presidente Sissi prometeu castigar os "assassinos de uma maneira adequada" depois da difusão do vídeo. Na gravação, se vê vários homens vestidos com trajes cor de laranja. Eles estão ajoelhados nas areias de uma praia em Trípoli, com as mãos amarradas nas costas. Em pé, atrás de cada um dos reféns, está um jihadista vestido de negro e com uma faca da mão, com a qual executam as vítimas.

Um dos carrascos encapuzados fala em inglês para a câmera, empunhando um facão, e declara: "Estamos hoje na terra muçulmana da Líbia (...) este mar em que vocês esconderam o corpo do xeque Osama bin Laden, juramos ante Alá que iremos misturá-lo a seu sangue".

Na última edição da revista eletrônica do EI, Dabiq, o grupo anunciou a captura de 21 reféns egípcios, com fotos em que os mesmos são vistos com um fundo semelhante ao do vídeo divulgado.

A gravação, intitulada "Uma mensagem assinada com sangue para a nação da cruz", assinala que é dirigida aos "seguidores da hostil Igreja egípcia". O grupo jihadista disse atuar em represália por antigos incidentes no Egito, durante os quais se acusou a Igreja copta de impedir a conversão ao Islã das esposas de dois sacerdotes coptas.

Os atos dos jihadistas causaram mais uma vez um repúdio da comunidade internacional. Washington condenou "o assassinato abjeto e covarde de 21 cidadãos egípcios", considerando que a "barbárie do EI não tem limite".

A Al-Azhar, uma das mais renomadas instituições teológicas do islã sunita, classificou neste domingo de barbárie a decapitação. A instituição, com sede no Cairo e respeitada no mundo muçulmano, convocou recentemente a "matar e crucificar os terroristas do EI". "A Al-Azhar insiste em que atos bárbaros como este não têm nada a ver com nenhuma religião, seja ela qual for", criticou a instituição neste domingo.

A Igreja ortodoxa egípcia copta disse confiar em que os responsáveis pela barbárie na Líbia serão punidos. O último vídeo de execução divulgado pelo EI havia sido o de um piloto jordaniano queimado vivo em uma jaula.

A Líbia está mergulhada no caos desde a queda de Muamar Khadafi, em 2011, uma vez que as autoridades não conseguem controlar as dezenas de milícias formadas por ex-rebeldes que aplicam sua própria lei, frente a uma polícia e a um Exército enfraquecidos.

O país é dirigido por dois parlamentos e dois governos rivais. Um deles é ligado a uma coalizão de milícias fundamentalmente islamitas, e o outro é reconhecido pela comunidade internacional. O caos do país beneficia a ação dos jihadistas.